O avanço da tecnologia tem interferido na política mundial, tanto para o bem como para o mal. Nas eleições nos EUA, por exemplo, Donald Trump teria se beneficiado de fake news – o que também pode vir a ocorrer nas eleições brasileiras.
Já como exemplo positivo, existe um aplicativo no Brasil que ajuda o eleitor a identificar políticos com pendências judiciais ou envolvidos em corrupção. Foi lançado no final de abril pelo instituto Reclame Aqui e passa por constante atualização de dados.
O site, que originalmente reunia apenas reclamações de consumidores contra empresas, fez uma parceria com a agência de publicidade Grey e, juntos, criaram o Detector de Corrupção, que já conta com 850 políticos na base de dados.
A ferramenta é gratuita e está disponível nas lojas de aplicativos para Android e IOS.
O Detector de Corrupção permite que o usuário aponte a câmera do celular para o rosto, foto ou imagem do político na TV ou na internet e, por meio do reconhecimento facial, o aplicativo reconhece os processos de corrupção, improbidade administrativa ou de peculato instaurados envolvendo o político pesquisado.
Outra opção é pesquisar as informações pelo nome dos políticos ou fazer a busca dos cargos pela localização do GPS do celular.
Para atualizar as informações do aplicativo, o aplicativo conta com uma equipe de três jornalistas e uma advogada, que procura em diversas instâncias dos tribunais processos relacionados a políticos.
Vasculha, por exemplo, os sites do Supremo Tribunal Federal (STF), Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Tribunais de Justiça (TJs) e Tribunais Regionais Federais (TRFs).
Com as informações que são públicas, a equipe organiza os dados na ferramenta. O aplicativo não mostra processos sob sigilo de Justiça, já que não constam na base de dados oficiais dos tribunais.
No banco de dados da ferramenta estão governadores, vice-governadores e deputados federais eleitos desde 2014, senadores eleitos desde 2010 e todos os presidentes e vice-presidentes da República vivos.
A ferramenta também tenta organizar informações dos pré-candidatos a presidência e ao governo dos Estados, com base nas pesquisas eleitorais dos institutos Data Folha e Ibope. Os políticos que estiverem com a cor roxa, foram condenados ou têm processos em andamento.
Sites e robôs auxiliam na fiscalização dos políticos
De acordo com a assessoria de imprensa do Reclame Aqui, o aplicativo faz parte de uma iniciativa que surgiu no ano passado. O plugin para computador do Vigia Aqui, chamado “Cor da Corrupção”, é uma ferramenta que pode ser instalada no Google Chrome.
Sempre que o nome de um político envolvido em corrupção aparecer nas páginas da internet, o plugin grifará de roxo. Para ver os processos e a ficha judicial do político, o usuário deve passar o mouse por cima do nome.
Além do Detector de Corrupção, existem outras iniciativas tecnológicas para fiscalizar os políticos. A conta Rosie do Twitter, por exemplo, é um robô ligado ao projeto Operação Serenata de Amor, que analisa os gastos dos políticos reembolsados pelas cotas parlamentares.
A cada gasto, o robô emite um alerta na rede social e pede ajuda dos seguidores para verificar.
Outro projeto semelhante que analisa os gastos das cotas parlamentares é o site Operação Política Supervisionada (OPS), que conta com ajuda de pessoas de todo o país.
Maringaenses são investigados ou condenados
O Maringá Post testou o Detector de Corrupção com imagens dos quatro deputados federais maringaenses e a governadora do Estado. Dos quatro, três estão com a cor roxa: Enio Verri (PT), Edmar Arruda (PSD) e Luiz Nishimori (PR). A cor significa que são investigados ou foram condenados em alguma ação judicial.
Pelo site, o deputado Ricardo Barros (PP) não aparece com a cor roxa, embora seja público que responda a processos judiciais. No entanto, como as ações tramitam em segredo de justiça, não são disponibilizadas pela ferramenta.
De acordo com o site, o deputado Enio Verri foi condenado em primeira instância em ação de improbidade administrativa, por acumular cargos de secretário municipal da Fazenda e de docente na UEM, em situação de incompatibilidade de funções e horários.
O deputado Edmar Arruda (PSD) é réu em ação civil pública, referente a dano ambiental, no Ministério Público do Estado do Paraná.
Luiz Nishimori (PR) é alvo de dois inquéritos no STF. Em um deles, o deputado responde por estelionato, formação de quadrilha e crimes contra a fé pública. O parlamentar teria nomeado “funcionários fantasmas” na Assembleia Legislativa do Paraná. No outro, ele é suspeito de estelionato e falsidade ideológica.
Enquanto o nome do ex-governador Beto Richa (PSDB) aparece no Detector de Corrupção com processos em andamento, o banco de dados do aplicativo ainda não foi alimentado com informações sobre a atual governadora, Cida Borghetti (PP).
Richa, que deixou o cargo para concorrer ao Senado, é réu em ação de improbidade administrativa, movida pelo Ministério Público do Paraná contra ele e outras seis pessoas. A assessoria de imprensa do Reclame Aqui informou que a equipe vai incluir a governadora na ferramenta.
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