A revolução da inclusão: a importância da Inteligência Artificial na vida das pessoas com deficiência

A Inteligência Artificial (IA) tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de ferramentas e soluções que auxiliam pessoas com deficiência.

  • Tempo estimado de leitura: 6 minutos

    A Inteligência Artificial (IA) tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de ferramentas e soluções que auxiliam pessoas com deficiência, melhorando a qualidade de vida e proporcionando maior autonomia.

    Essas ferramentas estão sendo constantemente aprimoradas, com o uso de algoritmos mais avançados, aprendizado de máquina e visão computacional, permitindo que a IA se adapte de forma mais eficaz às necessidades individuais dos usuários com deficiência. A acessibilidade digital e física permite que todos tenham mais autonomia e participação na sociedade.

    Para incentivar o aprendizado, a comunicação e a expressão de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) criaram jogos virtuais que utilizam recursos sensoriais como a visão, a percepção do som e o toque. Junto a isso, um sistema de Inteligência Artificial capta tudo o que a criança faz no computador durante os jogos, a fim de analisar seu desempenho. O projeto atende crianças de 2 a 13 anos no campus da Universidade, em Volta Redonda (no sul-fluminense), e conta com o apoio de fonoaudiólogos, educadores e psicopedagogos.

    A “Dorina IA” é outra ferramenta de Inteligência Artificial inovadora, desenvolvida para ajudar pessoas com deficiência visual, principalmente no que se refere à leitura e compreensão de textos e imagens. Foi criada para tornar o conteúdo digital mais acessível e inclusivo para indivíduos cegos ou com baixa visão, proporcionando maior acesso a informações, de uma forma autônoma e eficiente.

    A “Be My Eyes” também é uma ferramenta poderosa que utiliza IA e uma rede de voluntários para ajudar pessoas com deficiência visual a realizar tarefas cotidianas. A plataforma combina a interação entre pessoas e a tecnologia de reconhecimento visual para oferecer suporte em tempo real. Já existe, inclusive, uma grande comunidade de voluntários dispostos a ajudar, com falantes de diferentes idiomas, o que torna o “Be My Eyes” bem acessível. Quando uma pessoa com deficiência visual precisa de assistência, pode abrir o aplicativo e fazer uma solicitação de ajuda.

    “O usuário faz a solicitação por meio de uma chamada de vídeo ao vivo. O voluntário vê, então, o ambiente do usuário em tempo real por meio da câmera do smartphone, oferecendo a partir daí assistência visual para identificar objetos, ler rótulos, navegar em ambientes e até interpretar imagens ou documentos. É maravilhoso! A combinação de assistentes humanos e IA é uma solução rápida para quem tem deficiência visual. Ajuda muito nas tarefas cotidianas, que seriam desafiadoras sem assistência”, comenta o Defensor Público Federal, André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.

    Em 2020, o “Be My Eyes” passou a integrar um assistente virtual baseado em IA chamado “Be My Eyes AI”, que funciona como uma alternativa automatizada. Ao invés de ser conectado a um voluntário, o usuário pode optar por ser atendido pela IA, que oferece respostas baseadas no reconhecimento de objetos e imagens utilizando visão computacional e aprendizado de máquina.

    Além dessas, diversos outros recursos que utilizam IA vêm ajudando os PcDs a terem maior autonomia no dia a dia. Algumas das principais são:

    – Leitores de tela – JAWS (Job Access With Speech) e NVDA (NonVisual Desktop Access): Os leitores de tela convertem texto digital em fala ou Braille, permitindo que os usuários naveguem por websites, aplicativos e documentos. A IA melhora essas ferramentas, tornando-as mais precisas e rápidas na identificação e interpretação de conteúdo visual, como imagens e tabelas.

    – Reconhecimento de voz – Dragon NaturallySpeaking e assistentes virtuais como Google Assistant e Siri: Permitem que pessoas com deficiência motora ou dificuldades de digitação interajam com dispositivos por meio de comandos de voz. A IA de reconhecimento de fala facilita a transcrição de texto, o controle de dispositivos e até a realização de tarefas cotidianas, como enviar mensagens ou fazer chamadas.

    – Tradução automática de Linguagem de Sinais – SignAll e Enable Talk: Traduzem linguagem de sinais em texto ou fala, facilitando a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes. E a IA pode melhorar a precisão das traduções, tornando-as mais naturais e contextuais.

    – Sistemas de Acessibilidade para Deficientes Auditivos – Otter.ai e Google Live Transcribe: Ferramentas de transcrição em tempo real que utilizam IA para converter fala em texto instantaneamente, permitindo que pessoas surdas ou com deficiência auditiva participem de conversas, reuniões e apresentações.

    – Exoesqueletos e robôs assistivos – Exemplos: ReWalk e Ekso Bionics: Dispositivos robóticos movidos por IA ajudam pessoas com deficiência motora a caminhar ou realizar movimentos que não conseguiriam de outra forma. Eles detectam os movimentos do usuário e os ajudam a executar movimentos naturais, melhorando a mobilidade e a qualidade de vida.

    – Tecnologias de IA para Deficiência Cognitiva – CogniFit e BrainHQ: Ferramentas baseadas em IA já são usadas para treinar habilidades cognitivas em pessoas com deficiência intelectual ou distúrbios neurológicos. Esses aplicativos oferecem exercícios de memória, atenção e raciocínio, adaptando-se ao progresso e dificuldades do usuário.

    “Ao oferecer soluções que desenvolvem o aprendizado, melhoram a autonomia e a integração social de pessoas com deficiência, a Inteligência Artificial está tornando o mundo mais acessível. Cumpre um papel fundamental na criação de uma sociedade mais inclusiva e justa para todos. E está quebrando barreiras, tornando possível uma participação mais plena e independente das PcDs em todos os aspectos da vida cotidiana. Esperamos que as ferramentas de IA continuem evoluindo, oferecendo mais e mais oportunidades para que todos, independentemente de suas limitações, possam participar ativamente da vida em sociedade”, conclui o Defensor Público André Naves”.

    Comentários estão fechados.