O prefeito Ulisses Maia disse em entrevista coletiva nesta quinta-feira (22/11) que “houve omissão de socorro e o médico deve responder criminalmente”.
Estava se referindo ao ocorrido no Hospital Universitário de Maringá (HUM) na noite de sexta-feira (16), quando quatro acidentados aguardaram atendimento dentro de ambulâncias do Siate por mais de 2 horas.
A afirmação do prefeito atribui um crime a um médico – que não citou o nome. Segundo a reitoria da Universidade Estadual de Maringá (UEM), naquele dia o Pronto Atendimento (PA) estava sem médico cirurgião de plantão.
“A escala não foi fechada por falta de pessoal”, disse, na segunda-feira (19), o reitor Júlio Damasceno.
Embora não tenha citado o nome do médico que, segundo ele, teve uma atitude “absolutamente inaceitável” ao negar atendimento às vítimas de acidentes de trânsito, Ulisses Maia insinuou que a recusa teve motivação política.
Disse se tratar “de um ex-secretário de Saúde” e ao ser questionado sobre quem era, sugeriu que a imprensa investigasse. O HUM não revelou o nome do médico e informou, por nota, que só vai se pronunciar após a conclusão de uma sindicância, já aberta.
Na segunda-feira, no retorno do feriado prolongado, quando o reitor da UEM concedeu entrevista coletiva para falar sobre o fato que gerou um Boletim de Ocorrência, Ulisses esteve com a direção da universidade e do HUM para tratar da falta de pessoal nas instituições.
A UEM, segundo o reitor, têm um deficit de 803 servidores, sendo 36 médicos no HUM.
Nesta quinta-feira, durante o tradicional “Bate Papo com a Imprensa”, que costuma ser realizado mensalmente, o prefeito disse que “o Hospital Universitário tem falta de pessoal desde quando foi montado e isso vai continuar”.
Segundo ele, mesmo sem um cirurgião no PA, os quatro acidentados deveriam ter sido atendidos. “O cirurgião poderia ser chamado depois se houvesse necessidade”, disse.
Ulisses Maia, por outro lado, elogiou o superintendente do HUM, o urologista Vicente Kira, que mesmo não estando de plantão se dirigiu ao hospital, atendeu os pacientes que estavam nas duas ambulâncias do Siate na frente do PA e lá passou a madrugada.
Naquela sexta-feira, a unidade atendeu e cuidou de 176 pacientes.
Hospital informa que abriu sindicância
Procurado, logo após as declarações do prefeito Ulisses Maia, por meio de nota o superintendente do HUM, Vicente Kira, informou que foi aberta sindicância para apurar os fatos e que apenas após a conclusão das investigações a instituição vai se pronunciar.
Segue a nota na íntegra:
“O Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) esclarece que está realizando uma sindicância sobre o ocorrido no Pronto Atendimento da instituição, na noite de sexta-feira, 16 de novembro.
Na ocasião, houve demora na admissão de quatro pacientes, mas todos foram atendidos pela equipe de urgência e emergência do HUM, que cuidou ainda de outras 180 pessoas que procuraram o hospital naquele período.
Apesar de ter cumprido com o seu dever de atender aos pacientes encaminhados, a superintendência do hospital e a reitoria da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a qual o HUM é ligado, estão em processo de apuração dos fatos.
Um ofício do reitor da UEM, Júlio Damasceno, solicitou esclarecimentos e o superintendente do HUM, Vicente Kira, iniciou o processo logo após o ocorrido. Conversou com a diretoria do hospital e, em seguida, abriu sindicância para determinar o que realmente aconteceu naquela noite.
Só depois de concluída essa apuração é que a UEM e o HUM vão se pronunciar junto à comunidade e à imprensa. Desta forma, a Administração da Universidade e do Hospital Universitário irão garantir um processo oficial, isento e criterioso.
Agradecemos a compreensão de todos.
Vicente Kira
Superintendente do HUM”
Com a colaboração do repórter Murillo Saldanha.
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