Maringá recebe um novo imigrante a cada dois dias: ‘Uma cidade muito acolhedora’

De acordo com a Secretaria Municipal de Juventude, Cidadania e Migrantes, cerca de 9 mil imigrantes vivem na cidade atualmente.

  • De acordo com a Secretaria Municipal de Juventude, Cidadania e Migrantes, cerca de 9 mil imigrantes vivem na cidade atualmente, com 1/3 desta população formada por haitianos.

    Por Victor Ramalho

    O Anelx chegou ao Brasil em 2015, buscando um recomeço. Vindo do Haiti, a primeira parada dele em solo brasileiro foi a cidade de São Paulo que, naturalmente, é uma das mais conhecidas do país para quem está lá fora, por conta de sua grande população e poderio econômico.

    No entanto, após alguns meses na capital paulista, sentiu que era momento de buscar um outro lugar para viver. “Fiquei durante um tempo em São Paulo, mas vi que era necessário buscar um lugar com mais oportunidades. Pesquisei na internet e achei sobre Maringá. Decidi vir para cá e, felizmente, deu certo, é uma cidade muito acolhedora dentro do Paraná”, conta ele.

    Aos 29 anos de idade, ele faz planos para o futuro. Os estudos que começaram no Haiti hoje estão tendo continuidade no Brasil. Anelx se divide entre o trabalho como pizzaiolo e a faculdade de Administração. “É uma cidade muito boa, nos dá boas oportunidades de crescimento, por ser uma cidade planejada. Felizmente pude vir com a família”, relata.

    Maringá está sendo mais visada pelos imigrantes nos últimos anos. Em 2022, foram 235 novos imigrados que chegaram na cidade e, em 2023, já são 85 novos moradores de 30 nacionalidades acolhidos apenas de janeiro a maio. Na média, é como se a Cidade Canção recebesse um novo imigrante a cada dois dias.

    Segundo a Secretaria Municipal de Juventude, Cidadania e Migrantes, que é quem presta assistência para essa população, estima-se que existam cerca de 9 mil imigrantes vivendo na cidade atualmente, com 1/3 dessa população sendo formada por haitianos, com o Anelx.

    Em entrevista ao Maringá Post, a secretária de Juventude, Cidadania e Migrantes, Ana Nerry, diz que a cidade é visada por conta dos bons indicadores e a boa reputação com que é vista pelo resto do Brasil, o que aumenta a responsabilidade na criação de políticas públicas.

    “Nossa cidade é muito bem vista lá fora. As pessoas sabem que Maringá é uma cidade acolhedora, que recebe bem aquelas pessoas que vêm de outros países tentando recomeçar a vida. Temos dentro da nossa estrutura uma equipe capacitada para prestar toda a assistência possível”, conta.

    Entre as ações promovidas pelo município, estão os mutirões de regularização de documentos e também encaminhamentos ao mercado de trabalho. “Nós temos ações conjuntas com as embaixadas dos países para ajudar essas pessoas a tirarem toda a documentação necessária para viverem no Brasil. Também fazemos o possível para ajudá-los a conseguir emprego. São pessoas que podemos ver nos atendimentos que têm muita vontade de trabalhar, de contribuir com a cidade”, diz a secretária.

    Somente neste ano, Maringá recebeu imigrantes dos seguintes países: Afeganistão, Angola, Argentina, Benin, Bolívia, Chile, China, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Guiné, Guiné-Bissau, Haiti, Itália, Líbano, Mali, Marrocos, Paraguai, Pérsia, Peru, Portugal, República Dominicana, Senegal, Síria, Tunísia, Ucrânia e Venezuela.

    Para o Anelx, mesmo em uma cidade estruturada, os desafios para quem vem de fora ainda existem. “A vida de refugiado não é fácil, existe toda uma adaptação que precisamos vivenciar, precisamos aprender a quebrar a barreira do idioma, por exemplo”, conta.

    A Cidade Canção se insere em uma lógica que se repete no Paraná. Em 2018, no auge da crise em território venezuelano, o Estado foi o que mais recebeu imigrantes vindos da Venezuela em todo o Brasil, chegando a concentrar 1 a cada 6 imigrantes daquele país em território nacional.

    Dentro do Estado, destaca-se ainda a capital Curitiba, que acolheu quase 6 mil venezuelanos entre 2018 e 2022, sendo a cidade brasileira que lidera o ranking.

    Foto: Ilustrativa/Arquivo/PMM

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