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Três estudantes de Direito do Centro Universitário de Telêmaco Borba (a cerca de 220 km de Maringá) estão sendo investigadas após publicarem vídeos com ofensas a uma colega cadeirante que estuda na mesma turma.
As postagens foram feitas na última segunda-feira (7) no perfil do Instagram de uma das investigadas. Os vídeos foram divulgados na opção “melhores amigos”, que só permite o acesso a um grupo restrito de internautas. No entanto, essas imagens vazaram e viralizaram nas redes sociais na última quarta-feira (9). Na sexta (11), a Polícia Civil confirmou que está investigando o caso.
Na primeira publicação, uma das universitárias fez ofensas contra a colega cadeirante, alegando que ela teria rido durante uma apresentação de trabalho.
“Segredo de estado pra vocês: na nossa sala tem uma cadeirante, uma magrela. E a gente ‘tava’ apresentando o trabalho hoje e a cadeirante rindo da nossa cara… por que não levantou e foi rir lá na nossa frente? Por que que aquela magrela feiosa não levantou e não veio falar? Porque é magrela, sabe que apanha a lazarenta, desgraçada (sic).”
Em seguida, uma das estudantes canta uma música com um termo ofensivo para pessoas com deficiência: “Vem aleijadinha, vem aleijadinha, sem movimento é mais fácil de tirar a sua calcinha”.
Nesta sexta-feira (11), a estudante que publicou os vídeos se manifestou através de uma nota de retratação no perfil das redes sociais. Leia a seguir:
“Venho aqui reconhecer, com toda a sinceridade, que o conteúdo foi ofensivo, insensível e totalmente inaceitável. Assumo total responsabilidade pelo que disse. A ‘brincadeira’, além de desrespeitosa, desconsidera toda a luta e o respeito que cada ser humano merece, independente de suas condições físicas. Refleti profundamente sobre o impacto das minhas palavras e entendo que não se trata apenas de ‘brincadeira’, mas de como elas podem ferir e perpetuar preconceitos que precisamos combater.
Renho aprendido, com dor e humildade, que liberdade de expressão não significa ausência de responsabilidade. Estou aberta ao diálogo e disposta a participar de ações que promovam mais inclusão, empatia e respeito no ambiente acadêmico e na sociedade. Esse erro não define quem sou, mas será parte importante do meu processo de amadurecimento e mudança. Todos que foram impactados negativamente, minha mais profunda e sincera retratação.”
Em nota, o Centro Universitário de Telêmaco Borba (UNIFATEB) repudiou “qualquer atitude que viole os princípios do respeito, da inclusão e da dignidade humana” e garantiu que está “tomando todas medidas cabíveis”. A instituição também informou que as estudantes não fazem mais parte do corpo discente e que foram notificadas sobre o desligamento.
“Não somos coniventes com qualquer tipo de desrespeito, preconceito ou discriminação, e não compactuamos com comportamentos que atentem contra a dignidade de qualquer indivíduo. Reforçamos que essa atitude é inaceitável e absolutamente incompatível com os princípios e valores que norteiam nossa instituição. […] Na UNIFATEB, a cordialidade, o respeito e a inclusão são valores inegociáveis e constituem a base da nossa cultura educacional. Seguiremos firmes na promoção de um ambiente seguro, acolhedor e justo para todos”, diz o texto.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Telêmaco Borba também se manifestou sobre o caso com “profundo pesar e indignação diante das ofensas, injúrias e ameaças direcionadas a uma pessoa com deficiência”.
“A OAB recebeu com consternação e repúdio as imagens que revelam atos de violência e discriminação contra uma pessoa em situação de vulnerabilidade. A gravidade da conduta se agrava ao constatar o envolvimento de estudantes de Direito, cuja formação deve ser pautada pelo respeito aos direitos humanos e pela promoção da justiça social. […] A OAB reafirma seu compromisso com a ética, a justiça e a defesa dos direitos fundamentais, e se solidariza com a vítima e seus familiares, oferecendo apoio institucional e jurídico para que os responsáveis sejam responsabilizados.”
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