Bolsonaro ou Haddad? Ulisses Maia não manifesta voto em meio ao radicalismo da reta final da campanha e com aliados nos dois lados

  • Como ele é bem ativo nas redes sociais, estranhei o silêncio de Ulisses Maia sobre o segundo turno presidencial. Pensei: aí rende matéria e tentei uma declaração – não do gestor, do político. Não consegui. De início perguntei a um dos seus homens de confiança se poderia fazer as perguntas, a resposta foi ‘manda’. Então as enviei por WhatsApp.

    Daí, mesmo me sentindo um chato de galocha com c maiúsculo, passei a cobrar, todos os dias, durante uma semana. Até que, na tarde de sexta-feira passada (20/10) recebi uma mensagem: “Só ontem à noite o prefeito leu as perguntas. Ele disse que no momento não gostaria de falar sobre eleições. Está mais focado nas questões administrativas”.

    Bem, como aprendi faz tempo que ninguém é obrigado a conceder entrevista alguma, só me restou baixar o facho e agradecer. Mas – e quase sempre as frustrações carregam um mas -, isso não impede o exercício do livre pensar e passei a matutar: por que o silêncio? Dentre as inúmeras suposições, acabei me convencendo de uma: conveniência política.

    A explicação me parece tão óbvia quanto ululante: não gerar atritos nem desgastes com nenhum dos dois lados, que estão radicalizados como há muito não se via.

    Mesmo que no primeiro turno Ulisses tenha se licenciado do PDT, que estava coligado com o MDB de João Arruda, para se somar à campanha de Ratinho Júnior (PSD), se indisporia demais com a esquerda da cidade se seguisse a trilha do governador eleito, que foi ao Rio para ser fotografado ao lado do líder nas pesquisas Jair Bolsonaro (PSL).

    Por outro lado, a turma de Fernando Haddad em Maringá apoiou o Ulisses antes mesmo do segundo turno de 2016 e lhe dá força na Câmara Municipal. Porém, se juntar abertamente a eles agora pode trincar pontes que ligam o prefeito ao futuro titular do Palácio Iguaçu e embaçar suas relações políticas com setores locais de peso político e econômico.

    Mesmo convencido das próprias ilações, para não perder a pauta e tampouco deixar de ser chato comigo mesmo, decidi sondar quem é do ramo, exerce ou exerceu mandato político e então fiz meia dúzia de ligações. O papo foi condicionando ao velho, bom e sempre produtivo off quando se fala com aliados e adversários de quem está no foco.

    Batata! Apenas pequenas variáveis de leituras semelhantes: já que o voto é secreto, a melhor alternativa política para Ulisses é mesmo ficar na miúda. Mesmo porque 2020 está logo ali.

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