O ex-senador Osmar Dias (PDT) anunciou nesta sexta-feira (3/8) que não vai concorrer ao Governo do Paraná. A decisão foi formalizada por meio de carta, divulgada um dia antes da convenção do partido, em Curitiba. A desistência de Dias, segundo colocado nas pesquisas eleitorais, abre espaço para uma disputa polarizada entre o deputado estadual Ratinho Júnior (PSD) e a governadora Cida Borghetti (PP).
O nome de Osmar Dias figurava em segundo lugar nas pesquisas para ocupar o Palácio do Iguaçu. Em abril, a pesquisa feita pelo Ibope e encomendada pela rádio CBN Cascavel, apontava Dias com 28% dos votos. Ele só perdia para Ratinho Júnior que tinha 34% das intenções. Na ocasião, a atual governadora Cida Borghetti estava na terceira posição com 5%.
Desde quinta-feira (2/8), havia a especulação de que Osmar Dias desistiria da candidatura. Porém, a confirmação só veio mesmo no final da manhã desta sexta, quando foi divulgada a nota com os motivos da desistência.
A decisão vem depois dele negar uma coligação e perder o apoio do irmão Alvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo PODEMOS. Nos últimos dias, Osmar recusou um possível apoio do MDB de Requião e assistiu o irmão Álvaro Dias fechar um acordo com o PSC nacional, um dos partidos principais da base do rival Ratinho Júnior.
No comunicado, Osmar Dias demonstrou estar descontente com as alianças políticas. Com cerca de 40 segundos de campanha eleitoral, ele disse que tentou construir uma frente política que não o deixasse sozinho, mas que “o sistema político sem reformas não aceita na prática o discurso de mudança que todos os políticos pregam em época de eleição”.
Em tom de crítica, o ex-senador disse que aceita discutir alianças políticas, desde que atendam o interesse público. “Não faço acertos perniciosos à sociedade, para contemplar pessoas ou grupos políticos que não medem consequências nem custos para ter o poder e repartir suas benesses com amigos e parentes. Não agrido minha consciência em troca de tempo de TV, ou de apoio com base em barganhas escusas ou apoios hipócritas”.
Qual será o caminho do ex-senador nas eleições?
Pelo comunicado, Osmar Dias não deixa claro se pretende apoiar algum postulante ao Governo do Estado. Ele seria um importante aliado tanto para Cida quanto para Junior. Os dois grupos já sinalizaram que aceitam o apoio.
Outra hipótese era de que o ex-senador disputasse uma vaga ao senado. Porém, no final da carta ele diz que foi uma decisão difícil e definitiva e que não participará da corrida eleitoral. “Comunico que não disputarei as eleições em 2018”, disse.
Ainda não se sabe quais serão os rumos de Dias e do PDT. Tudo deve ser discutido na convenção do partido neste sábado (4/8), em Curitiba. O quadro só deve ser fechado mesmo nos últimos instantes.
O prazo para realizar as convenções acaba no domingo (5/8), quando se esperam novas definições. A maioria dos candidatos ainda não confirmou o nome do vice.
Com a desistência de Osmar Dias, outro nome também apareceu como provável candidato ao governo do Estado. O MDB do Paraná cogita anunciar a candidatura do deputado João Arruda.
Cinco nomes confirmados para o governo
Os partidos tem até domingo (5/8) para realizar as convenções e definir os candidatos e as alianças com outras legendas. No Paraná, cinco nomes foram confirmados pelos partidos e devem disputar as eleições para o governo. São eles:
- Geonísio Marinho (PRTB)
- Jorge Bernardi (Rede)
- Professor Piva (PSOL)
- Ratinho Júnior (PSD)
- Dr. Rosinha (PT)
Outros pré-candidatos como a atual governadora Cida Borghetti (PP) ainda dependem das convenções dos partidos. Veja o calendário.
- PTB: Sexta-feira (3/8), das 17h às 21h no Victória Villa Hotel em Curitiba
- PDT: Sábado (4/8) a partir das 13h no Clube Dom Pedro II em Curitiba
- PSL: Sábado (4/8)
- PODEMOS: Convenção neste sábado no Paraná para lançamento da candidatura de Alvaro Dias
- PATRIOTA: Sábado (4/8) às 8h
- PP: Sábado (4/8) a partir das 10h em Curitiba
Nomes postos para disputar o senado
Neste ano os eleitores devem votar para dois senadores. Entre os atuais senadores, Roberto Requião (MDB) sinalizou que vai tentar a releição. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, decidiu tentar uma vaga como deputada federal.
Além de Requião, outros doze nomes estão postos na disputa ao Senado. Alex Canziani (PTB), Beto Richa (PSDB), Christiane Yared (PR), Delegado Francischini (PSL), Flávio Arns (Rede), Jaqueline Parmigiani (PSOL), Mirian Gonçalves (PT), Professor Evaristo (PODE), Renan da Mata (PSC), Rodrigo Tomzini (PSOL), Wilson Picler (PSL) e Zé Boni (PRTB).
Confira a íntegra a carta do ex-senador Osmar Dias
“Reorganizar o Estado, acabar com o loteamento de cargos, romper com um modelo de governo em que impera o compadrio, a nomeação de pessoas sem qualificação, sem capacidade, libertá-lo dos vícios do patrimonialismo e combater com rigor a corrupção que contaminou as instituições públicas, recuperando o respeito e a confiança da população nas autoridades.
Coragem e determinação para isso foi o que demonstrei em toda minha caminhada.
Durante meses a fio lutei incansavelmente para construir uma frente política que não me deixasse só numa batalha desejada por toda a sociedade.
Encontrei muita gente, nas ruas e nas estradas, sintonizadas com essas ideias, exigindo que as mudanças sejam feitas para não permitirmos que o Paraná e o Brasil sejam empurrados para uma crise ainda mais profunda.
Mas percebi que o sistema político sem reformas não aceita na prática o discurso de mudança que todos os políticos pregam em época de eleição.
Por ingenuidade ou excesso de confiança acreditei que como eu os políticos de todos os partidos haviam compreendido o momento grave que estamos vivendo.
Não cedo jamais em valores e princípios. Aceito discutir e construir alianças políticas que sejam para atender o interesse público. Mas não negocio com o interesse público, não faço acertos perniciosos à sociedade para contemplar pessoas ou grupos políticos que não medem consequências nem custos para ter o poder e repartir suas benesses com amigos e parentes.
Não agrido minha consciência em troca de tempo de TV, ou de apoio com base em barganhas escusas ou apoios hipócritas.
Política não pode ser um jogo dominado por sentimentos e paixões negativas como vaidade, inveja, pensamento medíocre. Não aceito fazer parte disso!
Prefiro preservar minha história de trabalho e ter dignidade e respeito à minha família e amigos e às pessoas que verdadeiramente gostam e acreditam em mim.
Por isso, comunico que não disputarei as eleições em 2018.
Peço a compreensão e o apoio a essa difícil decisão que é definitiva.
Agradeço sinceramente o carinho que sempre recebi dos paranaenses e, peço que Deus nos conceda suas bênçãos para que tenhamos um futuro melhor para o nosso Paraná.”
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