No Dia da Árvore, o Maringá Post fez um levantamento dos protocolos já com laudo florestal classificados como “Emergência”, que significam “Risco de queda iminente”. Em um dos casos, o laudo autorizando a remoção só foi emitido 12 anos depois do pedido. Atualmente, são mais de 3.900 pedidos para remoção de árvores na Cidade Canção.
Por Victor Ramalho
Nessa quarta-feira (20), uma árvore caiu em cima do muro e de parte do teto de uma residência no Jardim Liberdade, em Maringá, durante uma forte chuva que atingiu a cidade. Conforme mostrou o Maringá Post, a mesma árvore já constava com um pedido de remoção protocolado na Secretaria de Limpeza Urbana (Selurb), à época com outra nomenclatura, desde 2016.
Apesar do antigo, o laudo autorizando a remoção da árvore só havia sido emitido em fevereiro deste ano, quase 7 anos depois do protocolo. O pedido era classificado como “Urgência”, categoria que significa “condição que tende a emergência sem atendimento rápido” ou “risco de danos materiais graves”, conforme descreve a própria Secretaria de Limpeza Urbana em seu site institucional.
A situação acendeu um alerta quanto ao tempo para o atendimento dos protocolos de remoção de árvores em Maringá, que já havia sido questionada por vereadores no mês de agosto. Nesta quinta-feira (21), Dia Mundial da Árvore, o Maringá Post fez um levantamento no Portal da Arborização da Selurb, para analisar os protocolos de Emergência.
Até números atualizados da manhã desta quinta-feira (21), a cidade tinha 23 pedidos de remoção de árvores já com laudo florestal, autorizando o serviço, classificadas na categoria “Emergência”, que significa “Risco de queda iminente” ou “risco de vida”, conforme descreve a pasta.
O pedido que ocupa o topo da lista de prioridades é o protocolo Nº 167420, feito em 30 de março de 2009, onde um morador pede a remoção de uma árvore na Rua Osvaldo Cruz, na Zona 7. O laudo florestal autorizando a remoção foi emitido no dia 22 de julho de 2021, dois anos atrás e 12 anos após o pedido ser protocolado. No pedido assinado por um engenheiro florestal, o profissional pede a remoção de “uma tipuana com inclinação acentuada e risco de queda”. Apesar disso, conforme o Portal da Arborização, o pedido ainda aguarda atendimento.
Dentre os 23 protocolos de Emergência, um foi feito em 2009, dois em 2010, um em 2015, três em 2017, quatro em 2018, um em 2019, três em 2020, dois em 2021, dois em 2022 e quatro em 2023. Dentre esses protocolos, o com o laudo autorizando a remoção emitido há mais tempo é o de nº 2 na lista de prioridades: trata-se do protocolo Nº 165446, feito em 1º de setembro de 2010, pedindo a remoção de uma árvore na rua Nivaldo Aparecido Lopes, na Zona 37, cujo laudo autorizando a remoção foi emitido em 26 de abril de 2019.
Secretário promete zerar protocolos de Emergência em 2023
Paulo Gustavo Ribas, atual secretário de Limpeza Urbana de Maringá, participou de uma sessão da Câmara Municipal no dia 22 de agosto, há cerca de um mês. No dia em questão, ao anunciar Maringá como sede de um dos principais congressos de arborização do mundo, que está ocorrendo nesta semana, o gestor também prometeu que a cidade iria zerar os protocolos de Emergência ainda neste ano.
“A pedido do prefeito Ulisses Maia, nós vamos, nesse ano, zerar os protocolos de emergência da cidade. Nós teremos zero protocolos de emergência até outubro desse ano. Com isso, nós vamos conseguir entregar o mandato sem árvores com risco de queda laudados pelos engenheiros”, declarou Paulo Gustavo no dia.
A promessa, na ocasião, não agradou o presidente do legislativo, Mario Hossokawa (Progressistas), que questionou quais são os critérios que a pasta usa na hora de realizar os serviços.
“Eu fico muito chateado quando os nossos pedidos, dos vereadores, com laudo favorável para a remoção, por conta do risco de cair em cima de casas, veículos, empresas, alguns com laudo emitido há 10, 8 ou 5 anos, não estão sendo cortadas. Esses dias mesmo ocorreu, de um cidadão nos ligar desesperado dizendo ter um pedido de 2014 (para remoção), com laudo favorável por conta do risco de queda, perguntando se não dá pra aproveitar e cortar, já que estavam cortando a árvore do vizinho. Eu pergunto ao secretário: que bagunça é essa? Árvores com laudo há 10 ou 8 anos que não são cortadas, mas vem cortar a do vizinho. Dá-se a impressão que corta-se uma árvore aqui, depois vai cortar em outro lugar. Acho que falta organização”, afirmou na ocasião.
Zerar a fila de remoção de árvores também havia sido uma promessa do prefeito Ulisses Maia (PSD), feita durante entrevista à CBN Maringá no dia 5 de abril deste ano. Aquela altura, Maringá tinha mais de 10 mil pedidos de poda ou remoção de árvores aguardando laudo e 3.598 já com laudo emitido pelos engenheiros florestais do município autorizando a remoção. Até esta quinta-feira (21), no entanto, a fila havia subido, com os pedidos com laudo ultrapassando os 3.900, de acordo com o Portal da Arborização.
Ao Maringá Post no mês de agosto, a Prefeitura de Maringá informou que, para dar celeridade ao processo, o município realizou a contratação de uma empresa terceirizada para auxiliar a Selurb nas remoções. Conforme o Executivo, o contrato, firmado via dispensa de licitação, tem duração de 3 meses e custou R$ 805.600, com a companhia atuando desde julho na remoção de árvores com parecer técnico na categoria “Emergencial”.
Ainda de acordo com a Prefeitura, a contratação permitiu que a Secretaria de Limpeza Urbana ampliasse a média diária de 5 para 15 remoções de árvores. O município já trabalha em um edital para a contratação de uma nova empresa após o término do contrato atual.
Foto: Arquivo/PMM
Comentários estão fechados.