O faturamento atual é de R$ 40 mil ao mês, mas foram meses e meses de prejuízo até o negócio engrenar. Com clientes como SBT, Cabify e Alpargatas, a W3lcome, startup de Maringá que trabalha com um sistema de automação para gerenciamento de visitas, tem crescido de 5% a 10% por semana.
Com um mercado nacional de 86 mil grandes empresas como potenciais clientes, a W3lcome é inspirada em um sistema americano, hoje concorrente, que os empresários de Maringá conheceram no Vale do Silício.
“A gente viu as notificações da chegada e saída no celular. A empresa não tinha recepcionista, que lá custa cerca de US$ 5 mil por mês”, relembra o CEO da W3lcome, Gabriel Gratival.
Ele explica que a W3lcome foi criada para resolver o problema das recepções, que por vezes são “departamentos” ineficientes, por não conseguirem dar conta do fluxo ou passarem horas do dia sem alguma atividade específica a ser executada.
A solução revoluciona a dinâmica na recepção de visitantes e elimina as desagradáveis filas. “Ninguém gosta de chegar, entregar documento, esperar a recepção avisar e ficar aguardando. A possibilidade do visitante fazer o check-in antecipado também faz a visita ser mais dinâmica e com uma experiência mais tecnológica, o que transforma a percepção do visitante”, observa.
Criada há dois anos, a startup passou 11 meses desenvolvendo a primeira versão da ferramenta (o MPV), o que na visão de Gratival, foi o maior erro da equipe.
“No final, deu certo, mas deveríamos ter lançado algo muito antes para resolver a dor do cliente”, comenta o CEO. “A gente tinha R$ 8 mil de dívida todo mês e faturava menos de R$ 2 mil. Queimamos dinheiro nos meses de desenvolvimento e nos primeiros meses de venda. Chegamos a montar uma contagem regressiva para a nossa falência”, releva.
A guinada veio com um ajuste na estratégia de venda, que passou a ser entendida dentro de um processo de decisão. Foi preciso mapear e abordar de forma diferente os setores das empresas que poderiam se tornar clientes, como as áreas de marketing, de compras e diretoria.
Hoje são 28 grandes clientes, entre eles o SBT, Cabify, Movile (dona do iFood), Alpargatas (grupo dono das Havaianas), Olist, Sancor Seguros e Sicoob.
Em julho de 2019, quando o case da W3lcome foi apresentado em reportagem do Maringá Post, eram 18 grandes clientes pelo Brasil.
No último mês, a startup superou 50 mil cadastros de visitantes nas recepções utilizando o sistema da W3lcome, com direito a contagem progressiva e comemoração com o time.
Se um dia a luta foi para não desistir da ideia, hoje o foco está em ser referência na América Latina. O faturamento de R$ 40 mil ao mês é considerável, mas o objetivo é manter o crescimento da startup entre 5% a 10% por semana, o que significa conquistar de um a dois clientes no período.
“A meta ambiciosa pode nos levar a crescer 20 vezes no ano, num planejamento conservador”, frisa Gratival. O que não deve crescer tão rápido é o tamanho equipe, atualmente com oito pessoas. E isso é estratégico.
Segundo o empreendedor, que aprendeu essa lição no Vale do Silício, acontece com frequência de startups inflarem após a entrada de investimento, gerando estagnação.
“Temos certeza que estamos com os melhores do mercado e trabalhamos para reter esses talentos. Realizamos novas contratações apenas quando está todo mundo de cabelo em pé de tanto trabalho”.
Em analogia a jogos eletrônicos, Gratival diz que as startups já começam pelo “chefão”, ou seja, pela fase mais difícil, quando não se tem experiência, mas é preciso realizar tudo. Isso exige dedicação dos sócios e equipe.
O CEO, sozinho, dedica cerca de 15 horas por dia estudando desde como contratar e criar uma cultura da empresa até marketing, vendas e questões jurídicas.
Startup de Maringá participa de programa da Evoa
O crescimento da startup veio com a participação em um programa da Evoa, aceleradora maringaense de startups onde a W3lcome está instalada.
“A Evoa ajudou a conquistar os primeiros clientes. Trabalhamos com informações confidenciais, os dados das pessoas que acessam as empresas. A gente não tinha técnica para vender essa solução”, conta Gratival.
O empreendedor destaca que o Sebrae, incentivador da Evoa, esteve presente nessa fase. Além disso, ofereceu participação no programa Capital Empreendedor.
Há mentoria cognitiva e técnica para negociação, para proposta de investimento, sobre como apresentar dados da empresa para atrair investidores. O programa está em andamento e a expectativa é apresentar a ideia para investidores no final.
Segundo o consultor do Sebrae/PR, Nickolas Kretzmann, o caso da W3lcome mostra como entender a lógica do mundo das startups faz diferença. “Saíram do zero para R$ 40 mil de faturamento, em razão da ideia de um negócio mais agressivo”, comenta.
O consultor acrescenta que para entrar nesse mercado é preciso ter perfil arrojado e gostar de correr riscos calculados. “É isso que faz com que em 11 meses uma empresa comece do zero, para em outros 11 alcançar grandes clientes e pensar em ser referência na América Latina, o que pode acontecer daqui a 11 meses”, analisa.
Um investimento de até R$ 40 mil também está à vista. É que a startup foi selecionada entre as 100 ideias, de quase 2.000 inscritas, para participar do Sinapse da Inovação.
O programa, que visa a apoiar o empreendedorismo inovador, é executado pelo Governo do Paraná, por meio da Celepar e Fundação Araucária, com operação da Fundação Certi e apoio do Sebrae/PR e Fiep.
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