O Art Nouveou foi o movimento que inaugurou o modernismo
Em nosso último post falamos sobre quando começou a preocupação em organizar os espaços internos de forma funcional pensando em uma estética mais adequada com sua cultura e o seu tempo. Iniciamos falando desde a antiguidade como egípcios, sumérios e indianos até finalizarmos com o renascimento, cujo estilo estético foi influenciado pela antiguidade clássica, especialmente da Grécia antiga. Neste post vamos falar sobre um estilo que particularmente amo e já inaugura o movimento moderno, o Art Nouveau (ou Arte Nova) que predominou especialmente no design de interiores como a forma de maior expressão aliada com a arquitetura.
O Art Nouveou foi um importante movimento que inaugura o modernismo, por sua estética romper com o forte historicismo dos estilos anteriores. Em busca por uma nova linguagem estética, este movimento se inspirou na natureza, em ornamentos mais orgânicos, em formas assimétricas e na ruptura com o passado. O seu nome se originou da loja S. Bing de 1895 em Paris, mas seu nascimento aconteceu um pouco antes, atribuído especialmente à construção da casa icônica do arquiteto e artista Victor Horta, projeto do ano de 1892.
Casa Tassel_ projeto de 1892 do Victor Horta é uma obra de arte, com desenhos em arabescos do piso ao teto, com o emprego do ferro forjado, pastilhas em mosaico e vitrais coloridos. Uma referência do estilo Art Nouveou que traz referências da delicadeza das flores e o uso do artesão e de novos materiais em escala industrial (Foto: artnouveaugrupo).
Revestimentos cerâmicos_ Ainda com a forte referência à estética floral, a arte aparece de forma industrializada em revestimentos cerâmicos, favorecidos pela Revolução Industrial, que tornava um pouco mais acessível este tipo de acabamento, pois agora a fabricação se fazia em maior escala (Foto: studiolabdecor).
Em virtude do Art Nouveou exigir produtos mais industrializados que exigia uma linha de design de produção mais especializada, no Brasil não tivemos muitos exemplos deste estilo, que chegou aqui mais tardiamente com a utilização em alguns elementos em construções do Ecletismo Historicista a exemplo disto está a Confeitaria Colombo no Rio de Janeiro, cujo desenho dos entalhes e ornamentos mais clássicos se misturam à linhas mais florais presentes nos vitrais. Um exemplo paranaense que é mais original ao estilo é a arquitetura do Belvedere em Curitiba.
Confeitaria Colombo_ Inaugurada em 1894 no Rio de Janeiro e ainda em funcionamento até os dias de hoje no centro da cidade, foi idealizada por dois imigrantes portugueses, Manuel José Lebrão e Joaquim Borges de Meireles, que implantaram no Brasil o estilo europeu Art Nouveau. (Foto: Confeitaria Colombo)
Belvedere_ o mirante da Praça João Cândido, no Bairro de São Francisco em Curitiba foi construído em 1915 com referências no estilo Art Nouveau. Abrigou a primeira emissora de rádio do Paraná em 1922, em 1931 tornou-se observatório astronômico e meteorológico e atualmente totalmente restaurado terá um café e será mais um ponto de turismo da cidade (Foto: Washington Cesar Takeuchi).
Casa Batlló _ Tombado como patrimônio mundial da UNESCO, este edifício de seis pavimentos traz o estilo Art Nouveau interpretado de forma única pelo famoso arquiteto e designer Antoni Gaudí em parceria com Josep Maria Jujol e Joan Rubió i Bellversituado. (Foto: Pinterest).
Na Europa o arquiteto e designer catalão Antoni Gaudí leva o estilo à uma nova interpretação, mais pessoal, com o uso de mosaicos como revestimento e vitrais inusitados, seu design evitava as linhas retas e torna sua arquitetura, seja ela interna ou externa quase como uma escultura passeando ainda pelo estilo gótico, como é interpretada a sua mais famosa obra (inacabada) a igreja católica em Barcelona, a Sagrada Família.
Design de produtos_ A importância deste estilo foi tão grande para época, aliado à facilidade da produção em série, que passou a ditar os traços para produtos além da decoração dos prédios e mobiliário urbano, joias e estampas de roupas também seguiram esse design (Foto: Pinterest).
Passear pela história da arquitetura e do design é também passear pela história da arte, é se deslumbrar com o passado e se inspirar para projetos futuros com maior leveza, trazendo para os dias de hoje uma linguagem própria e quem sabe atemporal, que fique marcado em seu tempo. Espero que este post tenha sido inspirador tanto quanto foi para mim uma delícia relembrar e rever elementos tão marcantes da história das artes e do design de interiores.
Fontes:
PEVSNER, Nikolaus, El Modernismo, tradução: Regine Ermert, Barcelona: H.F Ullmann, 2012.
BECKER, Gabriele Fahr, Origens da arquitetura moderna e do design, tradução: Luiz Raul Machado, 2 Edição, São Paulo: Martins Fontes, 1996
http://www.circulandoporcuritiba.com.br/2019/12/belvedere-restaurado.html
http://studiolabdecor.com.br/art-nouveau/
http://www.ufrgs.br/historiadaarquitetura/movimentos-de-renovacao-1/art-nouveau-1880-1914-contexto-1/brasil
Arq. Adriana Lima
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