Atualmente, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) conta com 16 cartas-patentes concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). No total, são 99 pedidos em análise. Além disso, a instituição também obteve o registro de 30 programas de computador e sete marcas.
Uma das cartas-patentes mais recentes é a do “Sensor Eletrônico para Determinação do Teor de Álcool em Hidrocarbonetos”, concedida pelo Inpi em julho de 2018. A pesquisa começou em Bolonha (Itália), em 2004, durante o estágio de Doutorado Sanduíche de Andrelson Rinaldi no Consiglio Nazionale delle Ricerche – maior conselho de pesquisa da Itália. E terminou no Brasil, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), durante seu doutorado em Química.
Sob orientação do professor da UEM Emerson Marcelo Girotto, e supervisão do italiano Alberto Zanelli, Andrelson Rinaldi levou cerca de um ano e meio para desenvolver, testar, certificar e comprovar a eficiência e confiabilidade do dispositivo. Em setembro de 2008, a UEM solicitou a carta-patente da invenção, que foi concedida apenas dez anos mais tarde.
“Na época que o dispositivo foi desenvolvido, a ideia era que fosse utilizado para veículos bicombustíveis, ou seja, para detectar fraudes, variações de álcool em misturas com gasolina. Mas, também pode ser empregado na determinação de quantidade de álcool em bebidas, por exemplo, cachaça, cerveja, vinhos, whisky etc.”, conta o pesquisador.
Desde março de 2015, o Governo Federal estipula como 27% a adição obrigatória de etanol anidro à gasolina comum, percentual fiscalizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O sensor eletrônico desenvolvido na UEM é composto por materiais que variariam seu comportamento elétrico de acordo com o meio no qual estão inseridos. Assim, é possível identificar fraudes e garantir que o consumidor tenha uma gasolina de qualidade. O dispositivo cabe na palma da mão e é capaz de determinar valores entre 0,5 e 99,5 % de álcool em misturas de solventes.
Atualmente, Andrelson Rinaldi é professor do Departamento de Química (DQI) da UEM e bolsista por produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Seu grupo de pesquisa desenvolve um estudo na área de materiais híbridos e porosos, e mantêm parcerias com renomados pesquisadores brasileiros, além de pesquisadores da Escócia (Reino Unido), Estados Unidos e Itália. “O foco do grupo é trabalhar no desenvolvimento de pesquisas desde a básica às aplicadas, sempre vislumbrando um retorno à sociedade”, explica Rinaldi.
Outra invenção que foi patenteada pela UEM em 2018 foi o “Carvão Ativado Microporoso Obtido da Vagem de Flamboyant”. A pesquisa iniciou em 2009, e foi desenvolvida pelo professor Vitor de Cinque Almeida, enquanto docente do Programa de Pós-Graduação em Química (PQU) da UEM. Também participaram do estudo Alexandro Manolo de Matos Vargas (à época, aluno de mestrado; hoje, professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Ervim Lenzi (hoje, professor aposentado) e Willian Ferreira da Costa (professor).
Foram três anos de pesquisa para alcançar o resultado: um carvão ativado feito a base de vagens de flamboyant – vegetal que, até então, não tinha uso algum. “O invento consiste de um material de carbono de elevada área superficial, que foi preparado a partir de uma biomassa (vagens do flamboyant), a qual, não possuía, até então, uma disposição final. O material obtido permite que várias substâncias possam ser adsorvidas em grandes quantidades (fixadas) sobre sua superfície de maneira eficiente”, explica o pesquisador Vitor de Cinque Almeida.
De acordo com o pesquisador, o objetivo era preparar um material a partir de uma fonte renovável, que poderia ser aplicado na remoção de várias substâncias consideradas poluentes ao meio ambiente. Ou seja, além de ser útil ao setor industrial, o composto traz benefícios diretos à população.
“O invento pode ser utilizado em sistemas que visam a remoção de poluentes, sejam em meio aquoso ou atmosférico, a partir de processo de adsorção. Adicionalmente, o invento possibilita agregar valor a uma biomassa que não possui nenhuma finalidade”, conta. Foram cinco anos de espera pela carta-patente. O pedido foi feito em setembro de 2013 e concedido em novembro do ano passado.
O professor Flávio Clareth Colman, que hoje é mestre em Simulação e Controle de Processos pela UEM, participou da criação de três produtos que foram patenteados pela UEM – duas patentes foram obtidas em 2018 e uma em abril deste ano. As três invenções surgiram com um mesmo propósito: resolver problemas encontrados em indústrias da região para melhoria de processos e procedimentos.
As patentes obtidas foram um “Equipamento Modular para Congelamento Rápido de Carne de Frango”, uma “Perfuratriz Horizontal de Solo” e uma “Mesa Ortostática com Dobradura”. Todas as ideias foram desenvolvidas com alunos do curso de Engenharia Mecânica da instituição, em seus projetos de iniciação científica e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). A pesquisa e desenvolvimento dos três inventos levou cerca de três anos.
O congelamento rápido de uma camada superficial (pele) das coxas-sobrecoxas desossadas de frango permite o corte kakuguiri. Pensado para atender às novas demandas produtivas, o equipamento modular agrega valor ao produto final, pois atenua os efeitos dos cortes que poderiam danificar a pele da carne do frango.
“O processo é dinâmico, pois a etapa de congelamento é efetuada por jatos colidentes sobre a carne de frango, ao mesmo tempo em que o transporte está sendo realizado da região de entrada até a saída para que se realize o corte manual”, explica Flávio Clareth Colman.
O equipamento foi desenvolvido como TCC e também contou com a participação dos inventores: Flávio Colman, Paulo Vinícius Trevizoli, Mário César Ota Kawabata, Ricardo Toshiyuki Kato, Reginaldo de Araújo Silva, Ricardo Rogério de Santana e Júlio César Dainezi de Oliveira. A UEM solicitou a carta-patente da invenção em 2007, mas ela só foi concedida em 2018.
Já a ponteira para perfuratriz de solo horizontal, direcionada à perfuração de solo silte argiloso, permite que o trabalho seja feito por perfuratrizes de dimensões reduzidas. Com isso, é possível diminuir o impacto na destruição de calçadas e ruas, além de possibilitar maior agilidade na recuperação final da pavimentação superior – uma vez que a diminuição no tempo de recuperação torna o processo menos oneroso e mais limpo.
“A ponteira para perfuratriz de solo horizontal permite o escoamento ou compactação da sobra de terra retirada pelas laterais e a perfuração direta de 14 metros com declividade padronizada”, esclarece o pesquisador.
O equipamento foi desenvolvido como projeto de Iniciação Científica, e contou com a participação de Luiza Helena Costa Dutra Souza, Thiago Augusto Rodrigues e Danilo Toledo da Silva, Flávio Colman. O pedido da carta-patente foi feito em 2012 e concedido em abril deste ano.
A mesa ortostática com dobradura foi projetada com o objetivo de agregar funções ao equipamento hospitalar utilizado na recuperação, por meio de fisioterapia. Com o invento, é possível efetuar tratamento do paciente na posição ortostática (em pé). Além disso, também é permitido tratamento na posição sentada (devido a adaptação de articulações na estrutura), na altura dos joelhos e das costas (para assim possibilitar que a prancha se torne uma cadeira de rodas).
A mesa ortostática também foi fruto de um TCC e contou a participação de Flávio Colman, José Maria Milani Pessanha de Paula Soares, Luiza Helena Costa Dutra Sousa, Ligia Venancio Froening e Rodrigo Rasteli. A UEM solicitou a carta-patente do invento em 2011 e obteve no ano passado.
Catálogo de Patentes e Softwares 2019
Durante a 47ª Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Maringá (Expoingá 2019), o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) lançou o Catálogo de Patentes e Softwares 2019.
Trata-se de um importante instrumento de apresentação da ciência e da inovação à comunidade científica e à sociedade civil. O evento de lançamento do catálogo foi no dia 16 de maio e contou com a presença do superintendente da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), Aldo Bona.
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