Miriam Leitão argumenta que o Banco Central se tornou prisioneiro de suas próprias políticas, aguardando que as projeções de inflação atinjam a meta antes de reduzir as taxas de juros.
A jornalista e colunista de economia Miriam Leitão criticou a gestão da taxa de juros brasileira pelo Banco Central, em artigo publicado nesta sexta-feira, 26, no jornal O Globo.
Segundo Leitão, a autarquia se mantém rígida na sua política, mesmo diante das mudanças significativas na economia do país.
A jornalista argumenta que o Banco Central tornou-se prisioneiro da sua própria armadilha, onde só considera a redução da taxa de juros quando a projeção dos economistas atinge o centro da meta de inflação. “O BC tem ficado prisioneiro da ideia de que só quando a projeção dos economistas chegar ao centro da meta é que os juros podem descer”, declarou Leitão.
Leitão também criticou a resposta padronizada do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em relação à taxa de juros, descrevendo suas falas como “repetitivas obviedades”. A colunista apontou que a situação atual é completamente diferente daquela em que a inflação atingiu 12% e os juros, 13,75%. “Agora, o risco do descontrole inflacionário passou, a taxa caiu para 4%, as projeções para o ano estão em queda, as taxas de juros futuras caíram”, afirmou Leitão.
Ela ainda destacou a necessidade de o BC adaptar-se à realidade mutável da economia, citando a recente desaceleração da inflação. Em maio, o IPCA-15 veio abaixo do previsto, levando a inflação a 4,07%, e a projeção é que fique abaixo de 4% em junho. “Campos Neto precisa olhar os dados da realidade, porque ela mudou”, concluiu a jornalista.
Apesar de suas críticas à política atual do Banco Central, Leitão defendeu Campos Neto de ataques políticos, salientando que o BC realizou a maior elevação de juros durante o período eleitoral por atuar tecnicamente. Porém, ela enfatizou que a defesa de ataques políticos não deve ignorar possíveis erros técnicos.
Fotos: Lula Marques-Agência Brasil / Instagram Miriam Leitão
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