A relação entre felicidade no trabalho e retenção de talentos

A felicidade no trabalho deixou de ser um “luxo” desejável nas organizações modernas. Hoje, é um fator central para a sustentabilidade empresarial.

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    A felicidade no trabalho deixou de ser um tema periférico ou um “luxo” desejável nas organizações modernas. Hoje, é um fator central para a sustentabilidade empresarial, diretamente relacionado à retenção de talentos, ao clima organizacional e à performance das equipes.

    Empresas que ignoram o bem-estar de seus colaboradores não apenas comprometem seus resultados de curto prazo, como também colocam em risco sua reputação e sua capacidade de atrair e manter profissionais qualificados em um mercado cada vez mais competitivo.

    Felicidade no ambiente corporativo não significa ausência de desafios ou um lugar onde tudo é perfeito. Significa, principalmente, sentido no que se faz, segurança psicológica para atuar, relações saudáveis, reconhecimento pelo trabalho realizado e perspectivas de crescimento pessoal e profissional. Quando os colaboradores percebem que são vistos como seres humanos integrais com emoções, histórias e necessidades e não apenas como peças produtivas dentro de um sistema, o vínculo com a organização se fortalece. Esse vínculo gera lealdade, engajamento, proatividade e, consequentemente, retenção.

    Em contrapartida, ambientes tóxicos, marcados por excesso de pressão, metas inalcançáveis, assédio moral ou falta de escuta, provocam o efeito oposto. Aumentam o turnover, causam adoecimentos silenciosos como a síndrome de burnout e afastam os talentos mais valiosos justamente aqueles que o mercado mais disputa. Dados da Gallup já apontavam que colaboradores infelizes ou desengajados custam bilhões de dólares às economias globais todos os anos. E é diante desse cenário que a discussão sobre saúde emocional no trabalho deixa de ser retórica e ganha respaldo legal e normativo.

    O atual momento que vivemos no Brasil reforça essa urgência. A recente atualização da NR01, Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho, trouxe um marco importante: a inclusão dos riscos psicossociais entre os perigos que precisam ser identificados, avaliados e gerenciados pelas organizações. Com vigência oficial a partir de maio de 2025, e fiscalização educativa pelos 12 meses seguintes, a nova NR-01 exige das empresas uma postura proativa e estratégica em relação à saúde mental no ambiente de trabalho.

    Isso significa que, mais do que cumprir uma obrigação legal, as organizações são chamadas a adotar uma nova cultura: uma gestão baseada no olhar para o ser humano e no entendimento de que saúde emocional e desempenho são partes do mesmo processo. A forma como o trabalho é estruturado, como as lideranças se comunicam, como o reconhecimento é promovido, como as cargas de trabalho são distribuídas, tudo isso deve ser revisto à luz dos riscos psicossociais.

    Falar sobre felicidade no trabalho, portanto, é falar sobre estratégia organizacional. É compreender que esse bem-estar não é subjetivo ou intangível é um indicador concreto da maturidade de uma empresa em lidar com sua cultura, suas relações e sua forma de gerar resultados sustentáveis. Empresas que investem nesse olhar não apenas se alinham à legislação, mas se posicionam de forma mais ética, atrativa e competitiva em um cenário onde as pessoas já não querem apenas trabalhar: querem pertencer e prosperar.

    Nos meus mais de 24 anos de experiência no campo da estratégia, da cultura e da performance humana, tenho direcionado meu trabalho para auxiliar empresários, empreendedores, líderes e profissionais de RH que já entenderam que o desenvolvimento de uma empresa sustentável exige um novo nível de consciência. Uma consciência que olha para o todo, que reconhece a complexidade dos sistemas organizacionais e que assume a responsabilidade de evoluir, não só pelo resultado, mas pelas pessoas que fazem esse resultado acontecer todos os dias. É com esse compromisso que desenvolvo mentorias, formações e conselhos, buscando gerar impacto real e coerente dentro das organizações.

    O pensamento sistêmico complexo organizacional, que fundamenta minha abordagem, não é uma teoria distante da prática empresarial. Pelo contrário, ele é o alicerce que permite compreender como cultura, estratégia, processos, pessoas e ambiente interagem continuamente. Ao enxergar a empresa como um ecossistema vivo, e não como uma máquina fragmentada, abrimos espaço para decisões mais conscientes, lideranças mais preparadas, times mais saudáveis e resultados verdadeiramente sustentáveis. E é para construir essas empresas que sigo, diariamente, trabalhando com propósito.

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