Jovem indígena, filho de cacique, é encontrado decapitado com carta de ameaças no Paraná

A morte de Everton Lopes Rodrigues ocorreu em meio a um conflito territorial crescente e violência contra indígenas no Paraná.

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    No último sábado (12), um jovem indígena de 23 anos, identificado como Everton Lopes Rodrigues, foi encontrado morto e decapitado na área rural de Guaíra (a cerca de 270 km de Maringá). Ele era filho do cacique Bernardo Rodrigues Diegro, da Aldeia Yvyju Avary.

    Ao lado do corpo, foi encontrada uma carta contendo ameaças explícitas direcionadas a comunidades indígenas locais e também à Força Nacional de Segurança Pública, que atua no entorno.

    De acordo com o relato do cacique, no dia do crime, Everton havia saído para jogar futebol em uma comunidade vizinha no dia do crime, mas não retornou. Na madrugada, a família foi informada sobre a localização da cabeça do jovem e, a cerca de 150 metros dali, o corpo e a moto que ele utilizava.

    A morte de Everton ocorreu em meio a um longo conflito por terras na região oeste do Paraná, que tem sido marcado por crescentes tensões e violência contra as comunidades indígenas. Desde a construção da Usina de Itaipu, que resultou no alagamento de várias áreas rurais, os povos indígenas vêm reivindicando a demarcação de novas áreas.

    O bilhete, assinado por um grupo que se autodenomina “Bonde 06 do N.C.S.O.”, faz referência ao conflito com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e contém ameaças de violência, incluindo a promessa de “invadir aldeias, atacar ônibus com crianças e incendiar vivos os ocupantes”. Além disso, o grupo afirmou que o próximo alvo seria a Força Nacional. A carta foi apreendida pela Polícia Civil do Paraná, que está investigando o caso.

    O MDHC (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania) também está acompanhando o caso, em articulação com autoridades federais e locais a proteção das lideranças e das comunidades indígenas ameaçadas. Leia a nota a seguir:

    “O Ministério acompanha o caso por meio do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), em articulação com autoridades locais e federais, a fim de assegurar a proteção das lideranças e das comunidades ameaçadas, bem como acompanhar as investigações para que este crime não permaneça impune. No Paraná, o PPDDH acompanha 19 lideranças Ava Guarani”, afirmou o MDHC.

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