Amigo pede libertação de quatro homens desaparecidos em ligação a familiares de suspeitos; Ouça o áudio

Durante a conversa, o amigo pede a liberação dos homens de um possível cárcere e sugere que a cobrança da dívida seja deixada de lado.

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    O desaparecimento de quatro homens que foram cobrar uma dívida completa oito dias e tem ganhado novos contornos. Embora a principal hipótese ainda seja de homicídio, a divulgação de gravações de telefonemas recentes sugere que as vítimas podem ter sido sequestradas.

    Segundo a Polícia Civil, três homens que saíram de São José do Rio Preto (SP) — Robishley Hirnani De Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso — foram contratados por Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma, para realizar a cobrança de uma dívida.

    No dia 4 de agosto, os quatro homens se encontraram na cidade e seguiram juntos para o distrito de Vila Rica do Ivaí, com o objetivo de cobrar uma dívida pendente. Eles teriam combinado com o suposto devedor que retornariam no dia seguinte. No entanto, a partir do meio-dia de terça-feira, 5 de agosto, eles não foram mais vistos.

    Um dia depois de perder o contato, um amigo dos cobradores fez um telefonema para os familiares dos suspeitos, sugerindo que eles estavam sob cativeiro e pedindo para que fossem liberados com vida.

    A gravação mostra a conversa entre Carlos Henrique Buscariollo, filho de Antônio Buscariollo – um dos suspeitos do caso – e um amigo dos desaparecidos, que parece tentar negociar a libertação dos homens.

    Em diversos momentos, o amigo pede para “devolver os meninos”, afirma que retirará o boletim de ocorrência e sugere que a cobrança da dívida seria deixada de lado.

    “Pede pra sua mãe entrar em contato com o seu irmão e fala para devolver os meninos […] Os meninos estão lá, estão sequestrados. Tá vendo se vai chegar mais gente. Não vai chegar mais ninguém, entrega os meninos. Morreu a cobrança, morreu tudo”, diz.

    Mais tarde, Carlos Henrique confirma que os homens foram à casa do pai no distrito de Vila Rica, em Icaraíma, em uma caminhonete branca. “Ele falou assim, ó. Nós vamos cortar aqui, se você não tiver dinheiro, aí pega o gado ou a terra. Um negócio assim”

    Em uma nova chamada, Carlos Henrique também reclama de um outro amigo dos cobradores, que teria ameaçado a família dele. Deixa eu falar para você. Não adianta colocar um cara desses pra falar com a gente. O cara quer matar a gente. Falou que vai matar minha família… Minha mãe está ligando chorando, que meu irmão sumiu”.

    Neste momento, o amigo interrompe, perguntando: “Quem está falando isso? […] Ninguém vai matar ninguém, eu quero os meninos. Prometo para você”.

    Essas conversas teriam acontecido na tarde do dia 6 de agosto. Confira o áudio completo a seguir:

    No dia 8 de agosto, uma nova ligação foi registrada, desta vez com a esposa de Antônio Buscariollo e mãe de seus filhos.

    “O Alencar contratou uns cobradores para receber do Carlos Henrique aí. Esses três rapazes que foram para cobrar, desapareceram. (O Alencar também). Eu só peço uma coisa para a senhora. Que a senhora entre em contato com eles e informa que se os meninos estiveram lá sequestrados, alguma coisa assim, é para entrar em contato nesse telefone que eu estou ligando para a senhora, para falar onde estão os meninos, que a gente vai buscar os meninos”.

    Ele reforça a proposta, dizendo: “E, com isso, acabou, não vai ter cobrança, não vai ter mais nada. Acionou a polícia vai sobrar para o Carlos Eduardo, porque as promissórias estão no nome dele. A senhora faz isso pra mim?”

    Diego, Rafael e Robislhley foram contratados por Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma, para realizar a cobrança da dívida. Alencar teria sido o responsável pela venda de uma propriedade rural a Carlos Eduardo, filho de Antônio Buscariollo. O imóvel estava sob a administração de Antônio e de seu filho mais novo, Paulo Ricardo Costa Buscariollo – ambos estão sendo procurados pela polícia em relação ao caso.

    Inicialmente, a Polícia Civil informou que o valor total da dívida pela venda do imóvel seria de aproximadamente R$ 1 milhão. Porém, esse valor foi revisado nesta segunda-feira (11). Três notas promissórias, no valor de pouco mais de R$ 25 mil cada, foram emitidas em nome de Carlos Eduardo Candido Buscariollo.

    A Polícia Civil não informou, até o momento, se Carlos Eduardo também é considerado suspeito pelos desaparecimentos.

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