A Câmara de Maringá decidiu arquivar, nesta quinta-feira (22/2), o pedido de abertura de uma Comissão Processante (CP) para apurar a denúncia de quebra de decoro parlamentar por parte do vereador Carlos Mariucci (PT).
O documento com as acusações foi protocolado na quarta-feira (21/2) pelo corretor de imóveis Felício José Duarte Alves Cyrino. Por 10 votos a 2, foi recusada a investigação sobre o que tem sido chamado de “As Casas do Mariucci”.
Apenas os vereadores Homero Marchese (PV) e Chico Caiana (PTB) votaram pela abertura da CP. O presidente da Casa, Mário Hossokawa (PP), se absteve do caso. O vereador Do Carmo (PR) não votou. Ele havia pedido a suspensão da discussão sobre a CP por falta de apresentação do título de eleitor do denunciante, entre outros apontamentos.
A abstenção de Do Carmo foi questionada por outros vereadores após a divulgação do resultado. A única ausência foi do vereador Alex Chaves (PHS) que justificou a falta por estar em viagem oficial do partido.
Alguns integrantes do grupo Patriotas protestaram contra o resultado e houve bate-boca até mesmo durante a leitura da denúncia. Hossokawa ameaçou chamar a Guarda Municipal para solicitar a retirada de uma professora do plenário. Manifestantes apoiadores de Mariucci também acompanharam a votação e comemoraram o resultado.
Hossokawa encerrou a sessão ordinária logo após a votação, sem discutir nenhum projeto. O motivo foi a impossibilidade de manifestação dos vereadores em função da desordem no plenário, bem como o adiantado da hora.
A discussão sobre a abertura ou não da CP foi concluída por volta das 12 horas, após 2h30 de sessão. Assista à gravação da sessão da Câmara de Maringá.
Saiba mais sobre a denúncia contra Mariucci
O presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PP), antes que fosse dado início à leitura da denúncia, pelos vereadores Sidney Telles (PSD) e Odair Fogueteiro (PHS), alertou que faltavam cópias de documentação, como o título de eleitor e a cópia de comprovação de votação nas eleições do cidadão denunciante, Felício Cyrino. E pediu que ele as apresentasse “o mais breve possível”.
A mesma denúncia apresentada à Câmara em 32 páginas, mais anexos com documentos e imagens, já está sendo investigada pelo Ministério Público de Proteção ao Patrimônio Público, pelo promotor Leonardo Vilhena. O inquérito foi aberto este ano, diante de denúncia apresentada pelo Observatório Patriota. No ano passado, havia sido arquivada pela promotoria de Defesa do Consumidor.
Escreveu o denunciante que Mariucci, como presidente da Associação de Reflexão e Ação Social (Aras), ligado a Igreja Católica, e a Cooperativa Habitacional Central do Brasil (Coohabras), em 2016 lançaram um projeto de construção de unidades habitacionais a preço de custo, cobraram taxa de adesão de R$ 600 e mensalidades de R$ 60, “mas até agora ninguém sabe onde está o primeiro tijolinho da casa dos sonhos”.
As primeiras unidades habitacionais, feitas pelo Minha Casa Minha Vida, seriam entregues em 2018 e 2019. “Mariucci prometeu que todos receberiam suas casas e que devolveria parte dos recursos investidos pelos associados, caso desistissem do projeto no início: “Mas ele sumiu das reuniões e quando questionado sobre a devolução do dinheiro fala para o ex-cooperado procurar seus direitos no Procon”.
“Há notícias de que mais de mil pessoas contribuem mensalmente. E não se sabe qual o montante poupado, em que banco está ou em qual cidade”, disse na denúncia, que começou a ser lida às 9h48 e só foi concluída. “A Coohabras não emite nota fiscal, não emite recibo, não declara Imposto de Renda e não tem sede em Maringá. Cadê meu dinheiro? Cadê minha casa?”, perguntou o denunciante.
Mais informações sobre o caso podem ser acessadas aqui, em outras reportagens do Maringá Post.
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