Por : SIMONE VECCHIATTI
Que as plantas se tornaram as queridinhas do momento todo mundo sabe, mas como tudo começou?
O paisagismo, como profissão, remota a culturas antigas da Babilônia, Pérsia, Egito, Grécia e Roma no tratamento e cuidado dos seus jardins. Quem nunca ouviu falar dos jardins suspensos da Babilônia? Trata-se de uma espécie de pirâmide sem ponta chamada de Zigurat, adornada de plantas ao seu redor em cada degrau, cumprindo a função de embelezamento, além de refrescar o tempo quente, proporcionar alimento e servir de camuflagem.
Na idade média houve a diminuição do interesse do espaço externo, voltando a tomar forças no Renascimento, século XV e XVI, onde os jardins italianos, grandes praças e vilas ornamentadas ganharam destaque. Segue-se pelos jardins Clássico francês, com a construção dos Jardins do palácio de Versalhes com sua simetria, formas geométricas, estátuas, fontes e podas de plantas e arbustos em formatos ornamentais chamadas de topiaria, uma encomenda do Rei Luiz XIV ao jardineiro André Le Notré, em 1662.
No século XVIII surgiu o jardim inglês com formas mais naturalista e orgânicas, dando a impressão de que não foram planejados, destaque ao paisagista e arquiteto britânico Lancelot Brown ou Lancelot Capability Brown, apelido de autoria própria que em português significa capacidade, revelando aos seus clientes que seu trabalho tinha capacidade de se tornarem naturais.
No final da década de 1850 temos os grandes parques urbanos, com ênfase ao projeto do Central Park de Nova York de autoria do arquiteto paisagista norte-americano Frederick Law Olmsted em parceria com o arquiteto paisagista inglês-americano Calvert Vaux.
Já no Brasil desde os anos 30 o estudo do paisagismo acontece nos cursos de formação em arquitetura e urbanismo, agronomia, biologia ou engenharia florestal e, em 1970 foi criada uma graduação específica em paisagismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Nossos maiores representantes no país são o artista plástico Roberto Burle Marx (1909-1994) e a arquiteta Rosa Grena Kliass (1932).
Burle Marx foi um paisagista precursor do modernismo, apresentando a criação de jardins tropicais deslumbrantes não apenas no Brasil, mas no mundo, numa profusão de cores e texturas. Realizou várias expedições com botânicos no país e descobriu várias espécies vegetais, no mínimo 30 delas levam hoje o seu nome, segundo o instituto Burle Marx “Roberto foi um dos primeiros a usar plantas nativas em projetos paisagísticos nos anos 30. Ele reconheceu a diversidade e riqueza da flora brasileira, sua beleza e importância.”
Rosa Grena Kliass, arquiteta paisagista, a dama do paisagismo, primeira mulher a desbravar o paisagismo no Brasil, é um dos nomes mais importantes no paisagismo moderno e contemporâneo suas obras teóricas foram imprescindíveis para estudo e formação dos “profissionais de paisagem”, definição própria. Em suas obras técnicas destacam-se:
- Projeto paisagístico para a Avenida Paulista (1973);
- Parques Mariano Procópio e Halfeld – Juiz de Fora – MG (1979);
- Reurbanização do Vale do Anhangabaú (1981);
- Parque Mangal das Garças, Belém PA (1999);
- Parque da Juventude (2000);
- Parque do Forte, Macapá AP (2000).
Portanto, a trajetória das plantas e as formas dos jardins que conhecemos hoje, é graças ao trabalhos destes e de outros que com muito amor, dedicação e esforço tornaram possível não só o conhecimento, mas a possibilidade de criação de espaços ou cantinhos verdes, dos quais temos prazer em visitar ou cultivar.
Fonte:
https://www.vivoplay.com.br/details/movie/filme-paisagem-um-olhar-sobre-roberto-burle-marx-2975099
http://www.institutoburlemarx.org/quem-somos
https://www.archdaily.com.br/br/880958/rosa-kliass-poeta-da-paisagem
https://www.caubr.gov.br/rosa-kliass-pioneira-da-arquitetura-paisagistica-no-brasil/
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.