No final do ano passado, às vésperas do recesso da Câmara de Maringá, os vereadores aprovaram projeto de lei do Executivo que prevê o pagamento de aluguel para a empresa Tel Centro de Contatos Ltda se instalar na cidade.
Em troca do aluguel, de até R$ 35 mil por mês, a empresa garantiria a criação de 800 empregos nos seis primeiros meses de operação.
A instalação de caráter urgente e imediato, descrita na mensagem de lei enviada aos vereadores, se arrasta há cinco meses.
De acordo com o assessor da Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico (Seide), Yagor Assis, a empresa tinha o interesse imediato de se instalar na cidade, mas ocorreram imprevistos.
Assis afirma que a principal questão é definir o local onde o call center vai funcionar. “Eles ficaram de decidir se iniciarão as atividades em uma sede própria ou se dariam início as operações com o benefício da isenção do aluguel.”
O assessor da Seide disse que os detalhes serão decididos na próxima semana, quando está marcada uma visita dos diretores da empresa. Até agora, a prefeitura indicou nove possíveis locais para a instalação do call center. Dois ainda não foram analisados pelos diretores, o que deve ocorrer na próxima semana.
Segundo Assis, a empresa exigiu um imóvel com 4,5 mil metros quadrados, além de números mínimos de banheiro, climatização e rede de internet.
Ainda não existe nenhum contrato firmado entre a prefeitura e a empresa, o que não garante a instalação do call center em Maringá.
“Existe a negociação, como todo empreendimento com intenção de investir na cidade. A prefeitura tem feito a parte dela e agora a gente tem tentado fazer com que a empresa acelere esse processo”, afirmou.
Por meio da assessoria de imprensa, a Tel Centro de Contatos, que tem sede em Salvador, não confirmou as informações da prefeitura e informou que não vai se manifestar sobre a possibilidade de investimento em Maringá.
Vereador reconhece: demora dá sensação de desistência
A lei autoriza a prefeitura a pagar o aluguel da empresa por dois anos, prorrogáveis para mais um ano. O líder do prefeito na Câmara, vereador Jean Marques (PV), foi responsável pela emendas que limitou, depois de um semestre, o valor do aluguel ao Imposto Sobre Serviço (ISS), recolhido pela Tel Centro.
Marques disse que, com as matérias polêmicas em discussão na Câmara, não acompanhou as negociações de perto nos últimos meses.
Segundo ele, a última vez que perguntou sobre a instalação do call center, em fevereiro deste ano, foi informado que a empresa tinha escolhido um local que precisava de reforma, benefício que a prefeitura não pode realizar.
O vereador afirmou que não é necessário nenhum clima de desconfiança nesse momento, já que a prefeitura ainda não começou a pagar o aluguel.
Porém, ele reconheceu que com a demora, existe a sensação de que a empresa tenha desistido de se instalar em Maringá.
“A demora causa essa preocupação nesse momento. Como não houve nenhum pagamento, a empresa tem toda a liberdade para fazer isso.”
Mercado de call center tende a contratar menos
De acordo com a empresa de automação Indigosoft, com sede nos Estados Unidos, até o final deste ano 12 mil postos de trabalhos devem ser substituídos por ferramentas tecnológicas, principalmente no setor de telecomunicações.
Para o CEO da Indigosoft, Fabrício Martins, o mercado de call center não será o mesmo daqui há três anos. “O modelo de call center que a gente conhece hoje vai mudar por causa das demandas constantes. Eles estão cada vez mais buscando reduzir orçamento, porque a receita deles tem baixado”, afirmou.
A previsão de Martins é que no futuro os call centers tenham apenas especialistas, menor quantidade de mão de obra humana e grande parte do trabalho seja desenvolvido em um ambiente tecnológico e digital.
Segundo o CEO da Indigosoft, os robôs de inteligência artificial serão responsáveis pela diminuição do mercado de trabalho no setor. Tarefas que hoje levam cerca de uma hora para serem realizadas, podem ser concluídas em até três minutos.
“Não é uma obstinação, é uma questão de sobrevivência, de custos, de folha, cliente querendo reduzir custos. São equações que não fecham”, afirmou Martins.
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