O deputado federal João Arruda, candidato a governador do Paraná pela coligação MDB, PDT, Solidariedade e PC do B, diz que votou contra a investigação do presidente Michel Temer para evitar que o seu colega de Câmara Federal Rodrigo Maia assume o Palácio do Planalto e defende “imposto zero” ao responder pergunta do presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), Michel Felippe.
O candidato do MDB também manda um recado ao prefeito de Maringá, que pediu licença do seu partido, o PDT, que está na coligação de João Arruda, para apoiar o candidato do PSD, Ratinho Júnior: “Fica tranquilo prefeito Ulisses, que não vou adotar as retaliações que o governo Beto/Ratinho adotou em Curitiba”.
Leia a entrevista exclusiva concedida por João Arruda ao Maringá Post. O portal também convidou para fazer perguntas, as mesmas aos quatro candidatos a governador melhores colocados nas pesquisas, o reitor eleito da UEM, Júlio César Damasceno, além do prefeito da cidade e o presidente da Acim.
Maringá Post – Candidato João Arruda: o slogan da sua campanha frisa o combate a corrupção. No entanto, como deputado federal, por duas vezes o senhor votou pelo arquivamento das denúncias, ou seja, foi contra a investigação do presidente da República Michel Temer, que é do seu partido, suspeito de cobrar propina e obstruir a Justiça. O discurso e a prática, no caso, não são contraditórios?
João Arruda – De maneira nenhuma. Sou a favor de todas as investigações. Ninguém está acima da lei e todos devem responder por seus atos. E da mesma forma com Michel Temer. Após o fim de seu mandato, daqui a 90 dias, ele será investigado e vai responder à lei sobre qualquer situação que pesar contra ele. Naquele momento específico das votações, porém, tínhamos uma situação muito delicada.
Se o Congresso votasse pelo “sim”, Temer seria afastado e entraria no lugar o Rodrigo Maia, tão ou mais implicado em denúncias. O país sofreria muito com a instabilidade ainda maior. Nosso povo não poderia sofrer ainda mais, com trocas de presidente a cada ano.
Maringá Post – Quais as medidas práticas que o seu governo fará para impedir e combater a corrupção e, caso ocorra desvios de conduta, punir os responsáveis?
João Arruda – A Lava-Jato tem prestado um grande serviço ao país e precisa de autonomia para continuar apurando os casos de desvios. O Paraná precisa de um governo realmente novo e que promova mudanças na realidade, sendo implacável contra os desvios e incansável contra corrupção.
O momento exige um governo sem ilusões, que enfrente com determinação os problemas com os quais a população convive todos os dias. Vamos dar autonomia ao Nurce (Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos), que tem sido utilizado apenas como discurso eleitoreiro. As polícias Civil e Científica precisam de apoio real, pois são órgãos essenciais para combater a corrupção. É necessário abrir todas as caixas pretas do governo tucano de Beto Richa.
Michel Felippe – presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá: O senhor se compromete a não aumentar impostos para empresários e para a sociedade durante sua gestão, caso eleito? E quais as medidas que sua gestão adotará para reduzir, ou pelo menos não aumentar, os gastos públicos nos próximos quatro anos?
João Arruda – Eu proponho imposto zero para as microempresas e drástica redução de imposto das pequenas empresas, reativar o diálogo comercial com o Mercosul e abrir comércio com os países que integram o BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul), e instituir uma nova política de incentivos para a instalação de empreendimentos de alta tecnologia.
O Estado precisa estar forte, com políticas tributárias coerentes, para estimular os pequenos empreendedores e trocar impostos por empregos. Lembrando que a taxa de endividamento das famílias paranaenses está em 90%, sendo a mais alta do Brasil, ante uma média de 56%. O Paraná precisa crescer, mas com tantas contas para pagar a população está endividada. Nós vamos baixar as tarifas de água, luz e gás.
Estímulo à atividade econômica, incentivos à atividade produtiva, qualidade nos serviços públicos: modernização e padronização dos procedimentos técnicos e administrativos.
Júlio César Damasceno – reitor eleito da Universidade Estadual de Maringá: Como o Sr. pretende atuar no que diz respeito à reposição do quadro de servidores nas universidades paranaenses e qual a sua opinião sobre Autonomia Universitária?
João Arruda – As universidades públicas têm que funcionar como um laboratório de formulação de políticas públicas para todas as áreas de trabalho do governo do Estado do Paraná, na agricultura, na medicina. Nós temos lá, na verdade, uma força viva de conteúdo que pode ser melhor aplicada no estado.
Reclamam que os investimentos são muito grandes e que não existe retorno. Eu quero trabalhar em parceria com as universidades. Dar a elas o orçamento que elas merecem.
Nós vamos trabalhar em parceria com essas universidades e dar autonomia a elas em relação ao orçamento também. Se elas conseguirem otimizar o seu trabalho e ter menos prejuízos, elas terão, inclusive, mais dinheiro para poder aplicar no ano seguinte.
Autonomia para essas universidades para que elas possam também saber administrar o seu dinheiro, aquilo que se aplica em novos equipamentos e também em pesquisa.
Nós queremos aproveitar melhor essas universidades, para isso a gente tem que dar condições para elas trabalhares com autonomia e independência.
Quero também fazer com que as universidades, através de seu corpo docente e dos residentes, trabalhem em parceria com os municípios. Elas têm a mão de obra preparada e gratuita, que pode servir à prefeituras que não têm gente qualificada e capacitada, muitas vezes, para fazer esse trabalho.
Maringá Post: Na segurança pública, em meio a problemas comuns a outros municípios como a falta de efetivo e de estrutura, Maringá tem duas delegacias, a de Trânsito e a de Estelionato, que funcionam precariamente. Há também um grave problema de infraestrutura na 9ª SDP, onde estão encarceradas, por exemplo, mais de 40 mulheres em condições precárias. Como pretende resolver esses problemas?
João Arruda – Antes de pensar a situação carcerária, temos de pensar a situação da segurança pública no Paraná como um todo. O fato de termos tantos presos, e muitos deles empilhados em delegacias, se deve à falência total do governo Richa, Cida e Ratinho Jr em garantir as condições mínimas de controle sobre a pequena criminalidade.
Esses presos são autores de assaltos, arrombamentos, traficantes de pequenas quantidades de narcóticos, ou seja, um tipo de crime de oportunidade que não ocorreria se a Polícia fosse mais presente. Para resolver isso, temos que fazer o básico: colocar gasolina na viatura, recompor o efetivo da PM, além de investir em inteligência e integração.
Quanto ao sistema prisional, primeiro temos que reorganizar a casa. Manter presos em delegacias, como temos visto hoje, é inaceitável. São mais de 10 mil pessoas em distritos. Presos em flagrante que ficam no limbo do sistema, sem julgamento e sem uma resolução do seu caso.
Quanto aos condenados que cumprem pena, nós precisamos atuar junto com o governo federal. Buscar as verbas da União e trabalhar pela expansão do sistema carcerário, onde poderemos isolar os chefões do crime organizado e evitar que essa praga do PCC se alastre também pelo nosso estado.
Ulisses Maia – prefeito de Maringá: Em relação a subsídios e isenções fiscais:
1) Será estendido para o transporte coletivo metropolitano de Maringá, nos moldes concedidos pelo Governo ao transporte coletivo da Região Metropolitana de Curitiba?
João Arruda – Não sou afeito de fazer promessas fáceis às vésperas das eleições. Como primeiro passo vamos recuperar a capacidade financeira do Estado, que está um caos e caminha para a mesma situação do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que não conseguem mais pagar a folha de salários dos funcionários públicos, após a desastrosa reforma feita pelo Governo Beto Richa, a sua vice Cida e seu secretário Ratinho e seus deputados, em 29 de abril de 2015, quando autorizaram ao Governo do Estado saquear o Fundo de Previdência do Estado, o que em poucos anos vai acabar com a sua reserva e ai não teremos mais dinheiro para pagar os aposentados e servidores ativos. Será um verdadeiro desastre. Temos o compromisso de desativar essa bomba relógio já no inicio de nosso Governo.
Quanto à extensão dos mesmos benefícios do transporte coletivo de Curitiba para a Região Metropolitana de Maringá, considero isso uma questão de justiça e vamos sentar juntos, olho no olho, Governo do Estado com a Prefeitura, para encontrarmos uma alternativa e fazermos uma isonomia com a Região de Curitiba.
Mas o prefeito Ulisses pode ficar tranquilo, que não vou adotar as retaliações que o Governo Beto/Ratinho, (Ratinho era o Secretário que tinha essas atribuições legais na época) adotou em Curitiba, quando o Gustavo Fruet foi prefeito, cortando todo o subsidio do transporte de Curitiba por perseguição politica. Maringá é a terceira maior cidade do Paraná e merece o meu respeito e admiração, pois possui uma sociedade civil muito bem organizada.
2) – A Companhia Aérea Latam requisitou redução da alíquota do ICMS do combustível para voltar a operar em Maringá. É possível atender essa demanda?
João Arruda – Já anunciei nos meus programas eleitorais esse compromisso de redução da alíquota do ICMS do querosene utilizada pela aviação, portanto é possível sim atender essa demanda, pois a volta de passagens aéreas com preços mais acessíveis é nossa meta, porque o atual arroxo tributário esta prejudicando o desenvolvimento de Maringá e região.
3) – O Porto Seco de Maringá está fechando. Um dos problemas é que o Porto de Itajaí (SC) oferece taxas mais acessíveis e o torna mais atraente para desembaraço aduaneiro. Seria possível melhorar as condições de competitividade da estação aduaneira de Maringá por meio de subsídios e isenções tributárias?
João Arruda – Tenho consciência da importância do Porto Seco, para as empresas de Maringá e Região, como instrumento para viabilizar um custo mais acessível das mercadorias importadas. Este é um tema, que me fascina, pois vai de encontro ao nosso Plano de Governo, que é a troca de impostos por empregos.
O nosso Governo terá condições de melhorar a competitividade para evitar o fechamento dessa estação aduaneira, através de uma legislação tributária que viabilize a continuidade de operação desse Porto Seco, pois é preferível gerar menos impostos, mas continuar gerando empregos no Paraná, do que gerar empregos em Santa Catarina. É lamentável que o Governo que aí esta não faça nada para evitar o fechamento desta importante ferramenta do desenvolvimento regional.
Ulisses Maia – Qual o compromisso do governador eleito com o Contorno Sul, trecho viário que passa pelo perímetro urbano com intenso tráfego de carros e caminhões que se utilizam da Avenida Sincler Sambatti vindos de diversos pontos do Estado? A avenida acabou se tornando uma extensão de rodovias com pedágio e a prefeitura está elaborando o projeto de um novo Contorno Sul na avenida, que terá um custo aproximado de R$ 200 milhões.
João Arruda – Nosso compromisso é de fazermos uma parceria com o Município, para auxiliarmos na recuperação e a adequação do Contorno Sul, porque ele exerce uma função vital para o sistema viário Regional e até Nacional e atualmente é uma via muito perigosa em termos de acidentes de trânsito e de segurança pública, pois muito sujeita a assaltos nos períodos noturnos. Vamos dialogar com a Prefeitura e demais segmentos, analisar os custos, para encontrarmos uma alternativa viável para a total recuperação e urbanização dessa via, em conjunto com a Prefeitura e demais Entes públicos e privados.
Ulisses Maia – As construções dos viadutos na BR-376, no distrito de Iguatemi, e na PR-317, no Shopping Catuaí, assim como a duplicação do trecho Maringá-Iguaraçu, serão iniciadas e concluídas em seu governo?
João Arruda – O atual Governo está anunciando estas obras no final do seu mandato, como se fosse possível fazer em 90 dias, o que não foi feito em 8 anos. Entendo que são obras prioritárias e necessárias. Ainda nesta semana, passei por um congestionamento muito grande no Trevo do Catuaí e vejo como fundamental a construção de um Viaduto neste trecho, assim como no Distrito de Iguatemi, que embora sendo Distrito, é maior que muitos municípios da Região. Assim como a duplicação do trecho Maringá-Iguaraçu, também é de grande prioridade e já contou com o esforço da comunidade local que financiou a elaboração do projeto.
Caso estas obras, estejam licitadas, ao assumirmos o Governo e não estejam superfaturadas, vamos executá-las em conformidade com a capacidade de pagamento do caixa do Estado e de eventuais parcerias públicas e privadas. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o Governo deve deixar identificada a fonte de recursos para financiamentos dessas obras, é o que vamos verificar nos primeiros dias de mandato. Entendo que são obras necessárias e teremos o compromisso em executar e concluir as mesmas.
Maringá Post – Pegando a deixa do prefeito, há um impasse a ser definido na questão rodoviária da região de Maringá sobre os dois cruzamentos com semáforos na BR-376, em Sarandi. O candidato tem uma solução para a questão e poderia dizer em quanto tempo consegue executar a proposta?
João Arruda – Concordo que se criou um impasse com as passagens em nível, no cruzamento da BR-376 em Sarandi e que há necessidade de mais um viaduto ou trincheira onde existem os semáforos, para que o transito flua normalmente, sem riscos de acidentes. Seria irresponsabilidade de minha parte assumir compromissos com prazos de execução dessas obras, sem ter conhecimento dos projetos e dos custos, também porque este trecho atualmente ainda é administrado pela Concessionária do Pedágio.
O nosso caminho será do diálogo, do estudo de alternativas e a busca de solução definitiva, para a fluência do transito por um lado pela BR-376 e por outro, para não dificultar a vida de quem mora em Sarandi.
Maringá Post – Ainda com relação à mobilidade na região, o senhor acredita na viabilidade do projeto do Trem de Passageiros entre Maringá e Londrina? Fala-se no Trem Pé Vermelho há quase trinta anos, mas pouco, muito pouco avançou até agora. Como pretende trabalhar a questão para, finalmente, o projeto sair do plano das ideias?
João Arruda – Com relação ao Trem Pé Vermelho, até aqui só houve falácias, visando projeção eleitoral, como faz o atual Governo e são essas atitudes que desacreditam as politicas públicas. A viabilidade desse projeto já foi atestada pelo Banco Mundial. Caberá ao Governo do Estado, em parceria com os municípios da região e com o Governo Federal, tratar desse tema de forma objetiva e responsável, é o que vamos fazer.
Vamos estabelecer um cronograma para detalhamento dos projetos, dos custos, das fontes de financiamento, para viabilizarmos, finalmente, que o projeto saia do papel, pois a possibilidade de oferecer um meio de transporte rápido e barato, é uma alternativa que temos que perseguir e com a qual temos compromisso.
Maringá Post – A região de Maringá não conta com nenhum parque ecológico estadual. O Maringá Post defende que o Horto Florestal de Maringá seja transformado em um Parque Estadual, onde poderá ser instalada a sede regional de órgãos como a secretaria de Meio Ambiente, o IAP e o Instituto das Águas.
Depois de 15 anos fechado, acreditamos que a área precisa ser reaberta à população, mas com a estrutura adequada para realização de visitas monitoradas, dentro de projetos de parceria com instituições de ensino superior. O candidato assume o compromisso de criar um parque ecológico estadual em Maringá?
João Arruda – No nosso Governo vamos valorizar a Universidade Estadual de Maringá, que tem uma expertise para nos ajudar neste tema e também com o Desenvolvimento Regional, pois a UEM é uma das Universidades que mais produz em termos de conhecimentos no Brasil. Por outro lado, Maringá é uma cidade que se destaca pelas áreas verdes que possui, mas o fechamento do Horto Florestal por 15 anos não encontra uma justificativa plausível a não ser uma falha da administração municipal, por esse longo período.
Considero boa a sugestão do Maringá Post, em transformar o Horto num Parque Ecológico Estadual, especialmente para proporcionar a abertura do mesmo para a população, visando à educação ambiental e se possível à instalação da SEMA, IAP e Instituto das Águas, sempre com projetos de parceria com instituições de ensino superior. Alerto que isto dependerá da viabilidade jurídica, técnica e financeira. Creio tratar-se de uma sugestão muito valiosa, a qual vai receber o devido valor de minha parte.
Maringá Post: Nos últimos anos, o governo do Paraná atendeu a um pleito do segmento agropecuário e reeditou o programa estadual de conservação de solos e águas (Prosolo), um tema em relação ao qual já foi uma referência nacional e até mesmo internacional. Considerando que tal assunto é fundamental para a sustentabilidade do setor, como ele será tratado no seu governo?
João Arruda – Será tratado com prioridade, pois projetos e programas bons terão a continuidade na nossa Administração e vamos tirar definitivamente o Prosolo do papel, pois ele tem como objetivo o combate à erosão e a promoção da sustentabilidade ambiental. Vamos priorizá-lo nos moldes que já foi feito nos governos do MDB, com o Programa Estadual de Conservação de Solos, que até hoje é considerado modelo a nível nacional e internacional e referencia de financiamentos para o Banco Mundial.
Com esse projeto, vamos evitar o assoreamento dos rios, degradação dos solos paranaenses, a contaminação das águas e promover uma melhor qualidade de vida para todos os paranaenses.
- Leia também o que responderam os candidatos a governador Ratinho Júnior (PSD), Cida Borghetti (PP) e Dr. Rosinha (PT).
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