Não tive tempo de pensar nos reflexos, nos traços, nos contornos de acesso figurado. O quadro imperativo da sala de artes não me causou espanto, remorso, sentido… Era pra sentir felicidade? A ternura da guerra dividida em cores?
Poupem-me expressionistas(com respeito a todas as artes do gênero). Os autos dizem de Hitler e seu refinamento (fingido bondade). A história precede Mussolini e a arquitetônica. Mas os indícios políticos sobressaem à banalidade cotidiana. Ela atravessa a indigesta trapaça dos vícios fiscais corruptores. Ela me atiça e me esmaga quando entope desnuda a minha caixa de correspondências. Poupem-me fanáticos de hábitos solícitos, não esperem continências de coitados entre as cercanias do palácio, não esperem repudio protecionista no alarde das buzinas.
Não tive tempo de ler o contrato. Ele dizia.: vendo minha alma? Assumo culpa? Perdão por ter nascido! Meu sobrenome esconde a fissura absoluta que maquina nas cabeças malditas.
Não tive tempo de escutar a sinfonia. O maestro desta historia se perdeu na sonata, no pedido do contralto ou barítono enquanto sofria a despedida do tenor. Ser o artista da fome me repele a estar propenso a indignada fórmula de combate dos meus opressores. Era pra frutificar, contestar a lua minguante, dançar sobre o solstício de novembro, lembrar o amor perdido sem profanar a santidade. Se aquietar tranqüilo como em uma tarde de domingo.

Luiz Renato Vicente é acadêmico de Filosofia da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Vencedor de duas Edições do Prêmio Melhor Leitor do Ano pela Rotary Club Internacional e Semuc. 2017 ( 2º lugar) e 2019 ( 1º lugar) na categoria adulto. Autor do Livro Desamparo ( Micro-Contos) Pela AR Publisher Editora.