Brasil tem 40% do lixo descartado de forma irregular, aponta estudo

O estudo também revela que o Brasil não teve avanço significativo na disposição final ambientalmente adequada dos resíduos.

  • Foto: Sema / Divulgação

    Um estudo da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA) mostra que o Brasil ainda não cumpre a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que prevê a universalização do manejo adequado dos resíduos e a erradicação dos lixões até 2024. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023, cerca de 33,3 milhões de toneladas de lixo tiveram destinação inadequada em 2022, o que representa quase 40% de todo o lixo produzido no país.

    Esse volume de lixo equivale a 11.362 piscinas olímpicas ou 233 estádios do Maracanã cheios de resíduos que foram parar em locais como lixões, valas, terrenos baldios e córregos urbanos, trazendo riscos para a saúde pública e o meio ambiente. Desse total, 27,9 milhões de toneladas foram para os mais de 3 mil lixões que ainda existem no país, apesar de serem ilegais. Outras 5,3 milhões de toneladas foram descartadas incorretamente pela população que não tem acesso a nenhum serviço de coleta.

    O presidente da ABREMA, Pedro Maranhão, explica que o local mais adequado para o recebimento dos resíduos é o aterro sanitário, que é uma obra de engenharia com sistemas de proteção ambiental e monitoramento permanente. Ele diz que os lixões e áreas similares não têm essa proteção e são uma ameaça para a sociedade e a natureza.

    O estudo também revela que o Brasil não teve avanço significativo na disposição final ambientalmente adequada dos resíduos. O percentual de lixo enviado para aterros sanitários passou de 60,5% em 2021 para 61,1% em 2022, o que corresponde a 43,8 milhões de toneladas. No país, 39% do lixo coletado em 2022 foi para locais irregulares.

    As regiões Sul e Sudeste foram as que mais destinaram o lixo de forma adequada, com mais de 70%. As regiões Norte e Nordeste foram as que menos destinaram, com cerca de 36%. O Centro-Oeste ficou com 43,6%.

    O resultado é ainda pior na coleta seletiva porta a porta, que atende somente 14,7% da população brasileira, segundo dados do SNIS 2021. A região Sul tem o melhor índice, com 31,9%, e a região Nordeste tem o pior, com 1,9%.

    O Panorama também mostra a geração e o manejo de resíduos no país em 2022. Foram gerados 77,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, o que significa mais de 211 mil toneladas por dia ou 380 kg por habitante no ano. Em média, cada brasileiro produz 1,04 kg de lixo por dia, número que representa uma redução.

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