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Entre a dor da Sexta-feira Santa e a esperança do Domingo de Páscoa, o Sábado de Aleluia ocupa um espaço de silêncio, esperança e expectativa na tradição cristã. Trata-se de um dia de transição, marcado pela reflexão sobre a morte de Jesus Cristo e pela esperança de sua ressurreição, que será celebrada no domingo.
A expressão “aleluia” é um termo hebraico que significa “louvai ao Senhor”, mas, curiosamente, esse é justamente o dia em que essa palavra ainda não é pronunciada na liturgia católica. Durante o Sábado de Aleluia, as igrejas permanecem em silêncio, os altares ficam desnudados, e não há celebrações eucarísticas durante o dia. É uma espera solene, que culmina à noite com a celebração da Vigília Pascal.
Essa vigília é considerada a mais importante de todo o calendário litúrgico cristão. Ela é celebrada no início da noite de sábado ou nas primeiras horas do domingo, marcando a passagem das trevas para a luz com a ressurreição de Cristo. A cerimônia costuma começar com a bênção do fogo novo, acendimento do Círio Pascal, leituras bíblicas que relembram a história da salvação, e culmina com a celebração da Eucaristia.
Além do significado litúrgico, o Sábado de Aleluia também abriga uma tradição popular curiosa: o “malhar o Judas”. Presente em várias regiões do Brasil e em alguns países da América Latina, esse costume consiste em confeccionar bonecos representando Judas Iscariotes, o apóstolo que traiu Jesus, e destruí-los em público. A prática mistura elementos religiosos, folclóricos e políticos, sendo muitas vezes usada para criticar figuras públicas.
Embora o malhar do Judas seja controverso dentro da tradição religiosa, por estimular a vingança e a execração pública, ele mostra como o Sábado de Aleluia também foi se tornando um espaço de expressão cultural e crítica social em diversas comunidades.
Assim, o Sábado de Aleluia carrega uma rica combinação de silêncio espiritual e efervescência popular. É o último momento da Semana Santa antes da alegria da Páscoa, um dia que convida à contemplação, mas também à compreensão das diferentes formas de viver e interpretar a fé.