Pela primeira vez, creches têm mais crianças negras do que brancas no Brasil

Censo Escolar do MEC aponta aumento significativo na presença de crianças negras nas creches públicas; especialistas destacam avanço, mas alertam para estagnação nas matrículas e necessidade de políticas de inclusão.

  • Tempo estimado de leitura: 2 minutos

    Pela primeira vez, a proporção de crianças negras matriculadas em creches brasileiras superou a de crianças brancas. Segundo o Censo Escolar 2024, divulgado nesta quarta-feira (9) pelo Ministério da Educação (MEC), 40,2% das matrículas são de crianças negras, contra 38,3% de brancas.

    O avanço foi mais evidente nas creches públicas, onde a participação de crianças negras passou de 38% para 45%. Para Mariana Luz, presidente da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, o dado é histórico, mas ainda insuficiente diante das desigualdades sociais que atingem essa parcela da população.

    Ela destaca que, apesar do crescimento, é preciso uma busca ativa por essas crianças para garantir o direito à educação. A etapa da creche, embora não obrigatória, é considerada crucial para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional.

    O Censo também mostra que 66% das crianças frequentam creches públicas e que 59% delas estão em tempo integral. Ainda assim, o ritmo de expansão nas matrículas está estagnado. A meta do Plano Nacional de Educação é alcançar 50% de cobertura, mas o índice atual está em 38,7%.

    Na pré-escola, houve uma leve queda de 0,6% nas matrículas, o que preocupa especialistas. Segundo Mariana Luz, são justamente as crianças em maior vulnerabilidade socioeconômica que mais se beneficiariam da presença na escola.

    A responsabilidade pela educação infantil é dos municípios, mas especialistas defendem ações integradas entre União, estados e prefeituras para garantir infraestrutura, professores capacitados e políticas públicas que reduzam as desigualdades na infância.

    Comentários estão fechados.