Com exposição marcada no Japão, Carlos Kubo reúne principais obras em shopping de Maringá para homenagear 110 anos da imigração japonesa no Brasil

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Histórias do Japão que envolvem os 110 anos da imigração japonesa no Brasil são contadas dentro de um espaço montado no Maringá Park Shopping Center. A exposição do artista Carlos Kubo, ascendente japonês que se considera um típico brasileiro, reúne 18 obras que compõem o acervo do artista.

Na série chamada “1000 Tsurus by Kubo”, estão pinturas, esculturas e giclées, obras de arte impressas a jato de tinta sobre papéis com mais qualidade. O espaço ficará aberto para visitação até 1º de julho, na praça de eventos localizada no terceiro piso do shopping.

Com exposições nos Estados Unidos e, claro, no Japão, Carlos Kubo de 68 anos, reuniu todos os temas que costuma pintar e as lendas japonesas. Filho de Missao Kubo e Wase Kubo, que chegaram no Brasil em 1927, Carlos Kubo nasceu em Lins, interior de São Paulo e há cerca de quatro anos mora em Londrina.

Mesmo com fortes traços japoneses, ele se considera mais brasileiro. Kubo conta que já tentou abordar outros temas nas obras, mas que “o DNA é mais forte”. Nas produções, ele une a ascendência japonesa e a brasilidade com uso de cores fortes e tropicais.

“Assim como a fala tem um sotaque, por mais que falo japonês tenho um sotaque absurdo, minha pintura também tem esse sotaque estrangeiro. Mas não tem país melhor que o Brasil”, diz ele ao definir seu estilo.

Artista desde que “se entende por gente”

Para ele, essa história que é artista há mais de 45 anos não é realmente verdadeira. Carlos Kubo considera-se artista desde pequeno. Influenciado pelo pai que era poeta, ele cresceu em meio a rimas e versos: “Sempre tive na cabeça que seria um desenhista ou pintor. Nunca tive problema em escolher qual seria a faculdade, já sabia o que queria.”

O artista revela que quando era criança vivia em um conflito: dentro de casa era japonês e na rua brasileiro. Mesmo com atelier no Japão, Kubo nunca morou no país, o máximo que ficou por lá foi 90 dias. Nesse período, o sentimento de brasilidade ecoava mais alto cada vez que via uma bandeira verde e amarela.

Durante a exposição, além de aprende um pouco sobre a cultura japonesa, os vistantes poderão ter uma ideia da vida de Carlos Kubo: cada obra expressa uma fase diferente da vida dele.

“Anteriormente só pintava com tinta a óleo e pincel. Na exposição, tenho um trabalho antigo bem lisinho, do tempo que ficava preso a detalhes e era retraído interiormente. Comecei a usar a espátula e veio essa liberdade. O ser interior é que dirá como será a pintura”, diz Kubo.

Carlos Kubo e os lendários pássaros tsurus

A terceira exposição de Kubo em Maringá, tem como tema principal a lenda japonesa sobre os tsurus, pássaros que representam felicidade e longevidade. No Japão, é comum durante nascimentos ou casamentos, presentar mil tsurus de origami, o que equivale desejar mil alegrias.

Na exposição em Maringá, são quatro tsurus de chapa de ferro na cor branca, sempre simbolizando a paz. Outra história japonesa que Kubo quer manter viva é de Sadako Sasaki, uma das crianças vítimas da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki.

Dez anos após ter sobrevivido ao bombardeio, Sadako descobriu que estava com leucemia e conheceu a lenda dos mil tsusrus. A menina resolveu fazer mil origamis na expectativa que se curasse da doença.

Porém, aos 12 anos, Sadako morreu e os colegas dobraram os pássaros que faltavam para serem enterrados com ela. Dois anos após a morte de Sadako, foi concluído o Monumento da Paz às Crianças em Hiroshima e, até hoje, cartas e tsurus do mundo inteiro chegam lá.

Com exposição marcada para outubro no Museu de Quioto no Japão, o objetivo de Kubo é conseguir montar uma força tarefa em Maringá e outras cidades para confeccionar mil tsurus e levar à Sadako.

“Essa filosofia é muito bonita, cabe bem para o ser humano. Primeiro para que nunca mais aconteça esse tipo de bomba atômica e a outra a doação, de pensar no próximo”, afirma.

Os planos de Kubo não param por aí, o artista também quer confeccionar mil esculturas de tsurus e espalhar por cidades brasileiras. Dessas esculturas, uma já tem destino certo e deve ficar em Quioto.

Confira outras obras do artista: 


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