Algumas pessoas de Maringá estão recebendo e-mail tendo como origem o endereço eletrônico do jornalista Angelo Rigon, com anexo em PDF contendo as 112 páginas que reproduzem a troca de mensagens entre o blogueiro e o prefeito Ulisses Maia por meio de WhatsApp. O jornalista assegura que não enviou esses e-mails e atribui a ação à hackers.
Uma dessas pessoas que recebeu o e-mail é José Marcos Baddini, conhecido nas Redações de jornais, sites, rádios e TVs de Maringá por quase diariamente enviar e-mails a esses veículos. Ele recebeu o arquivo na madrugada de segunda-feira (20/11), às 3h16, com o aviso “enviado do meu Iphone” e à noite o reencaminhou para alguns de seus contatos.
Inicialmente ele insistiu que havia recebido o e-mail com as conversas de WhatsApp do próprio Rigon, consideradas “comprometedoras” por ele. “Viu o horário que eu recebi? Foi às 3h16. Viu que foi o Rigon que mandou?”, perguntou. Baddini respondeu o e-mail ao endereço original com perguntas a Rigon e, como não obteve respostas, reencaminhou para a sua lista de contatos, às 22h55 de segunda-feira (20).
Informado que divulgar conteúdos privados obtidos por meio de crime também é crime e que o jornalista nega ter enviado qualquer e-mail contendo o arquivo de WhatsApp, ação atribuída por ele a quem roubou seu celular, Baddini recuou: “Eu não sabia. Achei que tinha recebido do próprio Rigon”.
O jornalista, que está em férias no Rio de Janeiro, disse nesta terça-feira (21) que na próxima segunda-feira (27) estará de volta a Maringá e irá à 9ª Subdivisão Policial (SDP) registrar Boletim de Ocorrência (B.O.) sobre o sequestro e a divulgação de conteúdos pessoais.
O arquivo com as trocas de mensagens entre Rigon e Maia também estão sendo disponibilizadas em páginas de Facebook. As mensagens tratam de assuntos políticos, como as eleições municipais de 2016, e pessoais, revelando proximidade entre os dois.
O delegado Luiz Alves, da Seção Furtos e Roubos, que investiga o roubo de um Iphone do jornalista ocorrido durante uma confusão na Câmara de Vereadores, no dia 5 de outubro, na quinta-feira (23/11) vai ouvir Luiz Henrique Rodrigues Alves, principal suspeito do crime, quando Rigon também foi agredido fisicamente.
O celular pode ter sido usado na divulgação do conteúdo das mensagens. Naquela sessão, foi instaurada a Comissão Processante que investiga a denúncia de quebra de decoro parlamentar do vereador Homero Marchese (PV), protocolada pela direção do próprio partido.
Pedido para mudar código de segurança
Inúmeros comentários de leitores, postados na reportagem do Maringá Post sobre o vazamento de mensagens pessoais do WhatsApp de Rigon, apontam a impossibilidade de hacker invadir dispositivos móveis Iphone.
A equipe técnica do Maringá Post concorda com a propagada inviolabilidade dos Iphones, mas aponta outras possibilidades de acesso a arquivos pessoais em dispositivos móveis roubados ou perdidos. O mais comum deles é a simples ausência da senha opcional no celular.
No caso de Rigon especificamente, que comprou um novo Iphone após o roubo registrado na Câmara, uma ocorrência pode vir a explicar, pelo menos em parte, a forma de acesso às suas mensagens de WhatsApp, que estavam salvas em inbox do Google.
Rigon contou que por volta das 2h45 de segunda-feira, quando acordou para se dirigir ao aeroporto pegar o voo da Gol para Guarulhos, que sai às 5h35, viu uma mensagem em seu Iphone pedindo para ele “trocar o código de segurança e mudar a senha”.
“O meu Iphone foi sequestrado na madrugada de ontem. No momento que eu liguei o celular, ele reiniciou e já foi para a mão dos bandidos de novo. Estou aqui na frente da loja da MacStore, com o telefone desligado, esperando a loja abrir para resolver isso”, contou na manhã de hoje.
Rigon só está tomando as providências nesta terça-feira (21/11) porque segunda-feira foi feriado no Rio de Janeiro, em homenagem ao Dia da Consciência Negra.
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