Carreira policial e presença forte nas redes sociais. Essas são as caraterísticas mais marcantes e comuns aos deputados federal e estadual mais bem votados no Paraná no domingo (8/10). Gilson Cardos Fahur (PSD), conhecido dentro e fora do Estado como Sargento Fahur, conquistou o voto de 314.963 eleitores e se consagrou como o deputado federal mais bem votado.
Já Fernando Destito Francischini (PSL), ou Delegado Francischini, conquistou não só o posto de deputado estadual mais bem votado nessas eleições, com 427.742 votos, mas também o de mais votado na história para a Assembleia Legislativa do Paraná. Com essa votação ele puxou outros sete colegas de partido, o mesmo de Jair Messias Bolsonaro, para a Alep e assim garantiu que o partido tenha a maior bancada.
O apoio à candidatura de Bolsonaro é outro ponto em comum entre os dois grandes puxadores de candidatos. As redes sociais de ambos são palanques para o presidenciável. Fahur tem vídeos onde aparece ao lado do capitão da reserva e Francischini mostra passeatas promovidas em prol do candidato.
Os dois também são londrinenses e atuaram na Polícia Militar. Fahur se aposentou compulsoriamente há sete meses depois de 35 anos na corporação. Nos últimos 15 anos na PM ele atuou nas Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam). Francischini, apesar de famoso por ser delegado da Polícia Federal, também foi policial militar e oficial do exército brasileiro.
Mas os pontos em comum ficam por aí. Enquanto o sargento ficou famoso, inclusive fora do Paraná, por entrevistas polêmicas aos meios de comunicação, o delegado prefere uma atuação mais contida. Nos próximos quatro anos vamos ter o primeiro mandato político de Fahur e o terceiro de Francischini, que deixou de ser federal para ser estadual.
O Delegado Francischini é formado em Direito. Na Polícia Federal ficou conhecido depois de atuar em casos famosos como as prisões do traficante colombiano Juan Carlos Abadia, do contrabandista Law Kim Chong e também do brasileiro Fernandinho Beira-Mar. Foi eleito pela primeira vez em 2010 como deputado federal e chegou a comandar a secretaria de Estado da Segurança Pública na primeira gestão de Beto Richa.
Sua atuação como deputado está ligada a projetos que tratam de medidas contra a corrupção, aumento de pena para condenados reincidentes e para aqueles que cometerem crimes de trânsito com morte ou lesões graves. Nas redes sociais coleciona seguidores, a maioria no Facebook, rede onde 1.799.135 pessoas seguem suas atualizações. No Instagram são 116 mil e no Youtube 14.839 inscritos em seu canal.
Mais polêmico, o Sargento Fahur conta que começou a ficar famoso nas redes sociais em 2013, depois de uma entrevista que segundo ele foi “bombástica”. Desde então, ele segue falando aos jornalistas sobre como os bandidos devem ser tratados em sua visão. As redes sociais fizeram com que o jeito desbocado de Fahur viralizasse.
Uma foto do policial aposentado sorridente, acompanhada da frase “bandido bom é bandido morto e enterrado de cabeça para baixo e caso ressuscite e comece a cavar (sic) vai cada vez mais fundo” recebeu 37 mil curtidas, 1,3 mil comentários e 2.880 compartilhamentos. O número de seguidores é impressionante: são mais de três milhões (3.321.266) no Facebook e 421 mil no Instagram.
As duas páginas apresentam as mesmas postagens. Na maioria dos casos são vídeos e fotos do próprio sargento, onde ele comemora a morte de bandidos em confrontos policiais afirmando que fica feliz por ver “mais CPF’s de bandidos serem cancelados com sucesso”. Mesmo com toda a fama, ele diz que não esperava tantos votos quanto teve.
“Pela repercussão da campanha nas ruas esperávamos uma boa votação, mas imaginamos no máximo 150 mil votos e tivemos o dobro”, comemora. Ele atribui a grande votação ao descontentamento do povo paranaense com o modelo atual de segurança pública e diz que suas falas são intransigentes e bastante radicais, o que teria agradado à sociedade.
Para ele, as redes sociais fazem hoje nas campanhas políticas um papel que antes era feito pelo dinheiro. Ele conta inclusive que foi justamente por causa do alcance do que dizia por meio das redes sociais que decidiu ser candidato. Uma curiosidade é que não foi ele quem criou a fanpage no Facebook, mas sim um jovem do Rio Grande do Sul que ele não conhecia.
“Um dia uma repórter me questionou sobre ter Facebook e eu disse que não sabia que tinha. Fui pesquisar e descobri esse jovem, que até hoje me ajuda na administração da página e não ganha nada por isso”, explica Fahur. Ele garante que depois que assumir como deputado vai continuar ativo nas redes. “Vou batalhar pelo Paraná como batalhei pela Polícia Militar em todos esse anos”.
Frases de Fahur polêmicas nas redes
– Tá na hora de acabar com as visitas íntimas nas cadeias, se o bandido quer fazer um sexo que faça com o companheiro de cela.
– Sou a favor de reintegrar o BANDIDO à sociedade. Os órgãos vão pra doação, o esqueleto vai pra medicina e o que sobrar vai pra adubo.
– Se dependesse de mim, Bandidos de alta periculosidade Receberiam a PENA DE MORTE.
Já os pé de chinelos trabalhariam com uma bola de ferro.
– Desejo um bom descanso e uma boa noite a todos.
(Exceto Bandidos, pois para estes não desejo nada de bom, apenas cadeia ou cemitério).
– Para as pessoas de bem, desejo uma FELIZ PÁSCOA. E que o coelhinho da Páscoa traga muita PAZ e chocolate. Para bandidos, desejo tiro, porrada e bomba. E que o coelho morda o rabo deles.
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