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Nesta quinta (10), a terceira administração de Silvio Barros à frente da Prefeitura de Maringá completa 100 dias. O que aconteceu nesse meio tempo? O Maringá Post traz os principais fatos desses pouco mais de 3 meses da nova gestão do município.
A ideia de marcar os tais “100” dias teria nascido de Franklin Delano Roosevelt, 32º presidente dos Estados Unidos. Como indicador, os 100 dias servem como “cartão de visita” do novo gestor.
Devem mostrar a disposição em cumprir com as promessas feitas na campanha, comunicar as dificuldades encontradas, fazer uma avaliação inicial da equipe montada e apontar prioridades. Os 100 dias são um aperitivo dos 4 anos de gestão.
Essa introdução é necessária para termos as bases para uma avaliação desse período de Silvio Barros.
Comunicação
No campo da comunicação, o que se viu foi muita ação nas redes sociais, com uma tentativa tímida de responder os questionamentos da população nos comentários das postagens. É compreensível a dificuldade, são muitas falas, em horários distintos, sobre assuntos diversos. Mas, hoje, é assim que a coisa funciona.
O fato de deixar de responder certas perguntas de alguns veículos de comunicação – o Maringá Post foi um deles em pelo menos duas oportunidades – não traz um bom indicativo. A boa assessoria responde tudo, venha de onde vier. Já dizia William Randolph Hearst: Jornalismo é publicar tudo aquilo que alguém não quer que se publique. Todo resto é publicidade.
Promessas
Das promessas de campanha, o chamamento de 35 Guardas Municipais foi a boa notícia. As duas novas UPAs ainda não saíram do papel, e quem procura atendimento segue criticando a nova administração pela demora.
O relacionamento com os servidores, afetado por medidas como o anúncio do fim da escala 12×60 (depois, suspenso) e do remanejamento dos atendimentos pediátricos para o Hospital da Criança, foi amenizado com o acordo para o reajuste do funcionalismo que foi aceito pelos servidores sem grandes questionamentos.
Zeladoria
O mato segue incomodando a população e, nessa altura do campeonato, já se sabe que a desculpa de que o trabalho não foi feito pela gestão anterior não cola mais. Sem falar nas podas e retiradas de árvores e tocos, que continuam em passo lento. Além disso, começam a crescer as reclamações sobre a coleta de lixo doméstico e recicláveis.
Viagem
A viagem para a Europa, pouco tempo após assumir a gestão da cidade, foi uma péssima ideia, reduzindo muito a tolerância da população para as falhas que, invariavelmente, acontecem em qualquer gestão. A análise do secretariado segue a todo vapor, sendo que um secretário municipal já teve sua atenção chamada em público, fato devidamente disponibilizado nas redes.
Silvio já teria dito que o primeiro escalão tem 6 meses a contar da posse para mostrar a que veio. A conferir.
Mistério
Ao anúncio de um novo Data Center em terreno próximo do aeroporto Silvio Name Junior, dentro de uma Zona de Processamento de Exportações (a ser criada), seguiu-se a indefectível informação da necessidade de desapropriação de terrenos – quantos e qual o valor envolvido, ainda não se sabe.
Entraves
Apesar da promessa de desburocratização, as coisas seguem lentas para quem procura abrir uma empresa em Maringá. Contadores afirmam que, apesar de levarem apenas duas horas para abrir uma empresa, os trâmites na prefeitura levam tempo e têm requerido ações ou impedimentos que, antes, não eram sequer cogitados.
Não resolveu
A obra para contenção de inundações na Avenida Morangueira (uma boa notícia) é eclipsada pelo alagamento registrado no local com as chuvas do último dia 2. E se soma à lentidão no trato com os buracos nas vias.
Rodoviária: reforma interrompida
O distrato com a empreiteira responsável (!) pela obra da Rodoviária aponta uma questão que é comum a qualquer administração. Nem sempre o vencedor de uma licitação é uma empresa diligente, e o caso da rodoviária e da praça da Vila Operária são apenas dois exemplos. Licitação sempre será um desafio, seja quem for o prefeito de plantão.
Ensino e segurança
As únicas novidades na Educação são o atraso na entrega dos kits escolares e o anúncio de um sistema de matrículas online que, a rigor, foi desenvolvido pela administração anterior e já estava pronto para uso desde dezembro passado. Problemas na licitação de guarda privada para as escolas levaram à sobrecarga da ainda tímida Guarda Municipal.
Mas a administração estuda a mudança de nome para “Polícia Municipal”, ou algo parecido, o que, objetivamente, não significa melhora em si da segurança, da quantidade de recursos envolvidos ou das condições de trabalho dos guardas municipais. Mas, como dito acima, a promessa de chamamento dos aprovados no concurso municipal para a Guarda foi cumprida.
Articulação
O relacionamento com a Câmara de Vereadores nesses primeiros 100 dias foi contaminado pela proposta, ainda no ano anterior, de reajuste dos subsídios do prefeito, vice-prefeito, secretários municipais e vereadores para 2025. A pressão sobre os vereadores para eleição de Hossokawa como presidente (retirado pela Justiça), e depois de Majô (eleita) também não ajudou e mostra que a articulação política com o Poder Legislativo será um calcanhar de Aquiles da nova gestão.
A necessidade da ação do deputado federal Ricardo Barros em resolver esses e outros problemas deixa explícita a falta de articulação política de Silvio e seu secretariado. Isso é ruim para Silvio e, pior ainda, para Ricardo, que almeja (e tem plenas condições de) alçar voos mais altos na política nacional – mas não deveria esquentar a cabeça e perder tempo com essas questões paroquiais.
LED
Supostas falhas na fiscalização do contrato com a empresa responsável pela iluminação pública e, principalmente, pela troca das lâmpadas antigas por LED, também têm gerado muita reclamação dos cidadãos. Uma multa foi aplicada à concessionária e a fiscalização do contrato deve ser intensificada.
Esporte
A falta de repasse de recursos às associações esportivas, que já passa de 3 meses, e a demora na resolução do problema do gramado do Willie Davids (cuja empresa foi contratada para realizar o trabalho exatos dois dias depois do primeiro jogo da final do Paranaense) coloca mais um secretário no radar do prefeito.
Aposentados
As falas de Silvio na audiência pública da Maringá Previdência, relativas à forma como são investidos os recursos da autarquia e sua vinculação à dificuldade em tapar os buracos na cidade e um possível aumento na tarifa do transporte coletivo, colocaram o funcionalismo municipal em polvorosa. Por outro lado, as discussões sobre o reajuste dos servidores aconteceram de forma rápida e sem grandes embates – mas ainda ficando pendentes a reivindicação das 30 horas na Saúde e a equiparação solicitada pelos servidores administrativos.
Dinheiro
Uma questão que está trazendo polêmica é a suposta falta de recursos na prefeitura. Ao contrário da gestão passada, que sempre trouxe os números positivos com superávit ao final de cada ano-base, o mantra da atual administração é dizer que o orçamento está comprometido. Aliás, foi por causa desse discurso que o prefeito fez os comentários polêmicos na audiência pública da Maringá Previdência.
Afinal de contas, há ou não recursos? Quais os valores? No que serão investidos? O anúncio de uma espécie de força-tarefa para “reduzir os encargos da dívida da prefeitura” visando a ampliar a capacidade de investimento é ação a ser acompanhada de perto.
Mais ideias
Some-se a tudo que foi prometido na campanha as (novas) ideias de um Festival Medieval, a acontecer em um parque português a ser criado na região do Eurogarden, uma nova PPP, agora para o Parque do Ingá, passeio aéreo de bicicleta no Bosque 2…
Resumo
Há muito “vamos fazer”, com pouco “estamos fazendo” – que é o que realmente interessa à população, principalmente nas questões da zeladoria da cidade. Se os primeiros 100 dias de administração municipal são um “cartão de visitas” da nova gestão, convém repensar o percurso e o discurso. Mesmo porque as falhas dos próximos 540 dias vão impactar no 541º dia – que é 4 de outubro, primeiro turno das eleições de 2026.
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