Para o Maringá Post, Enio Verri comenta sobre Itaipu, eleições municipais, ampliação do aeroporto e reforma tributária

Em seu primeiro dia de trabalho em 2023, Enio Verri concedeu entrevista exclusiva e comentou sobre as projeções para o novo mandato.

  • Enio Verri (PT-PR), maringaense nascido e criado na antiga Vila Morangueirinha, está mais leve. Tem motivos para isso: está reeleito para o terceiro mandato como deputado federal e assiste o retorno do seu partido ao poder em esfera nacional, o que, na avaliação dele, é o retorno da normalidade da democracia e da harmonia entre os poderes da Nação.

    Prestes a completar 62 anos de idade, o parlamentar, que é considerado um petista moderado, faz questão de lembrar: “Completo 40 anos de filiação ao PT em 2023. Mas eu não preciso usar estrelinha ou camiseta vermelha”. Ainda assim, Verri é considerado hoje um dos nomes fortes do partido aqui no Paraná. Prova disso é que recebeu um convite extraoficial para assumir a Itaipu Binacional, a segunda maior hidrelétrica do mundo e que fica localizada no Estado e também no Paraguai.

    Mais amorenado pelo sol de Porto Seguro e calçando o seu All Star preto de cano alto, o deputado chegou sorridente à Redação do Maringá Post na manhã de segunda-feira (16). E antes de falar de política, conversou sobre saúde, família e livros. “Tenho sete stents no coração, herança da nossa família. Perdi pai e avô por problemas cardíacos. Mas fiz o meu dever de casa hoje: levantei cinco da manhã e já fiz minha academia”.

    Deputado Enio Verri na Redação do Maringá Post: primeiro agenda de trabalho em 2023 após 15 dias de férias. Foto: Cauhê Sanches

    Verri conta que, até os 40 anos de idade, subestimava o poder de uma boa noite de sono. “Passava as noites em claro, lendo, na maioria das vezes. Hoje já não posso mais fazer isso”, comentou ele, que, embora estivesse concedendo uma entrevista para um portal de notícias online, diz sentir falta do papel do jornal. “Sou viciado no cheiro do papel. Como que uma cidade do tamanho de Maringá não consegue ter um veículo impresso?”

    O político maringaense reforçou que ainda mantém o hábito da leitura em dia, lendo pelo menos dois livros mensalmente. E citou meia dúzia de títulos que indica como leituras essenciais, entre os quais “Os Engenheiros do Caos”, de Giuliano Da Empoli, e “Guerras Híbridas – Das Revoluções Coloridas aos Golpes”, de Andrew Korybko.

    Sobre política, Verri resumiu em poucas linhas qual a grande missão do PT no poder: “Temos que dar respostas urgentes à miséria, à fome e, principalmente, para o instrumento que passa por tudo isso, que é a reforma tributária”, comentou o economista formado na UEM e que já atuou na iniciativa privada e na docência como professor universitário.

    4 PERGUNTAS PARA ENIO VERRI

    Maringá Post – Quando assume a presidência da Itaipu Binacional?
    ENIO VERRI – Eu sabia que você iria perguntar isso, mas posso comentar sobre o tema sem qualquer receio. Eu não coloquei o meu nome à disposição, porque já havia bons nomes do partido. Mas realmente houve uma consulta por uma pessoa do PT perguntando se eu aceitaria o convite, mas ainda não está definido. Eu disse que iria pensar e que precisaria ouvir do presidente (Lula) o convite, eu toparia conversar com ele, e foi só isso. Fiquei lisonjeado, pois seria uma grande responsabilidade em nosso Estado administrar a segunda maior hidrelétrica do mundo. Ainda assim, prefiro me planejar e pensar nos desafios que terei como deputado federal a partir de fevereiro, mês em que essa questão da Itaipu deverá ser definida.

    “E tenho uma vantagem: eu me relaciono muito bem com todos os ministros escolhidos para o atual governo”, diz Enio Verri, comentando sobre a possibilidade de mais recursos a Maringá e região. Foto: Cauhê Sanches

    MP – É possível pensar que teremos mais recursos federais para Maringá e região mediante a sua proximidade com o presidente da República?
    VERRI – Sim, é possível. Apenas neste período em que estive na transição dos governos, em que fui o coordenador de orçamento, já pude confirmar um pedido do prefeito Ulisses Maia e do Fernando (Rezende, superintendente do Aeroporto Regional de Maringá), que é a ampliação do aeroporto. Para isso, vamos garantir pelo menos R$ 40 milhões, graças a uma emenda já aprovada no orçamento. No entanto, quero deixar claro que, no governo passado, tive todas as minhas emendas devidamente atendidas, mas eram recursos de manutenção do dia a dia aos municípios paranaenses. Agora, poderemos pensar em mais recursos estruturantes, envolvendo grandes obras e projetos para Maringá e região. E tenho uma vantagem: eu me relaciono muito bem com todos os ministros escolhidos para o atual governo. O debate no dia a dia, até para conquistar recursos para a nossa região, será mais efetivo a partir de agora.

    MP – Pensando nesse protagonismo, o senhor pensa em ser candidato a prefeito de Maringá em 2024?
    VERRI – Ainda é cedo, mas posso adiantar que o PT terá candidato a prefeito em Maringá. Agora se serei eu, não sou eu que discuto isso. Na atual conjuntura, acho difícil. É preciso avaliar os próximos passos: por exemplo, se serei novamente candidato à deputado federal, pois atualmente há uma regra no PT que nós só podemos ter até três mandatos em cada linha, então esse mandato como deputado federal seria o último. Se essa regra seguir valendo, teoricamente eu não poderei me candidatar para o cargo de deputado federal em 2026, poderia disputar para outros cargos, como estadual, senador, governador, mas para federal, não. Então são coisas que eu e o partido precisamos avaliar na esfera também municipal.

    “Posso adiantar que o PT terá candidato a prefeito em Maringá”, diz Verri. Foto: Cauhê Sanches

    MP – A reforma tributária será acelerada pelo atual governo?
    VERRI – Assunto do Haddad e que muito nos interessa. Ele foi para Davos, mas ele volta até sexta-feira, já para começar a desenvolver isso. Inclusive, ele já confirmou que que o Governo Federal pretende aprovar a reforma tributária e uma proposta de novo arcabouço fiscal para o País ainda no primeiro semestre. Nesse cenário a gente começa a discutir projetos, e pretendo atuar muito com esse tema no Congresso, pois sempre foi recorrente ao meu trabalho como economista: questão tributária, projetos de desenvolvimento e distribuição de renda.

    Comentários estão fechados.