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A Comissão Processante (CP) que julga um pedido de cassação contra a vereadora Cris Lauer (Novo) começou a colher, nesta segunda-feira (28), os depoimentos das testemunhas indicadas pela defesa da parlamentar. As oitivas tiveram início por volta das 9h15, no plenário da Câmara Municipal, e se encerraram no período da tarde.
Ao todo, foram 14 oitivas. A primeira testemunha ouvida foi o advogado Kim Rafael Antunes, autor do pedido de abertura do processo contra Cris. Entre os questionamentos feitos pela defesa de Lauer ao denunciante, houve um pedido de acesso aos comprovantes de gastos da viagem feita pelo advogado até a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, onde Kim despachou para derrubar uma liminar do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) que havia paralisado os trabalhos da CP.
De acordo com Cris Lauer, o objetivo do pedido era entender se alguém custeou o deslocamento do advogado. No depoimento, ele se negou a apresentar os comprovantes. Em entrevista ao Maringá Post, a vereadora diz que o advogado que pediu a abertura do processo agiu com “má fé”.
“O depoimento dele foi como eu já esperava, em cima de alegações até inverídicas que ele colocou ali, ele não conseguiu se explicar muito. Na verdade, ele responde, ele retornava pro meu advogado a pergunta, né? Como se fosse ele o que tinha que responder ali. […] Ele colocou dois fatos para a caçação, no caso, como motivo para a improbidade: as minhas lives, que ele fala que eu atacava, ofendi algumas pessoas, mas ele não cita quem são as pessoas, quais foram as lives. Então foi o que meu advogado pressionou ele para saber quem foram os ofendidos, qual foi a ofensa, porque quando você faz uma acusação, você tem que falar onde, quando, porque e quem. E a outra foi a alegação que a gente acha que foi má fé, falsidade ideológica, porque ele colocou dados no pedido de caçação que não são verdades, na sentença do juiz não consta caçação de mandato e ele alegou como sendo isso uma sentença do juiz, isso é mentira. […] A gente quer saber da questão financeira mesmo (dos custos com a viagem). É ele que está bancando isso? Tem alguém por trás? Nós precisávamos disso daí para tentar entender, porque não condiz muito com a realidade que ele vive, esse gasto todo que ele está tendo agora em meu processo”, afirmou a vereadora.
Procurado pela reportagem do Maringá Post, Kim Rafael se defendeu das acusações e afirmou que as perguntas feitas pela defesa de Cris Lauer foram de “baixo nível”. Segundo o advogado, a parlamentar tentou colocar em questionamento aspectos de sua vida particular e afirmou que “custa muito” ser cidadão no Brasil.
“Foram feito várias perguntas, algumas de baixo nível, mas enfim, quer dizer que a defesa tá desesperada, isso é fato, ficou demonstrado isso. Sobre as acusações, na verdade é assim, eu acho que tem que mudar o objetivo, o alvo das acusações feitas a mim, porque eu não sou julgador, eu não sou o vereador que tá lá julgando, eu sou um denunciante. A partir do momento em que a Câmara recebe a denúncia com 16 votos, a responsabilidade em processar e julgar fica a cargo da Comissão Processante. […] A defesa quer trazer perguntas de cunho pessoal, coisas da minha vida privada, que é completamente ridícula. E um fato que eu estou aborrecido é com uma situação só: ser cidadão nesse país custa muito e não é só dinheiro”, disse.
Em meio a troca de farpas entre ambos, Cris Lauer ingressou com um processo contra Kim, cobrando R$ 20 mil por danos morais. O fato foi confirmado à reportagem pelas duas partes. “Ela ingressou com uma ação judicial de indenização de danos morais diante dos fatos que foram apresentados. Ela tá querendo R$ 20 mil de danos morais. Então, assim, a única situação de aborrecimento é que ser cidadão e exercer a cidadania nesse país, aqui em Maringá, especificamente, custa muito e não é só a questão financeira, mas custa muita energia e muito trabalho”, completou Kim Rafael.
As oitivas com testemunhas terão continuidade na próxima quarta-feira (30).
Entenda o caso
Cris Lauer foi alvo de um pedido de cassação proposto pelo advogado, membro externo do legislativo, após uma condenação por improbidade administrativa ocorrida no dia 5 de maio, em um processo que tramitava desde 2022 e acusava a parlamentar de ter usado um antigo chefe de gabinete, também advogado, para defendê-la em processos particulares. A vereadora foi condenada ao ressarcimento aos cofres públicos no valor de R$ 19,6 mil, além do pagamento de multa em igual valor e das custas processuais.
No dia 6 de maio, Kim Rafael ingressou na Câmara com um pedido formal de abertura de processo de cassação contra a vereadora. No dia 14 de maio, o legislativo arquivou o pedido, argumentando que ele não teria legalidade. O advogado, então, ingressou com um mandado de segurança na 1ª Vara da Fazenda Pública de Maringá, que determinou que a Câmara pautasse o pedido, levando a votação da abertura, ou não, da CP em plenário.
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