OPINIÃO – Nadou, nadou e morreu… na Prainha de Maringá: Parque das Águas continua apenas no papel

Município ainda trabalha no processo de desapropriação do terreno da Prainha de Maringá, obra praticamente impossível de ser entregue pela Gestão Ulisses Maia.

  • Município ainda trabalha no processo de desapropriação do terreno da Prainha de Maringá, obra praticamente impossível de ser entregue pela Gestão Ulisses Maia

    Por Wilame Prado*

    EM MARINGÁ, AINDA FALTA PRAIA
    Faz exatamente 1 ano e 5 dias que a Prefeitura de Maringá apresentou oficialmente para a imprensa local o projeto do Parque das Águas, a famosa Prainha de Maringá. Pelo cronograma oficial, as obras já deveriam ter começado no fim de 2023. Quem sonha em ir pra praia sem sair de Maringá, porém, terá que esperar um pouco mais.

    PROJETO DA PRAINHA PAROU
    De acordo com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Maringá, o projeto da instalação do Parque das Águas em Maringá ainda depende da desapropriação de um terreno, que é apenas o primeiro passo para se pensar numa Prainha em Maringá. “O município trabalha para concluir os projetos da obra (arquitetônico e complementares) e o processo de aquisição da área”, informou a equipe de Comunicação do Executivo, no último dia 5 de janeiro de 2024.

    DIFÍCIL ENTREGAR A PRAINHA
    Perguntei ao prefeito de Maringá, Ulisses Maia, se o atraso no cronograma das obras do Parque das Águas de Maringá impediria-o de lançar a Prainha até o final do mandato dele, que se finda em dezembro deste ano. Não obtive retorno, mas a manchete do Maringá Post era justamente essa quando do anúncio das obras: “Prainha de Maringá deverá ser última obra entregue na Gestão Ulisses Maia”. Promessa cada vez mais difícil de ser cumprida.

    ULISSES TEM EVITADO PRAIAS
    E, ao contrário de janeiro de 2022, quando o líder do Executivo postou uma foto dele flutuando, com uma boia laranja, nas águas de Porto Rico (a mais famosa prainha do Noroeste do Estado), neste 2024 ele evitou o assunto “praia” ou “prainha” em suas redes sociais.

    NA FILOSOFIA DO MURICY
    Ironia do destino, uma das postagens de Ulisses Maia em suas redes sociais neste começo de ano nada tem a ver com férias, prainhas ou piscinas, pelo contrário: é uma arte afirmando que os planos para 2024 é “trabalho, trabalho, trabalho”. Isso me lembrou a frase célebre do técnico e diretor de futebol Muricy Ramalho: “Aqui é trabalho, meu filho.” Na legenda da postagem, o prefeito de Maringá cita investimentos já feitos em infraestrutura, esporte e saúde no município. Nada de Prainha.

    TCE NÃO VESTE SUNGA
    Em agosto de 2023, o Pleno do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) determinou que a Prefeitura de Maringá interrompa imediatamente o processo de desapropriação de imóvel privado para implantação da área pública de lazer denominada Parque das Águas, a famosa Prainha.

    SUPERAVALIAÇÃO DO TERRENO
    De acordo com a medida cautelar, enquanto o imóvel foi avaliado em R$ 1.730.000,00 para fins de fixação do Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), seu valor foi estimado em R$ 6.300.000,00 no processo de desapropriação, o que representa um aumento de 264%. A suspeita do relator do processo é de que pode ter ocorrido superavaliação do valor do terreno, reforçada pelo fato de que seu atual dono adquiriu 80% da propriedade em 2021 por apenas R$ 733.333,31.

    PREÇO DE MERCADO NO TERRENO
    Operadores do Direito consideram, porém, que a Administração Municipal reverterá a medida cautelar, pois efetivamente o valor real de mercado daquele terreno é sim de R$ 6,3 milhões. Agora, o que o atual dono das terras fez no passado envolvendo compra e venda do terreno, em nada compete à Prefeitura de Maringá.

    NARRATIVA PRAIANA
    Faz dois anos que a Gestão Ulises Maia fala da Prainha, a partir da postagem pessoal do prefeito e logo em seguida com uma postagem na página oficial da Prefeitura de Maringá confirmando as obras, datada de 21 de março de 2022. De lá para cá, nota-se rejeição por boa parte da população, que já tem a piada pronta da Prainha de Maringá nos dias de chuva, quando vários pontos da cidade ficam alagados, principalmente na Avenida Morangueira.

    NARRATIVA PRAIANA 2
    Um bom argumento da Prefeitura de Maringá, que tem evitado o termo já desgastado “Prainha” nos corredores do Paço Municipal e optado pelo nome oficial – Parque das Águas -, é a democratização do lazer, garantido pela Constituição Federal, em seus artigos 6º e 215, que reconhece “a todos os brasileiros o direito à cultura e ao lazer”.

    SEM PRAINHA, NOS RESTA O CHAFARIZ
    Em texto recente, o site O Diário de Maringá lembrou que a cidade está esvaziada nos últimos dias porque os abastados e detentores do gozo das férias estão entupindo o litoral brasileiro – especialmente do PR e SC – ou então curtindo a good vibe das prainhas que beiram o Rio Paraná. Aos mortais que não detêm de recursos suficientes para torrar as nádegas nas areias litorâneas, resta, por fim, a refrescância dos chafarizes instalados recentemente na Praça das Pernambucanas. Sucesso de público!

    ÚLTIMA
    Nos bastidores, comenta-se que viabilizar o Parque das Águas seria uma questão de honra para a Gestão Ulisses Maia, que corre contra o tempo para conquistar um terreno desapropriado antes do período eleitoral neste ano. A Prainha de Maringá (nem que for no início das obras) pode ser um belo cenário publicitário para o pré-candidato e vice-prefeito Edson Scabora. Caso eleito, quem sabe não seja a obra de estreia dele como líder do Executivo maringaense? A conferir.

    *Wilame Prado atua como repórter e colunista do Maringá Post e editor na RIC Record TV Maringá. No site wilameprado.com, escreve crônicas, contos, reportagens e artigos de opinião.

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