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Fernanda (nome fictício) sentiu na pele o drama das mais de 400 pessoas que procuraram a Polícia Civil em Maringá e outras cidades da região para denunciar uma empresa de eventos, acusada de dar golpe em centenas de clientes. Conforme relatos de vítimas, eventos já marcados – e muitos deles pagos com antecedência – não estariam sendo entregues.
Se a maioria dos boletins de ocorrência foram feitos por clientes lesados pela empresa, que anunciou ter deixado Maringá após receber ameaças, quem esteve do outro lado também reclama. Fernanda era funcionária da gestora de eventos e relata o drama vivido nos últimos meses, com atrasos salariais e o pagamento ‘picado’ dos compromissos por parte da empresa. Na condição de anonimato, ela topou falar com o Maringá Post.
A ex-funcionária registrou Boletim de Ocorrência (B.O) e prestou depoimento na Delegacia de Estelionatos de Maringá. Ela afirma ainda ter valores a receber da empresa, mas descreve a dificuldade de manter contato com os antigos patrões.
“Nós vivíamos de promessas. Ela (a empresa) afirmava que iria pagar, mas começava a mudar as formas de pagamento. Os salários começaram a atrasar muito do fim do ano passado pra cá, então eles começaram a pagar ‘picado’ os funcionários. Eles pagavam um pouco para todo mundo, ninguém recebia integral, acho que uma forma de manter todo mundo ali e ninguém pedir demissão”, afirma.
Fernanda relata que os pagamentos normalmente ocorriam, de forma fracionada, na véspera dos eventos. “A gente percebe que eles deviam muito, pois os eventos iam acontecendo, eles pagavam um pouco pro funcionário poder ir trabalhar no evento. Às vezes vinham com aquela conversa de ‘olha, vai lá e semana que vem a gente acerta’. Geralmente, quando iam pagar, davam 50% do valor total. Aí, quando aconteceu tudo, todos os funcionários ficaram sem receber”, descreve.
De acordo com a Delegacia de Estelionatos de Maringá, até essa quarta-feira (21) já eram aproximadamente 450 boletins de ocorrência registrados em Maringá e também outras cidades da região, como Paranavaí, Campo Mourão e Londrina. O prejuízo estimado das vítimas pode ultrapassar os R$ 8 milhões.
Segundo a ex-funcionária, a falta de pagamentos começou a afetar na vida particular, tendo inclusive atrasado o pagamento das próprias contas por não estar recebendo os salários integrais. “A situação foi se agravando nos últimos meses. Até hoje eu não recebi parte dos vencimentos de janeiro. Eles ficaram praticamente fevereiro, março e abril sem pagar. Quando a gente cobrava, eles davam mil, dois mil reais. Daí que eu tenho dívidas que ocorreram pelo fato de eu não receber. Fiquei alguns meses sem pagar aluguel porque não tinha o que fazer, eles davam picado e eu não tinha o que fazer, as coisas foram acumulando”, relata.
A dificuldade de contato com os colaboradores
Ainda de acordo com Fernanda, os ex-funcionários ainda têm dificuldade de manter contato com os antigos chefes. “Quando tudo ocorreu, o que eles falaram para nós foi a mesma coisa que soltaram na internet, que iam começar a cancelar os contratos de quem desejasse. Sobre os atrasos dos salários, não falaram nada. Eu cheguei a pedir demissão, mas fui conversar, tentar um acordo para receber os atrasados e eles falaram que não conseguiriam pagar ninguém”, descreve.
O Maringá Post não conseguiu contato com a empresa nos telefones disponibilizados pelas redes sociais. O espaço segue aberto para manifestações.
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