Novos aplicativos usam inteligência artificial para criar imagens nuas falsas, aumentando riscos para mulheres

A ascensão preocupante de apps que ‘despem’ pessoas em fotos coloca a segurança e a privacidade das mulheres em perigo.

  • A era digital trouxe consigo uma gama de ferramentas de inteligência artificial que, embora impressionantes, podem ser usadas para fins nefastos. Uma aplicação particularmente invasiva tem ganhado destaque: programas que, com poucos cliques, são capazes de simular pessoas, especialmente mulheres, sem roupas, usando suas fotos vestidas como ponto de partida. Este tipo de tecnologia apresenta um perigo iminente e já está causando alvoroço e consequências legais no Brasil.

    Estes aplicativos funcionam de maneira alarmantemente simples: escolhe-se uma foto de uma pessoa vestida e, em instantes, a IA gera uma versão dela nua. Essa prática começou a se popularizar com um app chamado DeepNude, que chegou ao conhecimento do público em 2019. Sua rápida viralização levou o desenvolvedor a interromper as vendas, alegando que a sociedade não estava pronta para tal ferramenta, apesar de medidas ineficazes para conter sua disseminação.

    Desde então, o mercado viu a proliferação dessas aplicações. Publicações internacionais já relataram a existência de dezenas de aplicativos capazes de produzir imagens falsas convincentes. No Brasil, o uso desses apps tem resultado em casos jurídicos alarmantes. Relatos de vítimas de perseguição e vingança digital têm surgido, envolvendo desde a criação de perfis falsos em redes sociais até ameaças de divulgação de imagens íntimas manipuladas.

    Especialistas em direito digital, como Marina Affonso Silva, têm lidado com essas questões em tribunais, buscando remover conteúdos prejudiciais e proteger a identidade das vítimas. Embora alguns casos possam ser resolvidos fora dos tribunais, o medo da exposição e o potencial agravamento da situação — conhecido como Efeito Streisand — são preocupações constantes.

    Além disso, há um temor crescente entre especialistas de que a evolução da inteligência artificial possa levar à criação e distribuição facilitada de vídeos pornográficos ultrarrealistas sem o consentimento das pessoas retratadas. O impacto desse avanço tecnológico pode ser especialmente nocivo em sociedades onde as mulheres já enfrentam diversas formas de violência – como é o caso do Brasil.

    Foto: Freepik

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