Um negócio milionário entre duas ex-concorrentes no mercado nacional de locação e gestão de frotas, firmado em março de 2017, revela agora um forte impacto negativo nas vendas diretas de veículos novos em concessionárias de Maringá. Em algumas revendas mais, em outras menos.
Tudo começou com a fusão da maringaense Auto Ricci e a mineira Locamerica Frotas. No negócio, a Locamerica adquiriu 33,7% do capital da Ricci, criando assim uma companhia com faturamento combinado de R$ 1,126 bilhão por ano, conforme reportagem do jornal Valor da época.
A transação de R$ 53,9 milhões se deu na onda de fusões de locadoras, que teve seu auge em 2016 e 2017, com o objetivo de tornar as empresas mais competitivas. Como as grandes locadoras costumam vender seus veículos com um ano de uso ou 30 mil km rodados, os reflexos locais se deram este ano.
Com a fusão, o maior volume de compras de veículos novos para a nova companhia passou a ser feita em Minas Gerais. Até então, as compras diretas da Ricci se efetivavam nas concessionárias de Maringá, entre as quais a Chevrolet, Ford, Fiat e Volkswagen.
Nenhuma das quatro fontes das revendas dessas marcas em Maringá autorizaram a publicação de seus nomes e tampouco citaram ou confirmaram o nome da locadora que reduziu significativamente suas compras na cidade. Mas confirmaram que houve uma queda nas vendas diretas.
Em uma dessas revendas, a locadora respondia por até 40% das compras diretas. Em outra, não chegava a 10%. A justifica apresentada pelas fontes, tanto no sentido de pedir anonimato como para não revelar os números de vendas que deixaram de ser feitas, se dá “por fidelidade comercial ao cliente”.
Não se pode desconsiderar que a recessão econômica do país derrubou as vendas de veículos, tanto no varejo quanto no atacado, como fazem as grandes locadoras. No entanto, os números do Detran-PR mostram que os emplacamentos de veículos zeros caíram 20% em Maringá.
De janeiro a agosto deste ano, foram emplacados 8.933 veículos novos na cidade, ante 11.257 no mesmo período do ano passado. E mais, contrariando os números de anos anteriores, quando Maringá se destacava positivamente, o Paraná (1%) e o Brasil (14.9%) registraram crescimentos em 2018.
Mesmo sem as compras da locadora, as fontes das concessionárias de Maringá, apontam otimismo e algumas afirmam que as vendas de veículos, particularmente no varejo, estão crescendo. Uma delas, por exemplo, afirmou que este ano vendeu 696 veículos, ante 533 no mesmo período de 2017:
– Alguns grandes compradores não estão comprando mais aqui, mas o mercado de varejo cresceu 10% de delta, comparado com o share de mercado que tínhamos no mesmo período do ano passado e a venda direta cresceu 3,5% de delta.
Outro afirmou que a venda direta de veículos “está estável, nem caiu e nem diminuiu”. O mesmo disse a fonte de outra marca: ”As vendas não cresceram violentamente, mas vêm se mantendo de uma forma positiva, porém lenta. Não tivemos perda de venda, mas não temos um grande incremento”.
A pergunta que fica sem resposta é quanto as vendas de veículos novos estariam crescendo se o grande cliente permanecesse efetuando suas aquisições na cidade. A Ricci e a Locamerica, no entanto, permanecem com o negócio de vendas de seminovos na Avenida das Indústrias, em Maringá.
Em tempo: ainda este mês a Locamerica, que fechou junho com 108,3 mil carros, deverá passar a usar a marca Unidas em todas as suas 218 agências de locação e 81 lojas de seminovos.
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