Por Adriana Lima
Quando se fala em história da arquitetura também se conta a história da arquitetura de interiores, de como organizamos e adornamos os espaços internos dos edifícios construídos. Acredita-se que a elaboração e adequação dos espaços internos já acontecia desde o antigo Egito, como um papel secundário do arquiteto. Os adornos e a preocupação em contar a história de cada cidadão se via retratado nas paredes em painéis com hieróglifos e ilustrações, nos vasos de barros e nos mobiliários feitos de palha e tecidos.
A estética da composição de interiores, assim como na arquitetura era ditada pelos costumes e acontecimentos da época, especialmente no que se refere à religião que na antiguidade egípcia, dos sumérios e até mesmo a indiana que há a mais de 75mil anos já usava em seus mausoléus riqueza de detalhes com representações de seus deuses e sua crença.
SUMÉRIOS _ Tanto a arquitetura quanto o interior de seus templos e palácios retratavam os seus líderes e costumes. Recursos de representação como a escultura, o alto e baixos relevos eram constantes nas paredes da antiguidade (mais de 2000 AC) não apenas na cultura mediterrânea. (Foto: National Geographic)
Antigo Egito
Influenciados pelas construções mortuárias e a sua preocupação ligada aos deuses e à morte, o mobiliário e o interior das edificações egípcias eram feitos para revelar ostentação, poder e para durar após a morte, por isso os túmulos eram ambientes decorados e mobiliados. Assim como as paredes tinham pinturas coloridas (casas das classes média e alta), o mobiliário egípcio possuía cores vivas (especialmente o vermelho e azul). Cheio de detalhes entalhados em baixo relevo com representação de pessoas (proprietários) e patas ou cabeça de animais como o touro, gatos, águias e leões que faziam parte de seu culto egípcio. Muito hábeis, desenvolveram móveis articulados e urnas para facilitar o transporte. Materiais como pedras preciosas, ouro, madeira, marfim, couro, junco e tecidos sempre estavam presentes.
Representação de interiores revestido em ouro com inscrições e mobiliário, a presença de animais e pessoas era sempre uma constante nos objetos e decoração. A cadeira é o trono do faraó Tutancâmon (Fotos: Flickr)
Greco Romana
Já o design de interiores grega e romana da antiguidade eram um resultado natural de sua arquitetura em virtude de sua escala monumental, de formas simples e atentos às proporções. Com o uso de colunas e capitéis bem ornamentados, cores como o vermelho e o ocre traziam representações do cotidiano e de suas mitologias.
Fig. 1_ Representação do espaço interno grego, com esculturas e representações no teto, colunas adornadas, e grande altura do pé-direito (distância do cão ao teto). Fig. 2 Mosaico bem comum da época com cacos de cerâmicas que revelam o cotidiano. (Fotos: Pinterest)
Seu mobiliário também fazia uso da simetria, com assentos mais baixos e dimensões menores, um destaque da mobília grega é a cadeira “klismos”, confortável possui pés curvados para fora desde o assento.
Já no interior da arquitetura romana era comum o efeito de ilusionismos, com a imitação de revestimentos, o uso de mármores coloridos e a perspectiva para retratar os acontecimentos em murais.
Interiores renascentistas
O período renascentista (séc. XV e XVII) foi marcado pelo momento político em que a igreja perde força sobre o estado e surge o humanismo, mais racional e as questões estéticas e artísticas são renovadas com a volta ao clássico e os adornos exuberantes do teto ao chão. Os afrescos nos tetos e obras de arte como a pintura e escultura tornam-se mais comuns neste período, com um forte detalhismo. É neste momento a suavidade de contrastes, ambientes mais iluminados, o emprego de arabescos e as molduras em gesso/madeira que ocupam o teto até o chão. Durante este período, os mecenas foram importantes para o surgimento da arquitetura e do design de interiores. O barroco e o gótico surgem logo depois, com o apuramento de detalhes, uma linguagem mais sombria e cênica, impulsionada pelo retorno aos símbolos religiosos.
Até hoje recebemos influências do estilo renascentista que trouxe posteriormente o neoclassicismo e o ecletismo que trazem para nós uma ambiente mais requintado e luxuoso que hora com um pouco mais de feminilidade vai para o provençal ou em uma proposta mais moderna para o pós-modernismo, mas todos esses provém da influência da arquitetura do classicismo grego cujas regras de repetição e simetria ainda trás voz a forma como projetamos e idealizamos esteticamente os nossos espaços.
Fontes:
PEVSNER, Nikolaus, Origens da arquitetura moderna e do design, tradução: Luiz Raul Machado, 2 Edição, São Paulo: Martins Fontes, 1996.
https://www.belasartes.br/revistabelasartes/downloads/artigos/23/design-de-interiores.pdf
https://blog.essenciamoveis.com.br/decoracao-egipcia-sua-casa-brasileira-no-tipo-exportacao/
https://historia-e-estilo-do-mobiliario6.webnode.com/estilos-de-mobiliario/
Arq. Adriana Lima
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