Uma câmera de segurança flagrou a remoção do carrinho. Comerciante diz que foi surpreendido com a ação da Prefeitura: “Eu cheguei para trabalhar e o carrinho não estava mais lá. Pensei que tivesse sido roubado”.
Por Victor Ramalho
O carrinho de cachorro-quente do Donizete de Souza ajuda a contar, com riqueza de detalhes, um pouco da história da região central de Maringá. Já são mais de 15 anos vendendo o tradicional ‘dogão’ no cruzamento das avenidas Brasil e Herval. Antes disso, ele já havia trabalho no ramo também no Mato Grosso do Sul.
“Eu faço isso há mais de 25 anos. Trabalhei no Mato Grosso do Sul com lanche também. É o que eu sei fazer, é meu ‘ganha-pão'”, descreveu, agora preocupado com o futuro. Um dia, ele chegou para trabalhar pela manhã e, simplesmente, não encontrou seu carrinho.
É que o Donizete foi um dos comerciantes que tiveram seu carrinho apreendido pela fiscalização da Prefeitura de Maringá na última semana. O estabelecimento dele é um dos dois que foram guinchados. Outros também foram notificados sobre a possibilidade disso ocorrer futuramente.
O comerciante diz que foi pego de surpresa com a medida do município. Seu estabelecimento, segundo ele, foi levado na noite de sexta-feira (2). Imagens de câmeras de segurança registraram a ação (Veja abaixo). “Foi um choque. Eu cheguei para trabalhar e o carrinho não estava mais lá. Pensei que tivesse sido roubado. Cheguei até a ir na delegacia, fazer B.O, lá fui instruído a procurar a Prefeitura, quando descobri que meu carrinho havia sido apreendido”, relatou.
Na delegacia, Donizete alega ter sido perguntado se havia recebido e/ou recusado alguma notificação do município. Ele garante que não. “Até perguntaram se, por esses dias, não havia chegado nenhum papel, ou se eu havia me recusado a assinar algo. Mas não chegou nada. Fui na Prefeitura e falaram que meu carrinho estava irregular, mas nunca me falaram isso antes, nem o que eu tinha que fazer pra resolver”, disse.
O trabalhador afirma estar preocupado com o futuro. Ele cita as contas para pagar e a impossibilidade de trabalhar desde a apreensão do carrinho. “Sou trabalhador. Eu estou neste mesmo ponto há mais de 15 anos, comprei tudo certinho. Se havia algum outro procedimento que eu precisava fazer para regularizar, nunca fui informado. Não quero nada de ninguém, só quero poder trabalhar. Quero meu carrinho de volta. Tenho minhas contas, meu aluguel. Não sei o que vou fazer”, afirmou.
O Maringá Post entrou em contato com a Prefeitura de Maringá, que informou que o carrinho do comerciante foi adquirido “de forma irregular da antiga proprietária” e que “não tinha licença para atuar”. O município também informou que tentou entregar ofícios ao proprietário sobre a situação em anos anteriores. Neste ano, conforme a Prefeitura, houve novas tentativas de oficiar o comerciante, “mas o carrinho estava fechado”.
Sobre a operação de fiscalização aos carrinhos de lanche, iniciada na semana anterior, a Prefeitura de Maringá se manifestou por meio de nota. Leia na íntegra:
“Os carrinhos que foram oficiados para remoção estavam sem licença para venda ambulante por não atenderem às exigências da legislação vigente (por exemplo: sem licença sanitária; o proprietário comprou o carrinho de alguém que tinha a licença e não realizou a regularização para obter uma licença em seu nome; o proprietário não reside em Maringá; o proprietário arrendou o carrinho sem alvará para venda ambulante)”.
Foto: Reprodução/Câmeras de Segurança
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