O Brasil tem enfrentado um aumento alarmante de violência em creches e escolas nos últimos dias, o que tem deixado a população em estado de alerta.
Na tentativa de conter o problema, os governos estaduais anunciaram uma série de medidas emergenciais para garantir a segurança nas instituições de ensino, tais como o aumento do policiamento, a criação de canais de denúncias, a implementação de câmeras e detectores de metal, e implementação de escolas cívico-militares.
O governo federal também tem adotado medidas para enfrentar essa onda de violência. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou a abertura de um edital de R$ 150 milhões para fortalecer a segurança nas unidades de ensino. O valor será destinado aos estados e municípios que realizam o patrulhamento ostensivo.
A pasta também estabeleceu que as redes sociais devem apresentar um relatório com medidas para restringir e limitar conteúdos que promovam, incentivem ou façam apologia à violência.
Além disso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em parceria com organização não-governamental SaferNet Brasil, disponibilizou um canal virtual para receber denúncias de ataques contra escolas.
As denúncias de ameaça também podem ser feitas através do serviço Disque 100, inclusive pelo Whatsapp.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS
Desde 2002, o Brasil já registrou mais de 20 ataques em escolas. Segundo o levantamento de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esses atos de violência são quase sempre cometidos por jovens atraídos por discurso de ódio, como racismo e misoginia, que é espalhado em grupos da internet.
“Discurso de ódio, misoginia principalmente, talvez baseada em baixa auto estima, em ter sido rejeitados por meninas, mas todos eles tem um discurso muito forte contra meninas. Outra coisa é essa questão de frequentarem esses chats que a gente considera que fazem especificamente discursos de ódio voltados para esse público, e fazem uma cooptação e engajamento desse adolescentes”, explica Cleo Garcia, mestranda em educação na Unicamp e especialista em justiça restaurativa.
Por esse motivo, especialistas argumentam que a maioria das medidas adotadas é apenas paliativa e não aborda a raiz do problema.
A professora Telma Vinha, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alerta que as iniciativas não focam em transformar a cultura das escolas.
Para ela, é necessário criar um ambiente de cuidado, em vez de vigilância, e investir em políticas que fomentem o convívio democrático e cidadão, abordando questões como masculinidade, racismo e cooptação na internet. Somente assim será possível enfrentar a raiz do problema e prevenir futuros episódios de violência.
Com informações da Agência Brasil e Portal Metrópoles.
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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