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Internado há nove dias em um hospital particular de Brasília após passar por uma cirurgia de 12 horas para tratar uma obstrução intestinal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista César Filho, exibida nesta segunda-feira (21) no SBT Brasil. Apesar da recuperação pós-operatória, Bolsonaro abordou temas políticos e fez duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao processo que enfrenta por suspeita de envolvimento nos atos de 8 de janeiro.
“Estou enfrentando um julgamento completamente político e não técnico”, disse o ex-presidente ao comentar a denúncia da Procuradoria-Geral da República que o aponta como envolvido em tentativa de golpe de Estado. “Como posso ter participado se estava fora do Brasil?”, questionou, referindo-se ao fato de estar nos Estados Unidos durante os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Cirurgia complexa e recuperação
Bolsonaro relatou detalhes sobre o procedimento cirúrgico realizado no domingo (13). “Foi a cirurgia mais invasiva, complexa e de risco que enfrentei até hoje”, afirmou. A operação foi necessária para remover aderências intestinais, sequelas da facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018. O ex-presidente explicou que foi atendido inicialmente em um hospital público de Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, e transferido depois para Brasília.
Segundo ele, o quadro de saúde está estável e a recuperação tem sido acompanhada de perto pela família e equipe médica.
Defesa contra acusações no STF
Bolsonaro refutou as acusações de participação na redação da chamada “minuta do golpe” e disse que o documento discutia apenas “dispositivos constitucionais”, como o estado de defesa. “Essa história surgiu de um papel encontrado na casa do ministro Anderson Torres. Nunca tratei disso diretamente”, declarou. “Não tem cabimento essa acusação. Falam até em organização criminosa armada. Cadê as armas? Nenhuma foi apreendida.”
Ele também negou qualquer conhecimento prévio sobre o chamado “plano punhal verde e amarelo”, que, segundo investigações da Polícia Federal, envolvia intenções de assassinato de autoridades. “Tomei conhecimento disso pela imprensa, nunca passou pela minha frente.”
Possibilidade de candidatura e confiança na Justiça
Questionado se teme ser preso, Bolsonaro foi direto: “Não tenho preocupação nenhuma. Zero”. Apesar disso, voltou a criticar o andamento dos inquéritos que, segundo ele, “são intermináveis” e marcados por motivações políticas.
Sobre as eleições de 2026, Bolsonaro não confirmou se será candidato, mas disse que, caso esteja inelegível, apoiará um nome da direita. “Temos bons nomes por aí. Cada um precisa buscar seu espaço, ganhar a simpatia da população. Mas a maioria quer Bolsonaro”, afirmou.
Em relação à Justiça Eleitoral, foi cauteloso: “A composição muda com frequência. São mandatos passageiros. Vamos aguardar”.
Escolha por hospital em Brasília
No fim da entrevista, Bolsonaro explicou por que optou por se tratar em Brasília e não em São Paulo, onde tradicionalmente realizava seus procedimentos médicos. “Foi uma questão de oportunidade. Aqui estou perto da minha família. A Michelle vem todos os dias, conversamos, falamos do nosso futuro. Seria muito mais difícil em São Paulo.”
Segundo ele, a previsão é permanecer no DF Star por pelo menos mais uma semana.
A entrevista desta segunda-feira é a primeira aparição pública do ex-presidente desde a cirurgia. Mesmo ainda internado na UTI, Bolsonaro indicou que pretende continuar ativo na política e reafirmou que a decisão sobre sua candidatura será tomada no prazo legal. “Seguimos um passo de cada vez”, concluiu.
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