Polícia prende suspeita de realizar cirurgias ilegais que causaram a morte de pacientes trans

A suspeita, identificada como Skalet, foi indiciada por homicídio e exercício ilegal da medicina. A pena pode chegar a 22 anos de prisão.

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    Uma operação conjunta das polícias civis do Paraná e de São Paulo resultou na prisão de Skalet, uma travesti de 56 anos, acusada de realizar procedimentos estéticos clandestinos que levaram à morte de clientes.

    A prisão ocorreu nesta quinta-feira (20), na capital paulista, como parte das investigações sobre o falecimento de Cristiane Andrea da Silva, ocorrido em 24 de outubro de 2024, em Ponta Grossa, Paraná.

    De acordo com o delegado Luis Gustavo Timossi, da Polícia Civil do Paraná (PC-PR), Skalet foi indiciada por homicídio e exercício ilegal da medicina. Caso condenada, a pena pode chegar a 22 anos de prisão.

    Além disso, a legislação prevê multa para quem pratica atividades médicas de forma ilegal visando lucro. Até o momento, a suspeita não apresentou defesa.

    Procedimentos de alto risco

    Skalet é conhecida como “bombadeira”, termo utilizado para descrever pessoas sem formação médica que aplicam substâncias como silicone industrial para modificação corporal, especialmente em mulheres trans e travestis. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso desse material para fins estéticos, pois pode causar infecções, deformações graves e até a morte.

    Segundo as investigações, Skalet realizava os procedimentos em locais inadequados, sem qualquer estrutura médica. “Esses procedimentos, realizados de forma clandestina, oferecem alto risco à saúde e podem levar à morte”, explica o delegado Timossi.

    Vítimas e histórico de crimes

    As autoridades apontam que Cristiane Andrea da Silva não foi a única vítima da suspeita. Outro caso, registrado em 2019, em Marília (SP), também é atribuído a Skalet. A vítima de Ponta Grossa, que trabalhava como cabeleireira, pagou R$ 1,5 mil pelo procedimento, mas teve complicações graves após a aplicação do silicone industrial. Segundo a investigação, após a piora do quadro, a suspeita fugiu do local.

    Cristiane foi socorrida pelo marido e levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu. Os peritos que analisaram o local onde o procedimento foi realizado descreveram o ambiente como “insalubre e totalmente inadequado para qualquer tipo de intervenção médica”. Após sua morte, a equipe médica acionou a polícia, que iniciou as buscas e conseguiu identificar e prender Skalet.

    Natural de São Jorge do Ivaí, Cristiane foi sepultada na cidade vizinha de Nova Esperança, no noroeste do Paraná. As investigações continuam para identificar outras possíveis vítimas da suspeita.

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