Vereador licenciado e atual diretor do Procon, Flávio Mantovani (Solidariedade) foi ouvido na Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá. Entre as propostas do gestor, estão mudanças no setor de Licitação, a unificação dos telefones dos serviços públicos e a criação do “vale-gratidão”.
Por Victor Ramalho
No rol de pré-candidatos que disputam o apoio do atual prefeito de Maringá, Ulisses Maia (PSD), o atual diretor do Procon, Flávio Mantovani (Solidariedade), foi entrevistado nesta segunda-feira (25) pelo Maringá Post, que realiza uma Série de Entrevistas com os pré-candidatos ao Executivo Municipal.
Mantovani é um dos poucos pré-candidatos, até o momento, que já estabeleceu propostas concretas para caso seja eleito. Para a reportagem, o vereador licenciado falou sobre três delas: a designação de um gerente de licitação para cada secretaria municipal, a unificação dos telefones dos serviços públicos e a criação do chamado “vale-gratidão”.
Sobre a primeira ideia, Flávio considera que o ajuste no setor de licitação poderia ajudar Maringá a diminuir os problemas recentes com a questão logística. Ele citou, por exemplo, o atraso nas entregas de uniformes escolares.
“Nós temos um problema hoje na Prefeitura que, se a gente pegar a educação pública, por exemplo, ela é referência para o mundo. Então, ela tem indicadores que são fantásticos a nível Brasil, só que em alguns pontos específicos, como a questão de logística, às vezes temos problemas com a entrega de uniformes que demoram para chegar, uma merenda que demora para chegar. Então, às vezes, você tem uma megaestrutura, que consome R$ 500 milhões, mas que tem alguns pequenos detalhes que deveriam ser feitas alterações. Então, por exemplo, essa questão da licitação, se o Maringá tivesse um gerente de licitação por secretaria com tema específico e pessoas que entendessem daquele tema, elas ocorreriam mais rápido. Todos esses pequenos problemas que, no final da história, acabam saltando aos olhos da população seriam resolvidos”, explicou.
Na questão da unificação dos telefones dos serviços públicos, a ideia, de acordo com o pré-candidato, é facilitar a vida dos maringaenses. Ele cita como referência os Estados Unidos, onde os serviços de socorro como Polícia, Hospitais e Corpo de Bombeiros podem ser solicitados a partir de um único número. Essa unificação, de acordo com Mantovani, viria acompanhada da ampliação da Ouvidoria Municipal, que passaria a atender 24 horas por dia.
“Hoje, a gente tem o 156 que, na minha visão, deve ser ampliado. O atendimento à população através do 156 tem que ser feito 24 horas por dia. Hoje, se nós temos uma queimada em um terreno, algum incêndio durante a noite, a gente não consegue chamar alguém para poder ir lá. Se você pegar os Estados Unidos, por exemplo, se você encontrar uma pessoa em situação de rua você liga no 911, aqui você tem que encontrar o telefone da abordagem de rua da SASC. É muito difícil. O Procon na cidade de Maringá, por exemplo, o telefone do Procon é o 151. Ninguém lembra do telefone 151 até que precisa do problema. Então todos os telefones e todos os serviços que você pegar, por exemplo, nos Estados Unidos, é um telefone só. Aqui não. Aqui nós temos uma média de 40 telefones de serviços públicos. Então o que a gente quer é fazer uma unificação desses serviços, o que antes era muito difícil”, conta.
Já o “vale-gratidão”, de acordo com o pré-candidato, tem o objetivo de dificultar o acesso dos moradores de rua às esmolas. Segundo ele, o problema da população de rua em Maringá, embora divida opiniões, precisará ser solucionado “de forma mais enérgica”. Com o vale, as pessoas poderão ajudar instituições que prestam acolhimento aos moradores de rua ao invés de dar o dinheiro diretamente para essa população, dinheiro esse que, segundo Flávio, ajuda a financiar o tráfico de drogas.
“Um problema que a gente tem sempre falado nas reuniões e nos lugares onde eu vou falar como pré-candidato é a questão das pessoas em situação de rua. Então nós temos um problema que é grave, não é uma coisa de Maringá, é uma coisa do Brasil inteiro, só que nós temos que resolver com medidas enérgicas. Nós fizemos até uma proposta que a gente acha que é viável, que é o vale-gratidão. A ideia então é fazer uma organização para que as pessoas, ao invés de darem esmola na rua, comida na rua, que façam a compra do vale e esse dinheiro possa ir para as instituições, assim como o albergue e outras que cuidam dessas pessoas, para que elas possam se alimentar, tomar banho e ter um lugar para elas ficarem, mas de maneira organizada e não nas ruas. Quando a pessoa dá o dinheiro para alguém na rua, ela está simplesmente financiando o uso de drogas. Reconheço que é uma medida que não é simpática, muitas pessoas quando eu falo disso acham ruim, só que é uma medida enérgica que tem que ser tomada porque é necessário. Nós não podemos continuar com isso”, resumiu.
Atual aliado da administração municipal, Mantovani fez uma boa avaliação do trabalho do atual prefeito e, embora reconheça problemas pontuais em alguns setores, afirma que eles existem por conta da alta demanda do serviço público, uma demanda que, de acordo com o pré-candidato, só existe porque o serviço prestado “é de excelência”.
“A cidade hoje não tem um ponto ruim e outro excelente, nós somos bons em tudo. Existem sim problemas pontuais que precisam de atenção e, claro, cada gestor tem sua forma de governar, mas no geral toda a administração funciona bem. Os problemas nascem devido a alta qualidade do serviço prestado. Temos serviços de excelência e, quanto maior a excelência, maior a demanda, o que nos obriga a continuar sempre melhores. Se formos citar a Saúde, por exemplo, onde reconhecemos haver uma fila por consultas, mesmo com isso a nossa Saúde ainda é uma das melhores do Brasil”, afirmou Mantovani.
Ainda na entrevista, Flávio Mantovani falou sobre a construção da candidatura, a disputa interna dentro do Solidariedade, que já tem outro pré-candidato a prefeito e como se dará o apoio do prefeito Ulisses Maia. Confira outros pontos da entrevista:
- O senhor pertence ao Solidariedade, que tem outra figura se apresentando como pré-candidato também, que é o Humberto Henrique. Como essa questão será conduzida? Há possibilidade dos dois formarem uma chapa ou algum de vocês mudar de partido?
Flávio Mantovani: “É muito cedo ainda pra gente ver essa conjuntura partidária, porque o partido político é muito importante, ainda mais agora com essa nova configuração de limitação de candidatos. Eu continuo na Solidariedade, sou primeiro suplente deputado estadual do partido, tenho conversado muito com o partido sobre isso, só que é muito cedo ainda para dizer quem fica nesse ou naquele partido. Então é claro que tem o Humberto Henrique também que tem conversado com outros partidos assim como nós, recebendo convites. Esse agora é um momento pré-eleitoral, vamos dizer assim, é onde os partidos começam a fazer sua formação, para fazer cálculos matemáticos, para saber quem vai para onde. Então ainda está muito cedo para a gente definir lá na frente quais são os partidos que vão estar juntos, quem vai estar em qual partido, enfim. Mas por hora, o meu partido é o Solidariedade, assim como também o do Humberto Henrique. E, obviamente, a gente tem esse desejo de permanecer no partido”.
- Hoje o senhor faz parte da administração Ulisses Maia. Considerando que o senhor se lance como candidato, seguiria nessa posição de situação da atual gestão?
Flávio Mantovani: “A gente não pode dizer que esse ou aquele é o candidato do prefeito Ulisses Maia. Ele está no final do seu mandato e o Ulisses tem uma postura também muito independente. Então eu tenho uma certa visão meio como ele. Então a gente tem ideias que caminham no mesmo sentido, algumas ideias não. É claro que cada candidato, cada pré-candidato tem um perfil de atuação diferente. Então, em que pese a gente fazer parte de um grupo político, a gente também tem algumas ideias que a gente obviamente quer fazer diferente e que pensa diferente, é normal de todos os pré-candidatos quererem colocar a sua marca na gestão, quererem colocar a sua maneira de pensar, a sua maneira de enxergar a cidade de Maringá. Então o prefeito Ulisses hoje não tem um candidato, porque ele está obviamente querendo acabar o seu mandato, acabar com uma boa aprovação perante a população, que essa é a meta do prefeito. E obviamente os candidatos que estão fazendo parte hoje da gestão, aqueles que terão o possível apoio do prefeito, é claro que todos vão ficar muito contentes com isso, porque afinal de contas é o prefeito. Só que eu acho que nesse momento específico e até um pouco mais adiante, nós não vamos ter o prefeito batendo martelo com esse ou aquele candidato. Primeiro os candidatos precisam se viabilizar dentro do grupo”.
Sobre a Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos a prefeito
Iniciada no dia 11 de setembro, a Série de Entrevistas do Maringá Post se propõe a ouvir todos os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá. Dois pré-candidatos serão entrevistados por semana, com as reportagens indo ao ar nas segundas e quintas-feiras, sempre às 12h. Até o momento, já foram ouvidos Homero Marchese (Republicanos), Humberto Henrique (Solidariedade), Sidnei Telles (Avante) e Doutor Batista (União Brasil).
A ordem das entrevistas foi definida a partir da disponibilidade de agenda dos entrevistados e o calendário completo das publicações do mês de setembro pode ser conferido neste link. A agenda das entrevistas do mês de outubro será divulgada nos próximos dias.
Foto: Arquivo/CMM
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