A batida forte e vigorosa nos tambores pode ser com as mãos ou com baquetas. A arte japonesa do Taikô tem o poder de colocar músicos e público em sintonia, é impossível para quem prestigia uma apresentação dessas não sentir a vibração que vem da música. Em Maringá, o grupo Wakadaiko da Associação Cultural e Esportiva da cidade (Acema) é o responsável por dar continuidade à tradição oriental.
Com 15 anos de existência e uma longa lista de apresentações no currículo, o grupo é formado por 36 jovens com idade entre 10 e 24 anos. Esse é o perfil dos jovens tocadores, mas também integram a equipe 26 casais de pais que participam dando apoio ao grupo e às vezes arriscam umas batidas.
“É mais difícil convencer os mais velhos a pegar as baquetas e tocar, mas são eles que fazem todo o trabalho voluntário necessário para a continuidade das nossas atividades com o Taikô”, relata o vice-presidente do grupo, José Luís Yamashita. As aulas são gratuitas e o trabalho voluntário citado por Yamashita são as ações de arrecadação de fundos para os eventos e viagens do Wakadaiko.
Esse envolvimento entre jovens e adultos é algo muito profundo e valorizado dentro da cultura japonesa. Yamashita conta que além de dar continuidade à arte do Taikô, o grupo tem como objetivo preservar os princípios que vêm do Japão, como disciplina, ordem, rigor, respeito e dedicação. “O respeito aos mais velhos é fundamental e as crianças chamam todos os adultos do grupo de ‘tios’, é uma forma de demonstrar esse respeito”, diz.
A educação das crianças e jovens do grupo pode ser vista durante as refeições, quando eles agradecem pelo alimento, depois a quem fez o preparo, sempre sem gritaria ou bagunça. “Durante os ensaios, não se vê crianças dispersas ou conversando umas com as outras. O Taikô exige concentração e é essa disciplina que faz, por exemplo, com que nossos jovens não se envolvam com drogas”, acredita Yamashita.
Os ensaios do grupo são sempre aos sábados, das 14 às 19h, na Acema. A concentração é indispensável para a prática do Taikô, que Yamashita não considera difícil, apesar de relatar que há oito meses o grupo treina uma música que não está totalmente dominada. Para ele, é a dedicação e o rigor nos treinos que traz o resultado visto nas apresentações.
O nome do grupo, Wakadaiko, pode ser traduzido como “Tambor Jovem” e surgiu a partir de um grupo de senhores que praticavam Abare Daiko, uma outra modalidade de tambor japonês. Eles sentiram a necessidade de criar um grupo jovem que tocasse o Taikô em Maringá e foram os responsáveis pela criação do trabalho cultural.
Em 2018, o grupo viajou para se apresentar no Rio de Janeiro, em Florianópolis e em Bastos, no interior de São Paulo, além de fazer apresentações em cidades da região. A apresentação mais marcante para o grupo foi a recepção à princesa japonesa, Mako de Akishino, que veio à Maringá em julho para a Expo Imin, que comemorou 110 anos da imigração dos japoneses ao Brasil.
Festival internacional
Em 2019, logo no início do ano, o grupo Wakadaiko já tem um compromisso importante. O XIV Kawasuji Fest vai reunir em Maringá mais de 700 tocadores de Taikô de todo o Brasil e do Paraguai. Vão ser dois dias de evento, no primeiro os grupos vão participar de uma oficina com tocadores de Taikô profissionais, vindos do Japão, e no segundo eles se apresentam no salão social da Acema com entrada gratuita para quem quiser prestigiar.
O festival vai ser nos dias 19 e 20/1, a partir da 9h. Além dos músicos, familiares e organizadores devem contabilizar 900 pessoas reunidas para o evento. As refeições para todo o grupo vão ser feitas pelos pais dos tocadores do grupo Wakadaiko.
Para fazer parte do grupo de Taikô é necessário ser associado da Acema e ter entre 8 e 22 anos.
Serviço
XIV Kawasuji Fest
Data: 19 e 20/1
Horário: das 9 horas às 18 horas
Local: salão social da Acema
Entrada: gratuita
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