Uma ríspida troca de farpas entre o jornalista e blogueiro Angelo Rigon e o vereador denunciado Homero Marchese (PV) marcou a sétima reunião da Comissão Processante da Câmara de Maringá na tarde desta quarta-feira (1).
Já no início do depoimento, ao ser questionado pelo presidente da CP, vereador William Gentil (PTB), se tinha interesse na causa, Rigon respondeu que sim, pois foi o autor da denúncia contra Marchese no Ministério Público (MP) por infringir a lei municipal da Ficha Limpa.
A denúncia investigada na Promotoria de Proteção do Patrimônio Público se refere a nomeação do jornalista Ézio Ribeirete, condenado judicialmente por órgão colegiado, como assessor do vereador Marchese.
A repercussão do inquérito do MP levou Ribeirete – que também depôs na mesma reunião – a pedir exoneração do cargo. Diante do interesse de Rigon na causa, ele ficou impedido de depor como testemunha arrolada pela defesa.
Falou como informante. Sem prestar juramento, as declarações não farão parte do processo que pode levar à cassação do vereador. Marchese começou perguntando a Rigon qual era a sua atividade profissional.
“Está nos autos”, foi a resposta do jornalista, que tinha à mesa uma pilha de envelopes com as peças do processo envolvendo Ribeirete. O objeto da ação, conforme resumiu Rigon, trata de aplicação de recursos de publicidade durante a gestão Jairo Gianoto.
Na sequência houve uma breve troca de frases pouco amigáveis entre os dois. Em determinado momento, Rigon pergunta se vai ter que “continuar ouvindo esse xarope aí” e, em outro, Marchese pergunta: “Porque você é tão infeliz, Rigon?”.
O jornalista sorriu e respondeu: “Porque eu fui agredido (na sessão que aprovou a abertura da CP) e tive o celular roubado, vereador”.
O caso da agressão motivou a divulgação de uma nota de repúdio por parte do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Ainda durante a participação de Rigon, Marchese leu o ofício do presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PP), a respeito do posicionamento da Procuradoria Jurídica da Casa sobre a legalidade da nomeação de Ézio Ribeirete, que depôs em seguida.
Ao depor, Ribeirete disse que aceitou a nomeação de assessor da Câmara porque já havia sido nomeado para cargos públicos no governo estadual e na Câmara dos Deputados.
Os outros dois depoimentos, tomados no início da reunião, trataram do item da denúncia relativo ao acesso do vereador ao banco de dados sobre a fila para vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil da secretaria de Educação.
Foram ouvidas a presidente do Conselho Municipal de Educação, Silvana Valin de Oliveira, e a professora da rede municipal Sueli Marcelino Ribeiro, que já foi diretora de um CMEI.
Em resumo, a defesa tentou mostrar que os dados divulgados por Marchese não ferem os direitos das crianças e são públicos, pois são informados aos pais dos alunos que procuram vagas nas creches.
Por outro lado, o relator da CP, Carlos Mariucci (PT) fez uma série de perguntas para tentar mostrar que existe irregularidade no ato de acessar dados oficiais sem prévia permissão.
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