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Uma mulher com autismo e dificuldades de aprendizagem, identificada como Kasibba, passou 45 anos internada em um hospital psiquiátrico na Inglaterra devido a um erro de diagnóstico. Ela foi enviada à instituição com apenas sete anos de idade e passou mais de duas décadas em segregação, longe de cuidados adequados.
Segundo a BBC, Kasibba, que não se expressa verbalmente, é originalmente de Serra Leoa. O caso foi exposto após um longo esforço de profissionais, que levaram nove anos para conseguir libertá-la. A psicóloga clínica Patsie Staite, que fez parte da equipe, relatou o processo de descoberta e libertação de Kasibba ao programa File on 4 Investigates.
O Departamento de Saúde e Assistência Social da Inglaterra afirmou que considera inaceitável a prática de manter pessoas com deficiência em hospitais psiquiátricos. Em um comunicado à BBC, o departamento disse que as reformas na Lei de Saúde Mental buscam evitar internações inadequadas como as que ocorreram com Kasibba.
No Reino Unido, mais de 2.000 pessoas com autismo e dificuldades de aprendizagem ainda permanecem internadas em hospitais psiquiátricos, incluindo cerca de 200 crianças. Esse cenário é resultado de um histórico de falhas no sistema de saúde, como revelou uma investigação da BBC sobre abusos em hospitais, como o Winterbourne View, em 2011.
Apesar das promessas de reformar o sistema e transferir pacientes para cuidados comunitários, o progresso foi lento. O NHS England, recentemente, indicou que pretende reduzir a dependência de internações em 10% até 2026. Contudo, especialistas, como Dan Scorer, do grupo Mencap, criticam a lentidão nas mudanças e apontam que muitas pessoas ainda estão em condições inadequadas de cuidados.
Kasibba foi descrita, em seus primeiros anos de internação, como “perigosa” por causa de um incidente isolado ocorrido quando ela tinha 19 anos. Esse episódio, envolvendo um alarme de incêndio e um confronto com outra paciente, resultou em acusações infundadas de agressão.
Em 2016, um grupo de profissionais de saúde foi formado para buscar a libertação de Kasibba. Após anos de trabalho, e uma decisão da Corte de Proteção, Kasibba finalmente foi autorizada a deixar o hospital e agora vive na comunidade com o apoio de profissionais.
O governo britânico propõe atualmente mudanças na legislação de saúde mental, com a intenção de impedir que pessoas com autismo ou deficiência intelectual sejam mantidas em hospitais psiquiátricos, caso não tenham transtornos mentais. No entanto, o governo afirma que as mudanças só serão implementadas quando houver apoio suficiente na comunidade para receber essas pessoas.