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O Ministério da Saúde iniciou no fim de semana a edição de 2022 da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação para crianças e adolescentes.
Realizada desde 1980, a campanha reforça a distribuição dos 18 imunizantes que integram o Calendário Nacional de Vacinação para crianças e adolescentes (veja a lista abaixo). A mobilização em todo o País vai até 9 de setembro e envolverá cerca 40 mil postos de vacinação, que serão abertos para a aplicação das doses no público-alvo.
A pasta lembra que, apesar de a campanha acontecer ao mesmo tempo que os trabalhos de imunização contra o novo coronavírus, a simultaneidade não é impeditivo para o recebimento das doses. “As vacinas da covid-19 poderão ser administradas de maneira simultânea ou com qualquer intervalo com as demais do Calendário Nacional, na população a partir de três anos de idade”, informou, por nota, o Ministério da Saúde.
A vacinação de doenças evitáveis é uma medida sanitária importante, tanto do ponto de vista individual – previne o adoecimento, ameniza sintomas, diminui as chances do caso se agravar e do paciente ter sequelas após a doença -, como coletiva – evita surtos, hospitalizações em massa e a sobrecarga do sistema de saúde.
Poliomelite
Em relação à vacinação contra a poliomielite, doença erradicada no Brasil desde 1989, o grupo foco da campanha são as crianças menores de cinco anos de idade, que correspondem a um total de mais de 14,3 milhões no País.
As crianças menores de um ano devem ser vacinadas de acordo com a situação vacinal com base no esquema primário, enquanto os mais velhos, entre 1 e 4 anos, devem receber a dose Vacina Oral Poliomielite (VOP) apenas se tiverem tomado as três doses do esquema básico.
O País não tem apresentado números satisfatórios de cobertura vacinal contra a doença. Em entrevista concedida ao Estadão em maio, o pesquisador Akira Homma, assessor científico sênior de Biomanguinhos, da Fiocruz, afirmou que o somente 67% do País está coberto pela vacina contra a doença. “São praticamente 500 mil crianças desprotegidas”, alertou Homma.
Por causa dos baixos índices, o Brasil, referência mundial em vacinação, foi incluído pela Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), na lista dos oito países da América Latina com alto risco de volta da infecção. A última vez que a região registrou um caso da doença foi em 1994.
“Como não temos mais surtos da doença, a população não vê mais casos, não vê doentes, e as pessoas pensam que não precisam mais se vacinar”, disse Homma à época. “Não precisaria se a doença estivesse erradicada completamente no mundo inteiro, mas enquanto houver países com pólio, temos que continuar vacinando as crianças justamente para evitar a entrada do vírus selvagem no País, sobretudo com o alto número de suscetíveis”, completou
Preocupação mundial
Em julho, a Organização da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) emitiram um alerta à comunidade mundial sobre a baixa cobertura vacinal de crianças no mundo. Segundo as entidades, os dados indicaram que 2021 apresentou o menor número de vacinações entre o público infantil nos últimos 30 anos.
A porcentagem de crianças que receberam três doses da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP3) – um marcador de cobertura vacinal – caiu de 86% para 81% entre 2019 e o ano passado. A cobertura da primeira dose da vacina contra o sarampo também caiu para 81% em 2021, o nível mais baixo desde 2008.
Em comparação com 2019, a OMS e o Unicef informaram que, no mundo, mais 6,7 milhões de crianças perderam a terceira dose da vacina contra a poliomielite e 3,5 milhões não tomaram a primeira vacina contra o HPV, imunizante importante que protege as meninas contra o câncer do colo do útero.
“Estamos testemunhando a maior queda continuada na imunização infantil em uma geração. As consequências serão medidas em vidas”, afirmou Catherine Russell, diretora executiva do Unicef.
Os órgãos atribuem o declínio na cobertura vacinal ao número crescente de crianças que vivem em ambientes de conflito e de vulnerabilidade, o que acabam dificultando o acesso aos imunizantes; o aumento da desinformação sobre vacinas; e também os esforços focados no combate à covid-19, que teve o isolamento social como uma das estratégias adotadas. Contudo, Catherine rechaça a ideia de colocar o problema na conta da pandemia.
“Embora uma ressaca pandêmica fosse esperada no ano passado, como resultado das interrupções e lockdowns da covid-19, o que estamos vendo agora é um declínio contínuo. A covid-19 não é desculpa”, afirmou. “Precisamos recuperar a imunização das milhões de crianças que perderam suas vacinas ou inevitavelmente testemunharemos mais surtos, mais crianças doentes e maior pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados”, alertou a diretora do Unicef.
Vacinas distribuídas na campanha
As vacinas que vão ser distribuídas na campanha são:
– Hepatite A e B;
– Penta (previne contra difteria, tétano, coqueluche, meningite causada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b, e hepatite B);
– Pneumocócica 10 valente;
– Vacina Inativada Poliomielite (VIP);
– Vacina Rotavírus Humano (VHR);
– Meningocócica C (conjugada);
– Vacina Oral Poliomielite (VOP);
– Febre amarela;
– Tríplice viral (previne o sarampo, rubéola, caxumba);
– Tetraviral (previne o sarampo, rubéola, caxumba e varicela);
– Tríplice Bacteriana ou DTP (previne difteria, tétano e coqueluche);
– Varicela;
– HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano).
Para os adolescentes, as vacinas que vão estar disponíveis são:
– HPV Vacina dupla bacteriana do tipo adulto ou dT (protege contra difteria e tétano);
– Febre amarela;
– Tríplice viral;
– Hepatite B;
– Vacina tríplice bacteriana ou dTpa (previne difteria, tétano coqueluche);
– Meningocócica ACWY (conjugada)
*Com informações Estadão Conteúdo.
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