Mercado imobiliário em Maringá sente impacto da alta da Selic, mas setor ainda vê boas oportunidades para compra

Alta dos juros para 14,25% pressiona crédito imobiliário, mas mercado aposta na valorização dos imóveis e indica oportunidades para compradores em Maringá.

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    A decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros, Selic, para 14,25% ao ano, trouxe novamente o debate sobre os impactos dessa política no mercado imobiliário. Embora o aumento já fosse esperado pelo mercado financeiro, o efeito prático sobre o crédito habitacional tende a ser mais significativo nos próximos meses, segundo especialistas.

    A alta de um ponto percentual, anunciada pelo Banco Central (BC) no último dia 19, levou a Selic ao patamar mais elevado desde outubro de 2016. Com inflação pressionada e incertezas geradas pelas políticas econômicas internas e externas, especialmente relacionadas às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, o BC sinalizou que ainda pode realizar mais um aumento menor em maio.

    Em Maringá, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/PR-Noroeste), Rogério Yabiku, afirmou que embora o aumento dos juros encareça o crédito imobiliário, os impactos sobre financiamentos habitacionais não são imediatos. Isso porque a poupança, que é a principal fonte de recursos para financiamentos habitacionais, ainda possui rendimento próximo de 6% ao ano.

    “O momento continua sendo oportuno para investir em imóveis. O desejo pela casa própria segue em alta, conforme pesquisas da Abrainc. Inclusive, quando os juros começarem a cair novamente, haverá pressão para o aumento dos valores dos imóveis devido à inflação sobre os custos da construção civil. Quem adquirir agora poderá se beneficiar da valorização futura”, ressalta Yabiku.

    Análise semelhante é feita pelo economista Antônio Sanches, da Rico Investimentos, citado pela colunista de economia Miriam Leitão, no jornal O Globo. Ele aponta que um aumento de um ponto percentual na Selic representa, em média, um acréscimo de 0,43 ponto percentual nas taxas dos financiamentos imobiliários ao longo de seis meses. Ainda segundo Sanches, esse aumento representa um custo adicional significativo no longo prazo, mas o setor ainda mantém um bom nível de atividade.

    O diretor da Administradora Nacional, Victor Tulli, reforça que o mercado imobiliário segue aquecido graças a estímulos recentes, como liberação do FGTS, embora alerte para um futuro impacto dos juros mais elevados. “No curto prazo, teremos um mercado ativo, mas no médio prazo os financiamentos ficarão mais caros e podem dificultar o acesso à moradia própria”, explica.

    Por outro lado, Sylvio Pinheiro, da G+P Soluções, é mais crítico e vê o cenário atual como “asfixiante” para a construção civil devido à dependência do setor por crédito acessível. Segundo ele, a falta de previsibilidade decorrente das taxas elevadas pode reduzir novos investimentos e frear o setor.

    Apesar das opiniões divergentes, o consenso entre os especialistas é que imóveis continuam sendo um investimento atrativo e seguro, especialmente diante das incertezas econômicas e da volatilidade no mercado financeiro.

    Para o Sinduscon de Maringá, mesmo com os desafios impostos pelos juros altos, o mercado ainda apresenta oportunidades para compradores atentos. “Além da segurança e da valorização natural dos imóveis, há opções como a portabilidade do financiamento, permitindo ao comprador aproveitar melhores condições futuras”, conclui Rogério Yabiku.

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