Arquitetura e Nossa História – Parte 1

Por Adriana Lima

Como arquiteta, a minha maior paixão são os projetos arquitetônicos, aqueles que tecnicamente desenvolvemos para o construtor levantar as paredes que se tornarão as nossas casas, edifícios, comércios, teatros; cujo conjunto ampliado e organizado dessas obras se tornarão as nossas cidades. E para falar de arquitetura vamos começar do início, que também faz parte da história da humanidade civilizada, da nossa evolução. Vamos falar aqui, de forma bem resumida e despretensiosa, como surgiram os diversos estilos das construções que historicamente ainda são referências para a arquitetura da atualidade.

Complexo de Gizé, Egito_ a monumentalidade da arquitetura egípcia é marcada por suas pirâmides e esfinges (esta escultura com 20m de altura) que se relacionam com sua religião e seus monarcas. Esta foi construída para representar o poder do faraó Quéfren, reinou entre 2558 a.C – 2532 a.C. (foto: Getty Images)

Desde os primórdios, quando o homem deixou de ser nômade e passou a se abrigar em construções mais elaboradas, surgiu a arquitetura propriamente dita, constituída de elementos técnicos da construção e a preocupação com os adornos. Isto aconteceu especialmente, por volta do ano 4.000 a.C. na chamada Revolução Urbana, quando surgiram as cidades. Os antigos

egípcios e sumérios com seus edifícios monumentais foram as primeiras civilizações a fazer da arquitetura a arte de elaborar espaços construídos para expressar a importância da sua fé e de sua cultura.

Arquitetura da antiguidade asiática também merece destaque, com as grandes construções religiosas e mausoléus erguidos na Índia, China, Japão, China, além das civilizações incas e astecas no Peru e México. (Foto: Lian Rodriguez)

O ápice da arquitetura antiga se deu durante a civilização grega e romana com o chamado período Clássico da Arquitetura (VII a.C. até 476 d.C.), é deste período que vamos identificar diversos elementos estéticos que ainda estão presentes em nossa arquitetura contemporânea como as colunas e frontões ornamentados. Esta arquitetura foi embasada na beleza universal, na geometria e matemática da perfeita simetria.

O Partenon, Grécia (V a.C) _ símbolo da arquitetura grega, foi um templo dedicado à deusa grega Atenas, na Acrópole de Atenas, foi construída por iniciativa de Péricles, governante da cidade (foto: Gabriel Georgescu / Shutterstock.com)

A arquitetura medieval (séc. V à XV d.C) se destacou por possuir diversas manifestações artísticas que fizeram surgir estilos próprios como o gótico, românico, bizantino e paleocristã, presentes especialmente em mosteiros, igrejas, conventos e catedrais. Como elementos característicos desse período temos os vitrais, o uso repetitivo da simbologia cristã e a estética

rebuscada, que logo abriu lugar para a arquitetura barroca, com forte apelo religioso, cuja representação no Brasil temos diversas obras de igrejas, especialmente no estado de Minas Gerais.

Catedral de Notre-Dame, de Paris (1.163) _ uma das mais antigas catedrais em estilo gótico é uma referência da arquitetura medieval no mundo.

Basílica de São Pedro, Vaticano (1506-1626) _ De arquitetura renascentista, sua construção recebeu contribuições de alguns dos maiores artistas da história da humanidade, tais como Bramante, Michelângelo, Rafael e Bernini.

A arquitetura como ciência, obedecendo ao domínio de ordem técnica, estética e funcional para projetar edificações surgiu como escola apenas durante a arquitetura renascentista (séc. XIV e XVI) na Itália, como uma subdivisão da arte. Foi nesta época também que o arquiteto passou a trabalhar como autônomo, financiado pela nobreza, pelo clero e pela burguesia em ascensão. Outro fato que revolucionou os projetos arquitetônicos nesse período foi o surgimento da perspectiva, criada pelo arquiteto e artista Filippo Brunelleschi. Uma época de grande efervescência cultural na Europa, com o surgimento de diversos nomes e grandes gênios artísticos que também eram arquitetos como Michelangelo, Palladio e o renascentista mais completo Leonardo da Vinci.

Arquiteto inglês Norman Foster, adepto da arquitetura tecnicista o emprego do vidro e aço são constantes em seus projetos, além de um design orgânico e preocupação com sustentabilidade. (foto:Pinterest)

Já na Idade Contemporânea com a Revolução Industrial surgiram diversos movimentos artísticos que se tornaram estilos arquitetônicos como o neoclassicismo, o ecletismo e o art nouveaum, (que merecem um novo post). Após a Primeira Guerra Mundial (1914-18) nasce uma arquitetura mais limpa em seus adornos e mais funcional que precisava atender a demanda da época: a arquitetura moderna. Esta influenciou grandemente nossos edifícios, especialmente o centro cívico de Brasília. Já com o advento da Segunda Guerra Mundial e a revolução da informática, a globalização e o apelo ecológico trazem diversos movimentos provenientes da arquitetura Pós-moderna que atua até hoje trazendo uma arquitetura mais funcional e tecnológica, como é o caso do tecnicismo e do minimalismo.

Falar de arquitetura e história é falar da nossa evolução humana, da nossa cultura e das nossas expressões artísticas, de como tudo isso se manifesta junto ao comportamento humano e suas novas descobertas, conquistas tecnológicas e fatores políticos, climáticos e locais. A arquitetura então se torna um reflexo da história de cada região, de cada, cliente, de cada arquiteto que usou a tecnologia disponível para interpretar por intermédio de sua obra aquilo que viveu e interpretou quanto as questões estéticas e sociais de sua época. Pra falar de história é preciso ter tempo pra relembrar, pra reviver e pra analisar, por isso, nos próximos posts ainda vamos continuar com esse assunto. Aguardem…

Fontes:

CASTELNOU, Antonio Manuel N. Introdução a arquitetura, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Londrina 1997. https://educacaoprofissional.seduc.ce.gov.br/images/material_didatico/desenho_de_construcao_civil/des_de_const_civil_historia_da_arquitetura_e_urbanismo.pdf

http://estruturandocivil.blogspot.com/2015/05/historia-das-construcoes-parte-2.html

https://www.weg.net/tomadas/blog/arquitetura/grandes

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