Caso Paolicchi: 25 anos depois, Prefeitura de Maringá recuperou quase R$ 80 milhões em recursos desviados por ex-secretário

Em números corrigidos pela inflação, montante desviado da Prefeitura de Maringá na década de 1990 chegaria próximo de R$ 1 bilhão. Em entrevista ao Maringá Post, Procurador Municipal afirma que município ainda espera receber mais R$ 100 milhões em outras ações que estão em andamento.

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    25 anos se passaram desde que o ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luis Antonio Paolicchi, foi preso acusado de desvios milionários dos cofres da Prefeitura. Quando a investigação foi iniciada, em 2000, uma auditoria do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) apontou que os desvios chegaram a R$ 47 milhões. Em números atualizados e corrigidos pela inflação, o montante seria o equivalente a R$ 1 bilhão nos dias atuais.

    Paolicchi foi preso em dezembro de 2000. Em janeiro de 2002, o ex-secretário foi condenado a 9 anos e 15 dias de prisão em regime fechado por acusações de lavagem de dinheiro, peculato e sonegação fiscal. Da pena total, no entanto, cumpriu apenas três anos, sendo solto em 2005. Em outubro de 2011, foi encontrado morto dentro do porta-malas de um automóvel.

    No decorrer dos anos, a Prefeitura de Maringá buscou na Justiça recuperar os valores desviados a partir de leilões do espólio do ex-secretário, que incluía fazendas no Mato Grosso do Sul, além de imóveis em Maringá, uma empresa de água e automóveis importados. Até o momento, o município conseguiu recuperar aproximadamente R$ 80 milhões – menos de um décimo do valor corrigido.

    A última ação, de maior valor, teve a causa ganha pelo município na última quinta-feira (6), quando a Justiça Federal determinou a devolução de R$ 63 milhões do patrimônio leiloado do ex-secretário aos cofres municipais. Antes disso, a Prefeitura havia recuperado R$ 5,5 milhões em uma ação de 2016 e outros R$ 11 milhões em 2023.

    Em entrevista ao Maringá Post, o Procurador Municipal Luiz Fernando Boldo, explicou as ações já concluídas e falou que o município ainda projeta receber pouco mais de R$ 100 milhões em outra ações relativas ao caso Paolicchi, já em andamento.

    “Nós temos uma ação que está na fase de instrução, de conhecimento, já temos outras que transitaram em julgado, já temos outras que encerraram. Até hoje, nós levantamos aproximadamente R$ 5,5 milhões em 2016, mais R$ 11 milhões em 2023. Agora, vamos levantar aí em dois ou três meses, mais de 63 milhões que estão vindo da Justiça Federal. Além desses valores que a gente já recebeu, nós temos outras ações que percorrem e estima que, somando tudo que ele criou, provavelmente chegaria na casa de R$ 1 bilhão mesmo, atualizado”, disse o Procurador.

    Ainda conforme Boldo, não há mais patrimônio no espólio de Paolicchi a ser executado pela Prefeitura. Uma saída seria a Justiça realocar as cobranças para o ex-prefeito Jairo Gianotto, que chefiou o Executivo na época dos desvios (entre 1997 e 2000) e que também foi condenado por crimes fiscais.

    “Então, provavelmente, nós teremos que realocar para os executados, entre eles, o próprio Gianotto, que também possui fazendas. Então, uma estimativa que nós temos é de, pelo menos, mais uns R$ 100 milhões. Isso a gente acredita que consegue recuperar a partir dessas fazendas. Depende da situação que nós estamos, do valor que a gente trabalha”, finalizou.

    O Maringá Post tenta contato com o advogado responsável pelo espólio de Paolicchi para comentar o assunto. A reportagem também tenta contato com a defesa do ex-prefeito Jairo Gianotto.

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