Em entrevista ao Maringá Post, o agora ex-vereador lembrou que a decisão sobre a cadeira na Câmara ainda tramita na Justiça e acredita em um desfecho positivo. Bacurau também falou sobre os projetos que mais se orgulha de ter aprovado: “Mesmo em pouco tempo, nós fizemos história”.
Por Victor Ramalho
Desde a última sexta-feira (1º), Adriano Bacurau (Rede) não é mais vereador de Maringá – pelo menos por ora -. A cadeira que ele ocupava voltou a ser preenchida por Flávio Mantovani (Solidariedade), antigo titular e que havia deixado o legislativo em novembro de 2022, para assumir a direção do Procon. Um imbróglio sobre a titularidade da vaga ainda segue na Justiça.
Em entrevista ao Maringá Post nesta quarta-feira (6), Bacurau fez uma avaliação positiva do próprio trabalho. Na visão do agora ex-parlamentar, mesmo com pouco tempo de legislativo ele conseguiu entregar os resultados esperados.
“Eu tenho muito orgulho da minha trajetória política, que já havia se iniciado antes da Câmara. Na Prefeitura, fizemos um grande trabalho com a juventude dessa cidade na Secretaria de Juventude e Cidadania, trabalho que demos continuidade como vereador. Nosso mandato sempre buscou trabalhar para que a Política fosse um espaço acessível para todos os públicos. Ao longo da minha trajetória, me deparei com pessoas que não tinham muito interesse pela vida pública, por acreditarem que aquela era uma realidade distante demais. Provamos o contrário, levamos o ‘povão’ para a Câmara, ocupar os espaços que também eram seus por direito. Isso é algo que me deixa muito orgulhoso”, disse.
Bacurau assumiu sua cadeira no legislativo no dia 22 de novembro de 2022. Em pouco mais de 1 ano e 3 meses no cargo, foram 110 matérias legislativas apresentadas, entre Indicações, Requerimentos e Projetos de Lei (PL), conforme levantado pelo Maringá Post através do Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL).
Para o ex-vereador, o projeto mais marcante foi o Título de Utilidade Pública para a Associação dos Skatistas de Maringá (ASKM), o primeiro proposto enquanto parlamentar. “Todo vereador tem sua história, sua origem. Lá, temos os que defendem o futebol, o vôlei, as artes marciais, eu defendo o skate, que é de onde eu vim. Por isso esse projeto é tão significativo. Nessa luta para incluir a juventude na Política, construímos diversas outras iniciativas que ainda existem, como o “Meu bairro melhor”, onde levamos uma série de atividades para o pessoal dos bairros, como uma forma de se aproximar dessas pessoas. Não é simplesmente levar o vereador ou o gabinete para tal lugar, é sentir a realidade como ela é. Foram diversos projetos aprovados, apresentados, existem parlamentares que, às vezes, ficam durante muito mais tempo e não fazem o que fizemos em 1 ano e 3 meses. Por isso eu digo, mesmo em pouco tempo, nós fizemos história”, avaliou Bacurau.
Durante a entrevista, Adriano Bacurau evitou se despedir ou deixar um recado para os eleitores. Pré-candidato ao legislativo novamente para a eleição de 2024, ele lembra que a decisão sobre a cadeira que ocupou na Câmara ainda tramita na Justiça.
“Eu não quero me despedir, até porque não é um adeus. Pouca gente comenta, mas é importante pontuar que toda essa questão (o imbróglio sobre a cadeira) ainda segue na Justiça. Nós ganhamos por unanimidade no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e a decisão que nos tirou do cargo, por ora, é liminar. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda precisa dar um desfecho final. Sabemos que a Justiça tem seu tempo, mas uma hora vai acontecer. Acredito em um desfecho positivo”, resumiu.
Entenda a disputa
Flávio Mantovani foi eleito vereador de Maringá na eleição de 2020 pela Rede Sustentabilidade, que fez apenas uma cadeira na ocasião. Na época, ele foi o vereador mais votado da cidade, com 6.434 votos. Adriano Bacurau, segundo candidato mais votado do partido, ficou na primeira suplência. Em 2022, Mantovani deixou a Rede fora da janela partidária para filiar-se ao Solidariedade, onde concorreu para deputado estadual.
Na ocasião, Flávio alegou ter trocado de partido com a anuência do presidente estadual da Rede na época. Na época, a legenda havia firmado uma federação com o PSOL.
Em agosto daquele ano, Bacurau acionou Flávio na Justiça por infidelidade partidária, requisitando a cadeira na Câmara. Adriano obteve decisão favorável do TRE-PR. Mantovani, por sua vez, se licenciou do cargo e assumiu o Procon e, neste meio tempo, conseguiu uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023, para retornar ao cargo, o que não ocorreu na ocasião. Na liminar, o TSE afirmava que a federação entre Rede e PSOL configurava uma “mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário”, o que respaldava uma mudança de legenda fora da janela partidária.
Mantovani solicitou o retorno ao legislativo no fim de fevereiro, mas a decisão final sobre o caso ainda segue pendente no TSE. Relator do caso, o ministro Nunes Marques já pediu vistas no processo em duas ocasiões. Uma decisão, no entanto, ainda não tem data para ocorrer.
Foto: Marquinhos Oliveira/CMM
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