Apenas com a estrutura da própria Secretaria de Limpeza Urbana (Selurb), Maringá removeu, em média, 5 árvores por dia em 2022. Ao Maringá Post, município informou que uma empresa terceirizada foi contratada para auxiliar na tarefa. Em abril, Ulisses Maia (PSD) chegou a afirmar que a fila seria zerada ainda neste ano.
Por Victor Ramalho
A pauta era outra. Presente na sessão da Câmara de Maringá dessa terça-feira (22), o secretário de Limpeza Urbana de Maringá, Paulo Gustavo Ribas, anunciou que a cidade será sede do Congresso Brasileiro de Arborização Urbana – “Arborização em cidades inteligentes”, previsto para ocorrer entre os dias 15 e 23 de setembro. No entanto, após se colocar à disposição para responder questionamentos gerais dos vereadores, o secretário ouviu reclamações quanto ao serviço de remoção de árvores na cidade.
Um dos parlamentares a demonstrar descontentamento foi o presidente do legislativo, Mario Hossokawa (Progressistas). Segundo ele, a impressão que se passa é de “falta de organização” na forma como o serviço é prestado. Ele ilustrou a declaração com exemplos de moradores que procuram o gabinete para pedir ajuda com os pedidos de remoção, alguns com cerca de 1 década de espera.
“Eu fico muito chateado quando os nossos pedidos, dos vereadores, com laudo favorável para a remoção, por conta do risco de cair em cima de casas, veículos, empresas, alguns com laudo emitido há 10, 8 ou 5 anos, não estão sendo cortadas. Esses dias mesmo ocorreu, de um cidadão nos ligar desesperado dizendo ter um pedido de 2014 (para remoção), com laudo favorável por conta do risco de queda, perguntando se não dá pra aproveitar e cortar, já que estavam cortando a árvore do vizinho. Eu pergunto ao secretário: que bagunça é essa? Árvores com laudo há 10 ou 8 anos que não são cortadas, mas vem cortar a do vizinho. Dá-se a impressão que corta-se uma árvore aqui, depois vai cortar em outro lugar. Acho que falta organização”, declarou.
Formalmente, os pedidos para remoção ou poda de árvores em Maringá precisam ser feitos direto para a Secretaria de Limpeza Urbana (Selurb), pelo site ou via Ouvidoria Municipal, no 156. No entanto, muitos cidadãos, após formalizarem os pedidos, pedem a ajuda dos vereadores para reforçar a demanda junto à Prefeitura. Apenas no gabinete de Hossokawa, por exemplo, foram 73 pedidos do tipo nos últimos anos.
Quem também reforçou a cobrança foi Delegado Luiz Alves (Republicanos). Ele valorizou o trabalho dos servidores, mas acredita que a estrutura da pasta não comporta mais o tamanho da cidade. “Não questionamos o trabalho dos servidores, que fazem de forma primorosa o serviço, de acordo com o que está ao alcance deles. Infelizmente, a estrutura não condiz com a necessidade de Maringá”, afirmou.
Após a explanação dos parlamentares, Paulo Gustavo explicou como funciona a dinâmica de trabalho dentro da Secretaria. Segundo ele, todos os pedidos são avaliados por técnicos do município e o objetivo é que cada protocolo seja atendido em, no máximo, 48h após a emissão do laudo. O prazo também foi questionado pelo presidente da Câmara.
“Esse negócio de dizer que, após o laudo do engenheiro, dentro de 48h será erradicado, isso não é verdade, isso não será feito nunca. Se não está sendo feito até hoje, por que será feito agora? Eu não acredito nesse tipo de promessa”, declarou Mario Hossokawa.
Para zerar fila em 2023, Maringá teria que remover 30 árvores por dia
No dia 20 de março, o Maringá Post mostrou que, nos últimos dois anos, Maringá pagou cerca de R$ 1,4 milhão em indenizações por danos causados por quedas de árvores, sendo R$ 523.143,33 pagos em 2021 e R$ 873.649,34 em 2022, respetivamente.
Quinze dias depois, em 5 de abril, o prefeito Ulisses Maia (PSD) concedeu entrevista à CBN Maringá, assegurando que a fila para a remoção de árvores na cidade seria zerada ainda em 2023. Aquela altura, Maringá tinha mais de 10 mil pedidos de poda ou remoção de árvores aguardando laudo e 3.598 já com laudo emitido pelos engenheiros florestais do município autorizando a remoção.
Passados pouco mais de quatro meses, a fila aumentou, de 3.598 para 3.967 árvores com laudo aguardando remoção, segundo dados da Secretaria de Limpeza Urbana consultados pela reportagem nesta quarta-feira (23). Faltando 131 dias para o fim do ano, seria necessário que o município removesse 30 árvores por dia, incluindo sábados, domingos e feriados, para que a fila fosse zerada ainda em 2023, considerando apenas as árvores já com laudo florestal.
No entanto, a média dos últimos anos mostra que, apenas com a força de trabalho do município, a média diária de remoção é de 5 árvores. Em todo o ano de 2022, por exemplo, foram 2.017 árvores removidas e, neste ano, 1.062 remoções no primeiro semestre, segundo dados do município fornecidos à reportagem.
Ao Maringá Post, a Prefeitura de Maringá informou que, para dar celeridade ao processo, o município realizou a contratação de uma empresa terceirizada para auxiliar a Selurb nas remoções. Conforme o Executivo, o contrato, firmado via dispensa de licitação, tem duração de 3 meses e custou R$ 805.600, com a companhia atuando desde julho na remoção de árvores com parecer técnico na categoria “Emergencial”.
Ainda de acordo com a Prefeitura, a contratação permitiu que a Secretaria de Limpeza Urbana ampliasse a média diária de 5 para 15 remoções de árvores. O município já trabalha em um edital para a contratação de uma nova empresa após o término do contrato atual.
Na Câmara, Paulo Gustavo Ribas falou em outro prazo para o fim da fila. Segundo ele, para este ano a pasta trabalhar para encerrar os protocolos classificados como “Emergência”. Atualmente, os protocolos são divididos em quatro categorias, de acordo com o grau de urgência de casa um. Em abril, o Maringá Post explicou como o grau de prioridade é definido.
“A pedido do prefeito Ulisses Maia, nós vamos, nesse ano, zerar os protocolos de emergência da cidade. Nós teremos zero protocolos de emergência até outubro desse ano”, declarou Paulo Gustavo na tribuna da Câmara.
Na projeção do secretário, até 2024 será possível encerrar a fila de remoção de árvores em situação de “Urgência”. “Com isso, nós vamos conseguir entregar o mandato sem árvores com risco de queda laudados pelos engenheiros”, conclui o secretário de Limpeza Urbana.
Questionado pela reportagem sobre a possibilidade de zerar a fila ainda em 2023, o secretário afirmou que “o município trabalha para garantir ainda mais agilidade na execução dos serviços e zerar a fila de pedidos, principalmente aqueles classificados como urgência e emergência”.
Foto: Ilustrativa/Arquivo/PMM
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