O ex-presidente, José Sarney, se pronunciou depois que o presidente Bolsonaro questionou a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.
Foto: Reprodução
Por Fabio Grellet
O ex-presidente e acadêmico José Sarney, o primeiro civil a governar o Brasil depois da ditadura militar, defendeu a democracia e o Poder Judiciário na noite de quarta-feira, 20, na solenidade de 125 anos da Academia Brasileira de Letras (ABL). Sarney, que desde 1980 ocupa a cadeira 38 da instituição, exerceu a Presidência da República de 1985 a 1990. Ele foi eleito indiretamente vice-presidente, na chapa encabeçada por Tancredo Neves, escolhida pelo Colégio Eleitoral. Tancredo morreu sem tomar posse.
Em seu pronunciamento na solenidade, o ex-presidente pediu que o País se una em defesa do regime democrático. Também manifestou confiança na lisura das eleições.
“Infelizmente não é só a cultura brasileira que precisa, neste momento, ser defendida”, disse. “Fui o presidente que conduziu a transição democrática, tenho a responsabilidade pessoal de defendê-la. Ela se consolidou pela prática continuada de eleições livres, sob a vigilância segura do Supremo Tribunal Federal.”
Sarney afirmou também que “garantir que o Judiciário exerça em plenitude suas responsabilidades é absolutamente necessário para que a democracia prevaleça”. “O Brasil precisa se unir em torno desse objetivo”, completou.
O pronunciamento do ex-presidente ocorreu dois dias após a reunião do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores estrangeiros, na qual o mandatário questionou a lisura da urna eletrônica e das eleições brasileiras. O chefe do Executivo também atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em comportamento apontado pela oposição como golpista. O encontro teve má repercussão no Brasil e no exterior, gerando críticas e manifestos em defesa do regime democrático.
Comentários estão fechados.