Programa Patrulha do Campo, de recuperação de estradas rurais, que levou Beto Richa, Fernanda Richa e José Richa Filho a prisão, não executou nenhuma obra na região de Maringá

  • O programa Patrulha do Campo, que levou o ex-governador e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB), a ex-primeira dama do Paraná, Fernanda Richa, e o ex-secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, a prisão, na manhã desta terça-feira (11/9), não recuperou uma única estrada rural na região de Maringá.

    Entre 2012 e 2013, a Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep), que reúne Maringá e outras 29 cidades, chegou a organizar quatro Consórcios Públicos Intermunicipais para tentar receber o apoio estadual na recuperação e adequação das estradas rurais. Mas quando os trâmites burocráticos foram resolvidos nos municípios, o programa teve regras alteradas e nenhum carreador recebeu melhorias na região.

    Bem antes das irregularidades, agora reveladas, o Governo do Paraná, sob o comando de Beto Richa (PSDB) comemorava o lançamento do programa e, num segundo momento, os resultados da Patrulha do Campo. Entre 2013 e 2014, segundo informações divulgadas pelo governo, foram recuperados 3,2 mil km de estradas rurais em 160 municípios.

    As comemorações se encerraram apenas em 2018, quando o ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER), Nelson Leal Júnior, falou sobre o esquema do programa Patrulha do Campo em delação premiada. O caso foi revelado pela revista Veja.

    Na manhã desta terça-feira (11/9) o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, começou a cumprir 15 mandados de prisão temporária e 26 mandados de busca e apreensão em Curitiba, Londrina, Santo Antônio do Sudoeste e Nova Prata do Iguaçu.

    Entre os presos, o ex-governador do Paraná, Beto Richa, sua esposa, Fernanda Richa, seu irmão, José Richa Filho, e ex-secretários de governo e empresários. Entre os envolvidos na iniciativa privada, está o empresário Joel Malucelli, dono de empresas de comunicação na cidade de Maringá, entre inúmeros outros negócios no Paraná.

    As buscas do Gaeco, na manhã desta terça, foram dirigidas a 16 residências, quatro escritórios, um escritório político, quatro empresas e à sede do (DER).

    As medidas, determinadas pelo juízo da 13ª Vara Criminal de Curitiba, visam a investigar o programa Patrulha do Campo, do Governo do Estado do Paraná, no período 2012 a 2014.

    A suspeita é de indícios de direcionamento de licitação para beneficiar empresários e pagamento de propina a agentes públicos, além de lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Todas as prisões decretadas são temporárias, com validade de cinco dias.

    O jornalista Angelo Rigon acompanhou durante todo o dia os desdobramentos da operação Rádio Patrulha. Nesta postagem, ele reproduz uma explicação de como funcionava o esquema denunciado.

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